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As big techs foram as “convidadas de honra” no seminário do PL de Bolsonaro

21 de fevereiro de 2025
18:01

No 1º Seminário Nacional de Comunicação, o Partido Liberal pregou a “união” entre o grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as “maiores big techs do mundo”, anunciadas como convidadas de honra do evento realizado em Brasília nesta semana. 

A participação da Meta, Google, TikTok, X e Kwai na programação foi orgulhosamente divulgada da entrada do evento até o palco. Frases impressas em grandes banners e projetadas em painéis digitais como “as maiores big techs do mundo com o maior partido do Brasil” e “o Partido Liberal e as big techs unidos pela liberdade de expressão” estavam espalhadas pelo evento. 

Entre as cinco empresas convidadas, o X, do bilionário Elon Musk, fez a fala mais “política”, com a chefe de políticas públicas, Gabriela Salomão, ressaltando a defesa da liberdade de expressão como “inegociável”, o que gerou uma onda de aplausos. “O X acredita que a liberdade é para dar a todos uma voz, confiando no debate para filtrar essas ideias”, disse Salomão. Quando questionada por um integrante da plateia sobre a garantia que os usuários teriam de que não seriam “perseguidos” pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Salomão disse que o X “respeita as leis locais”. No ano passado, a plataforma ficou 40 dias fora do ar por não cumprir a legislação brasileira. 

Na vez da representante da Meta, Lilian Estevanato, a gerente de governos e políticos da plataforma falou sobre como melhorar o alcance de publicações, regras e segurança. Ao tratar de vídeos, Estevanato fez uma piada com a publicação que alimentou a desinformação sobre uma suposta taxação do Pix, de autoria do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). “São as melhores práticas, mas não são as únicas, esse partido aqui inclusive teve recentemente um caso de um vídeo que não foi de 15 segundos e foi um estouro. Vocês lembram, né?” – nessa hora, o público aplaudiu e gritou o nome do deputado. 

A plateia bolsonarista só não gostou quando a palestrante do Google mostrou um vídeo do presidente francês, Emmanuel Macron, citando-o como exemplo de conteúdo de fácil edição para o YouTube. “Comuna” e “fora comunista” foram os gritos que ecoaram da plateia. 

Focados em vídeos, TikTok e Kwai fizeram apresentações técnicas sobre os recursos de suas redes e falaram sobre como amplificar o alcance de conteúdos para a plateia de um partido em que metade dos seus políticos figura entre os que mais espalham desinformação no Brasil.

Além das big techs, falaram no evento o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e os líderes do partido na Câmara e no Senado, além de deputados estaduais e vereadores. 

Big techs em verde e amarelo

Um dos banners que abordava a “união” entre as empresas e o PL foi retirado do auditório durante a tarde do primeiro dia de seminário. A frase, entretanto, foi repetida em um telão digital na área de convivência do evento. Em um dos materiais de divulgação, as empresas chegaram a ser citadas como “parceiras”, em vez de simples participantes do seminário – a primeira versão do cartaz de divulgação do encontro também citava as big techs como parceiras, mas o termo foi trocado quando o material se tornou público. 

Ao longo do seminário de dois dias, as frequentes citações às empresas compartilharam espaço com imagens de Jair e Michelle Bolsonaro, em um ambiente decorado nas cores da bandeira do Brasil. Nos intervalos entre as palestras, tocavam músicas bolsonaristas, com críticas aos ministros do STF, à esquerda e à população trans. Enquanto aguardavam o início da palestra da Meta, a última big tech a falar, a plateia gritava pela volta do Bolsonaro, que está inelegível por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A Agência Pública questionou as empresas participantes se a retirada do banner sobre a união com o PL se deu a pedido das big techs. A Meta afirmou que “a comunicação visual do evento é de responsabilidade de seus organizadores” e negou qualquer interferência. A empresa disse também que sua participação teve como objetivo “capacitar as equipes de partidos políticos sobre boas práticas” e que esse trabalho tem sido feito há anos com outros partidos. 

As outras plataformas e o PL não responderam sobre o motivo da remoção da peça até a publicação desta matéria.

Edição:
Laura Scofield/Agência Pública

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