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Com base em dados da Receita Federal, identificamos os proprietários das empresas que formam os consórcios de ônibus no Rio. Conheça a história de alguns deles.

Reportagem
9 de agosto de 2017
16:55
Este artigo tem mais de 7 ano

Ex-candidato a deputado acusado de homicídio, ex-assessora de deputada condenada por fraude eleitoral, empresário condecorado por vereador beneficiado por seus financiamentos de campanha, proprietários de contas em paraísos fiscais e muito mais. Engana-se quem pensa que a família Barata reina sozinha no ramo de transporte público via ônibus no Rio de Janeiro. A lista é longa e o perfil dos empresários, diverso.

Atrás dos Baratas, líderes do setor, há diversos outros grupos expressivos, como o Grupo Redentor, JAL, Rubamérica e Real Auto, além de empresas menores. São eles que comandam as concessões de transporte público rodoviário na capital carioca, por meio dos quatro consórcios que atuam em distintas regiões da cidade (Santa Cruz, Transcarioca Internorte e Intersul). Com base em dados declarados pelas empresas à Receita Federal, a Pública identificou os proprietários das 39 empresas que formam esses consórcios. Estão aí tanto os primeiros empresários do ramo – Jacob Barata, José de Castro Barbosa (o Zé do Pau), José Ferreira etc. – como novos executivos e herdeiros. A transição entre gerações é uma preocupação no setor, tanto que a Fetranspor criou um programa exclusivo para orientação de herdeiros na sucessão dos negócios.

Enquanto as investigações da Lava-Jato avançam sobre os negócios do gtransporte no Rio de Janeiro, conheça os principais donos dos ônibus na cidade.

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JACOB BARATA FILHO

Sinônimo de poder entre os empresários de transporte no Rio de Janeiro, Jacob Barata faz jus ao apelido de “rei do ônibus”. Segundo levantamento feito pela Pública, sua família consta no quadro de sócios e diretores de 13 das 45 concessionárias da cidade. É o único empresário que possui participação em empresas de todos os quatro consórcios que venceram, separadamente, a licitação dos ônibus em 2010.

Herdeiro do trono, Jacob Barata Filho foi preso no início de julho, em mais uma fase da Operação Lava Jato, por suspeita de envolvimento em pagamento de propinas a políticos durante o governo de Sérgio Cabral (PMDB).

Além de R$ 335 mil em sua conta pessoal, diversas outras empresas do grupo tiveram seus bens bloqueados, como a Magia Participações e Empreendimentos Imobiliários (R$ 467 mil), a Magia Participações Ltda. (R$ 6 milhões), Guanabara Participações e Empreendimentos Imobiliários (R$ 22,6 milhões), Alpha Participações S.A. (R$ 1,4 mi), Jacob & Daniel Participações (R$ 598 mil), Guanabara Diesel (R$ 53 milhões), Guarulhos Participações e Empreendimento Imobiliários (R$ 41 milhões) e Verdun (R$ 34 milhões).

Consultando os documentos do Panama Papers, a Pública divulgou em julho informações sobre uma offshore da família Barata até então desconhecida. Jacob Barata Filho e Ana Carolina Barata Reis recorreram aos serviços da Mossack Fonseca para criar a empresa Belvue Inc entre 2007 e 2012.

Por meio da Transriver Transporte, a família Barata fatura também com contratos da Secretaria Municipal de Educação para transporte escolar. Na última década, seus ganhos dobraram. Os repasses da prefeitura saltaram de R$ 18 milhões em 2008 para R$ 37 milhões no ano passado, totalizando R$ 276 milhões de 2008 até junho de 2017.

Jacob Barata, Jacob Barata Filho e David Ferreira Barata também constam como doadores de campanha de políticos cariocas. Em 2004, os três doaram juntos mais de R$ 78 mil para a candidatura de Jorge Mauro (PRTB) à Câmara dos Vereadores. Na casa, Mauro assumiu a presidência de Comissão de Transporte e Trânsito, por onde passam questões de interesse do grupo. Sócio da Viação Vila Real, Eurico Divon Galhardi aportou R$ 8 mil na mesma candidatura.

Em 2010 Jacob Barata Filho transferiu R$ 30 mil para apoiar a candidatura malsucedida de Sônia Mattos à Alerj pelo PV. E a Magia Participações e Empreendimentos aparece como fonte de R$ 100 mil repassados em 2008 à campanha de Washington Quaquá (PT), ex-prefeito de Maricá.

E os negócios dos Baratas vão muito além do Rio de Janeiro. À frente do Grupo Guanabara, Jacob Barata e parentes controlam a Expresso Guanabara, que se apresenta como a maior empresa do Brasil em linhas interestaduais, conectando 2.200 cidades. A família tem negócios também em São Paulo, Minas Gerais, Pará (seu estado natal), Paraíba, Piauí, Ceará e Portugal. No Ceará, a Viação Fortaleza consta como doadora de campanha à candidatura de Edmar Freitas (PSC) para vereador em 2012.

Porém, além de lucros Brasil afora, o império de Jacob Barata rendeu à família alguns infortúnios. Em uma manhã de novembro de 1994, 16 pessoas armadas com fuzis e pistolas arrancaram Daniel Barata de seu escritório na Viação Normandy, em Bonsucesso. Ele foi encontrado morto em janeiro do ano seguinte, apesar das tentativas de negociação da família. Na época, sua esposa, Renata, estava grávida e batizou posteriormente o neto de Jacob Barata com o nome do falecido pai.

