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Votos da base aliada de Lula garantiram aprovação da PEC da Blindagem na Câmara

17 de setembro de 2025
18:00

Aprovada em dois turnos pela Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, 16 de setembro, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Blindagem não teria sido aprovada sem os votos da base aliada do governo Lula (PT). A aprovação se deu em primeiro turno com 353 votos a favor, contra 134 opostos e, em segundo turno, com 344 aprovações a 133 negativas. Para seguir para o Senado, a PEC dependia de 308 votos.

Mesmo sendo uma articulação do grupo de parlamentares conhecido como Centrão, entre aqueles favoráveis à PEC estavam 48 deputados federais dos partidos que compõem a base do governo Lula (veja nomes e partidos abaixo). Ou seja, sem a base aliada, no primeiro turno, seriam 305 votos a favor da PEC e 296 no segundo turno – o que faria o projeto não avançar na Câmara.

Entre os partidos da base do governo Lula, apenas o PCdoB, o PSOL e a Rede votaram integralmente contra a PEC. Além deles, apenas um outro partido votou contra a PEC com todos os seus parlamentares presentes à sessão, o Novo. O próprio PT teve 12 votos a favor, 51 contrários e 4 deputados ausentes. Com 17 deputados, o PSB teve 9 votos favoráveis e um ausente.

Solidariedade, PV e Cidadania, tiveram 7 votos a favor da PEC, cinco opostos e um deputado ausente. Os três partidos têm 5, 4 e 4 deputados federais respectivamente. Também estão entre os partidos aliados do governo de Lula, o Podemos e o Avante. Esses tiveram uma concordância expressiva com a PEC da blindagem. Entre os 7 parlamentares do Avante, 6 votaram pela aprovação da Proposta e no Podemos, 14 dos 17 deputados também foram favoráveis.

Se o PDT estivesse ainda oficialmente na base do governo Lula, o número seria ainda maior, tendo em vista que dos 16 pedetistas, 10 também aprovaram a PEC. O mesmo pode ser dito em relação ao União Brasil, e ao Progressistas, que desembarcaram da base no início de setembro. Juntos, garantiram 99 votos a favor da Proposta, 53 do União e 46 do PP.

A reportagem buscou os deputados do PT José Guimarães, líder do governo na Câmara, e Arlindo Chinaglia, líder da minoria, para comentar a participação da base aliada na aprovação da PEC, mas não obteve resposta. Um deputado da base governista, entretanto, afirmou à Agência Pública, em condição de anonimato, que votou contra a PEC e foi acionado por Hugo Motta para votar a favor. Motta teria reforçado que estava ligando a mais parlamentares para que mudassem seu voto, incluindo os petistas.

Entre as justificativas para o voto aprovando a PEC, parlamentares do PT chegaram a citar um acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta, para barrar a proposta de ampla anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e demais condenados do 8 de janeiro.

Políticos do PT afirmaram que voto a favor da PEC da Blindagem envolveu estratégia para barrar anistia a Bolsonaro

Entenda a PEC da blindagem

A PEC da blindagem retoma a necessidade de uma autorização da Casa Legislativa para que deputados e senadores sejam processados criminalmente. A regra já existiu no Brasil, de 1988 a 2001, quando foi derrubada por pressão popular diante de casos de impunidade de parlamentares.

O texto atual, no entanto, amplia a proteção aos parlamentares porque abre a possibilidade de processos na esfera cível também passarem pelo Congresso. Nos casos de prisão em flagrante, atualmente definidos pelo texto constitucional, a proposta também apresenta novidades, incluindo a necessidade de aprovação dos colegas. Além disso, após uma manobra feita pela Câmara dos deputados nesta quarta-feira,17 de setembro, a votação para aprovar ou não o processo, passou a ser secreta, em até 90 dias, segundo a PEC.

Outra novidade do texto foi a inclusão dos presidentes de partido na regra, mesmo que não estejam cumprindo mandato no momento da solicitação de abertura de processo. Agora o texto segue para análise do Senado. Caso seja aprovado, será sancionado pelo Congresso Nacional, sem possibilidade de veto presidencial.

Deputados da base aliada que votaram a favor da PEC no 1º turno

Avante

  • Bruno Farias – MG
  • Delegada Ione – MG
  • Greyce Elias – MG
  • Luis Tibé – MG
  • Neto Carletto – BA
  • Waldemar Oliveira – PE

Cidadania

  • Alex Manente – SP
  • Any Ortiz – RS
  • Arnaldo Jardim – SP

Podemos

  • Bruno Ganem – SP
  • Dr Victor Linhalis – ES
  • Enf. Ana Paula – CE
  • Fábio Macedo – MA
  • Mauricio Marcon – RS
  • Nely Aquino – MG
  • Rafael Fera – RO
  • Raimundo Costa – BA
  • Renata Abreu – SP
  • Rodrigo Gambale – SP
  • Romero Rodrigues – PB
  • Samuel Santos – GO
  • Sargento Portugal – RJ
  • Tiago Dimas – TO

PSB

  • Eriberto Medeiros – PE
  • Felipe Carreras – PE
  • Gervásio Maia – PB
  • Guilherme Uchoa – PE
  • Jonas Donizette – SP
  • Júnior Mano – CE
  • Lucas Ramos – PE
  • Paulo Folletto – ES
  • Pedro Campos – PE

PT

  • Airton Faleiro – PA
  • Alfredinho – SP
  • Dilvanda Faro – PA
  • Dr. Francisco – PI
  • Flávio Nogueira – PI
  • Florentino Neto – PI
  • Jilmar Tatto – SP
  • Kiko Celeguim – SP
  • Leonardo Monteiro – MG
  • Merlong Solano – PI
  • Odair Cunha – MG
  • Paulo Guedes – MG

PV

  • Aliel Machado – PR
  • Bacelar – BA

Solidariedade

  • Aureo Ribeiro – RJ
  • Paulinho da Força – SP
Edição:
Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

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