A 15a edição do programa de Microbolsas da Agência Pública divulga hoje (16 de maio) os cinco projetos selecionados pelo edital para repórteres indígenas. As cinco propostas vencedoras ganharão bolsas de R$ 7.500 para produzir a reportagem, com mentoria e edição da Pública.
As inscrições vencedoras foram escolhidas pela Agência Pública, considerando a originalidade e relevância da pauta, bem como o caráter jornalístico da proposta, além de consistência na pré-apuração, segurança e viabilidade da investigação e os recursos e métodos jornalísticos propostos. Foi ainda levada em conta a experiência demonstrada pelos candidatos para levar a cabo seus projetos. Também consideramos critérios de diversidade regional e temática. Foram selecionados comunicadores indígenas do Amazonas, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Veja abaixo os selecionados:
- Moisés Luis da Silva (povo Baniwa – Alto Rio Negro – Amazonas) – Residente em comunidade no entorno de São Gabriel da Cachoeira (AM), o cineasta, fotógrafo e comunicador indígena trabalha desde 2010 com documentários, envolvendo os 23 povos da região do Rio Negro. É integrante da Rede Wayuri de Comunicadores Indígenas, criada em 2017, ligada à Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). Em 2019, participou de intercâmbio com o programa Profissão Repórter, da TV Globo.
- Márcia Nunes Maciel, Tanã Mura, Marlon Mura, Pedro Mura, Iremar Antônio Ferreira (povo Mura – Rondônia) – Escritora, arte-educadora e historiadora, Márcia atuou como professora nas comunidades indígenas e ribeirinhas da região do rio Madeira. Mestre em Cultura e Sociedade na Amazônia, pela Universidade Federal do Amazonas, é também doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Junto com os demais integrantes da equipe, compõe o Coletivo Mura de Porto Velho. Dentre os demais participantes, Tanã atuou em projetos de audiovisual e Iremar, no rádio, junto ao programa Vozes da Amazônia (Rádio Caiari).
- Kamatxi Ikpeng e Kuyatapu Dunga Ikpeng (povo Ikpeng – Parque Indígena Xingu – Mato Grosso) – Convivendo desde menino com documentaristas do projeto Vídeo nas Aldeias, que visitaram sua comunidade e formaram cineastas indígenas na região, Kamatxi aprendeu com seus companheiros a manejar os equipamentos de vídeo, gravando festas e rituais. Integrou a Casa de Cultura Ikpeng Mawo, fundada em 2009, onde se tornou cineasta. Desde então, participou da equipe técnica de diversos documentários. Em 2019, realizou estágio para formação audiovisual em Cuba. Kuyatapu tem sido parceiro de Kamatxi em diversos projetos e integra a Casa de Cultura Ikpeng Mawo desde 2014.
- Luan Iturve Rodrigues e Valdineia Jorge Aquino (povo Guarani-Kaiowá – Mato Grosso do Sul) –Atualmente residente na Reserva Indígena de Dourados, Luan, da etnia guarani, chegou a trabalhar como servente de pedreiro na cidade e na capina de terrenos baldios, até ingressar como bolsista no curso de Ciências Sociais na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em 2018. Após o ingresso na academia, passou a se dedicar à música e ao cinema. Já realizou diversos trabalhos na área do audiovisual, não só como ator, mas também técnico de som, assistente de direção e produtor. Valdineia, kaiowá, atualmente mora na Terra Indígena Panambizinho (Dourados-MS). É professora na Escola Municipal Pai Chiquito e conselheira na Kuñangue Aty Guasu – a Grande Assembleia das Mulheres Indígenas Kaiowá e Guarani –, atuando na área de comunicação da entidade.
- Takelson Pereira Vasques, Isanildo Moçambite, Jeane Pinheiro Fernandes, Larissa Thomas Vasques e Gerson Paulo Fernandes (povo Ticuna – Alto Solimões – Amazonas) – Residentes nas comunidades indígenas Filadélfia e Bom Caminho, os jovens ticuna integram a Rede de Jovens Indígenas Comunicadores do Alto Rio Solimões (Rejicars), dedicada a projetos regionais de comunicação que integrem as cerca de 160 aldeias deste que é o maior povo indígena existente no Brasil atualmente. A Rejicars já trabalhou em parceria com entidades como o Museu do Índio (MI-Funai), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A rede tem apoio do Conselho Geral da Tribo Ticuna (CGTT) e da Associação das Mulheres Indígenas Ticuna (Amit).