Buscar
Agência de jornalismo investigativo
Reportagem

O dia em que a CPI protegeu Cunha

Ao prestar depoimento na CPI da Petrobras, no início do ano, o presidente da Câmara foi elogiado e chamado de “homem de Deus”; veja o que os parlamentares disseram durante a sessão

Reportagem
27 de outubro de 2015
15:03
Este artigo tem mais de 9 ano

Deputados presentes no depoimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, (PMDB-RJ) na CPI da Petrobras, em 12 de março, preferiram elogiá-lo a fazer questionamentos sobre as acusações que pesam contra ele nas investigações da operação Lava Jato. Reportagem do Congresso em Foco mostra como a sessão foi transformada em um ato de desagravo, o que fica evidente nas frases ditas pelos parlamentares. Cunha, que compareceu voluntariamente, foi chamado de “homem de Deus” e qualificado como brilhante, independente e corajoso.

Durante o depoimento, Cunha negou ter contas bancárias fora do país. Com a revelação de suas contas na Suíça, o presidente da Câmara foi alvo de uma representação encaminhada por PSOL e Rede ao Conselho de Ética da Casa. Um processo que pode levar à cassação do seu mandato deve ser aberto em breve. O parlamentar tenta manter-se no cargo, usando como trunfo a possibilidade de abrir um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Veja, a seguir, algumas das falas dos deputados durante a sessão da CPI:

Carlos Sampaio (PSDB-SP) – “Eu reputo que vossa excelência está nesta hipótese muito clara de indícios desmentidos por delatores. Na minha concepção, vossa excelência não perde, em momento algum, a autoridade que tem para presidir esta Casa […]. Eu, mais uma vez, enalteço a postura de vossa excelência – e sou, aqui, muitas vezes visto como um inquisidor muito firme. Tenho procurado ser justo em todas as minhas ponderações.”

Sibá Machado (PT-AC) – “Ouvi atentamente o presidente Eduardo Cunha, confio nas suas palavras. Traz aqui alguns dados já complementares para o que foi publicado. E dentro do que foi publicado, eu também concordo que não há consistência para se tratar dessa maneira. Então, que o Supremo apresente razões. Se não há razão, vamos encerrar essa novela e vamos para o passo seguinte.”

Mendonça Filho (DEM-PE) – “A atitude de vossa excelência de vir à presença da CPI fazer a leitura do pedido de abertura de inquérito, contestar ponto a ponto, com coragem, com determinação, com vigor é algo que merece o respeito da Casa […]. Aqui expresso, em nome do meu partido, esse respaldo no sentido de que continue conduzindo a Presidência da Câmara com independência e com autonomia diante do próprio Poder Executivo.”

Paulo Pereira da Silva (SD-SP) ­– “Presidente Eduardo, o senhor sai não só muito maior do que entrou aqui – e constato aqui que 16 líderes, ou seja, quase a unanimidade desta Casa, declararam apoio ao senhor pela irresponsabilidade do que foi feito –, como põe esta Casa de pé, porque a tentativa era de nos igualar com o lado de lá. E, pra mim, está claro: o que o governo quer, como sempre acontece, é dividir a sua responsabilidade.”

Júnior Marreca (PEN-MA) – “Eu gostaria que isso realmente não estivesse acontecendo, porque vossa excelência não merece de forma nenhuma estar com esse tipo de exposição. Mas vossa excelência é um homem de Deus, um homem que tem a sua fé e sabe, de cabeça erguida, enfrentar este momento por que está passando. […] Conte com a gente!”

João Carlos Bacellar (PR-BA) – “Acredito que vossa excelência, hoje, deu um show aqui, por ter vindo a esta Comissão e colocar-se à disposição, em primeira mão, para explicar aqui tudo o que explicou […] se mantenha de cabeça erguida; mantenha-se com a mesma firmeza, na mesma posição. Vossa excelência tem feito o Brasil ver que o Legislativo brasileiro está se transformando, com um presidente que trouxe o respeito e a credibilidade para o deputado federal botar o broche e ter o orgulho de dizer que representa o Parlamento brasileiro.”

Celso Pansera (PMDB-RJ) – “Quando o deputado Ivan Valente pede para que o deputado Eduardo Cunha abra seu sigilo, ele já, na prática, está induzindo a uma condenação. Ele disse que quer permitir a ampla defesa, mas, quando propõe isso, está induzindo a uma condenação.”

Veja mais frases e a íntegra dos depoimentos na reportagem do Congresso em Foco.

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Se você chegou até aqui é porque realmente valoriza nosso jornalismo. Conheça e apoie o Programa dos Aliados, onde se reúnem os leitores mais fiéis da Pública, fundamentais para a gente continuar existindo e fazendo o jornalismo valente que você conhece. Se preferir, envie um pix de qualquer valor para contato@apublica.org.

Quer entender melhor? A Pública te ajuda.

Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes