A guerra por controle remoto dos Estados Unidos no Paquistão atingiu um novo marco no último sábado com o 300º ataque feito por um avião não-tripulado contra supostos militantes nas regiões tribais, de acordo com uma investigação do Bureau of Investigative Journalism, parceiro da Pública.
Pouco antes de amanhecer, aviões não-tripulados da CIA atacaram um complexo residencial em Angor Adda, no Waziristão do Sul. Calcula-se que seis supostos militantes morreram no ataque, que feriu outras três pessoas.
Os mortos estariam ligados ao militante talibã Maulvi Nazir, visto como hostil aos EUA, embora mantenha um acordo de paz no Paquistão.
Foi o quarto ataque por controle remoto da CIA em 48 horas.
Na sexta-feira, mais de 2 mil pessoas compareceram ao funeral de Maulana Iftiqar, diretor de uma escola islâmica local – e suposto jihadista – morto em um ataque na quinta-feira passada.
Um político local afirmou aos presentes que “Os Estados Unidos deveriam perceber que esse ataques estão gerando uma enorme revolta, e ver as milhares de pessoas que vieram ao funeral de um verdadeiro mártir”
Trezentos ataques
O Bureau identificou até agora 300 ataques por aviões sem tripulantes desde 2004. Destes, 248 ocorreram durante a presidência de Obama, ou seja, um ataque a cada quatro dias.
De acordo com uma análise detalhada dos ataques, pelo menos 2.318 pessoas foram assassinadas pela CIA.
A maioria é supostamente de militantes. Mas entre 386 e 775 civis foram mortos, incluindo mais de 170 crianças. Além disso, pelo menos 1.100 pessoas foram feridas.
A CIA recentemente admitiu a morte de 2.050 pessoas em ataques conduzidos por aviões sem tripulação – segundo a CIA, apenas 50 eram civis.
Porém, o Bureau publicou uma extensa base de dados comprovando o contrario.
Os Estados Unidos afirmam não ter matado nenhum civil no Paquistão desde maio de 2010.
A base de dados coletada pelo Bureau consiste em um compilado de relatos publicados por fontes como a AP, Reuters, New York Times e a mídia paquistanesa.
Quando possível, os dados foram cruzados com documentos da inteligência e da diplomacia americana, com textos de acadêmicos, agentes da inteligência e políticos, além de pesquisa em campo no Waziristão.
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