Quase duas décadas depois, o agora jovem Daniel Barata protagonizou a reação mais extrema da família ao escracho popular feito no casamento de Beatriz Barata, outra neta de Jacob Barata. Com 18 anos na época, ele foi apontado como principal suspeito de arremessar do alto do hotel Copacabana Palace um cinzeiro contra os manifestantes em 2013, além de ter reconhecido atirar aviõezinhos de papel, feitos com notas de R$ 20.

Os padrinhos do casamento foram o ministro Gilmar Mendes e sua esposa, Guiomar Feitosa de Albuquerque Lima Mendes. Era o sobrinho dela que aquela noite selava sua união com Beatriz Barata. Francisco Feitosa Filho é filho do irmão de Guiomar, o ruralista Francisco Feitosa de Albuquerque Lima, filiado ao PSDB. Ele é dono da maior empresa de transporte no Ceará, já foi ex-deputado federal pelo estado, atuando com temas relacionados ao seu setor. Atualmente, é suplente do senador Tasso Jereissati.

Recentemente, mais um importante passo na relação entre as famílias Barata e Feitosa foi dado. Em maio de 2017, o governo português autorizou o pai, Francisco, a comprar a maior empresa privada de ônibus da região metropolitana Lisboa (Vimeca), do Grupo Imorey, controlado por Jacob Barata e parceiros. Não foram divulgados valores sobre a transação, mas documentos oficiais afirmam que se trata do primeiro negócio de Francisco em Portugal.

Já Jacob Barata é um veterano em terras portuguesas. Empresas lusitanas do grupo Barata, como a Vimeca, Scotturb, Ipanema Park Hotel, Expotel e Imorey, receberam pelo menos 5,2 milhões de euros apenas em contratos públicos para prestação de serviços de transporte e hotelaria para o governo português , entre outubro de 2008 e junho de 2017.

Consórcio Internorte

 

NELSON FERREIRA DE CARVALHO

Sócio de Jacob Barata, Nelsinho da Pavunense, como é conhecido, acumulou um currículo extenso ao longo de quase 60 anos de vida. A Pública teve acesso a processos e à ficha criminal do sócio da Viação Pavunense, ex-candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro em 2006 pelo Prona. Dos anos 1980 para cá, ele acumula passagens na polícia por razões que vão de estelionato a homicídio, passando por crime contábil e porte ilegal de arma.

Antes da disputa malfadada à Assembleia do Estado, Nelson foi eleito suplente na Câmara dos Vereadores de Araruama, região litorânea do Rio pelo PDSC em 2004. Nas duas candidaturas, ele mesmo foi o principal financiador de suas campanhas, de acordo com os registros entregues ao TSE. Em 2006, Nelson declarou o aporte de R$ 12.200 para a própria campanha. Em 2004, o valor foi de R$ 4.500. Na eleição de 2012, ele doou R$ 2 mil para o deputado federal Marcelo Matos (na época PDT, hoje PHS), que atua como suplente da Comissão de Transportes Rodoviário de Cargas.

Hoje, Nelson dirige a companhia que lhe dá o apelido junto com mais dois sócios. Além da Viação Pavunense, que tem capital social declarado de R$ 10,8 milhões, seus negócios se estendem a outras três firmas (Catobira Administração de Bens, Fácil Transporte e Transporte Única Petrópolis), que contam com a participação dos Baratas.

Em julho, após a prisão de Jacob Barata Filho, a Catobira teve sua conta bloqueada. Foram encontrados R$ 673 mil.

Nelson aparece também como sócio de uma filial, na Penha, da Drogarias Pacheco, marca controlada por Samuel Barata, irmão do “rei do ônibus”.

Além disso, ele possui duas empresas de administração, uma de turismo e uma locadora de veículos: a Città America. A empresa prestou serviços no valor de R$ 4 mil para a campanha de Waguinho, ex-cantor de pagode e candidato do PCdoB à Prefeitura de Nova Iguaçu em 2012. Naquela eleição, a empresa prestou serviços do tipo também a um candidato do PR à Prefeitura de Engenheiro Paulo de Frontin.

Nos últimos anos, a Città America última entrou na mira do Ministério Público por causa de um polêmico processo que envolve fraudes em licitações na Prefeitura de Mangaratiba, região metropolitana do Rio.

As investigações levaram à prisão, em 2015, de Evandro Capixaba (PSD), ex-prefeito da cidade, e à condenação de 42 envolvidos, entre eles Nelsinho. No processo, há denúncias de ameaças feitas a jornalistas da região, contando até mesmo com envolvimento de milicianos.

Segundo um vereador ouvido nas investigações, ao entrar na prefeitura, Evandro Capixaba rescindiu o contrato com a locadora de automóveis da gestão anterior. Seu objetivo seria contratar

a Città America no lugar. A denúncia revela que Nelson, seu filho (André Luís Rabelo Martins) e seu pai (Fausto Pinto de Carvalho) colaboraram com a fraude nas licitações, utilizando empresas ligadas à família para simular competitividade na disputa aberta pelo prefeito.

Por causa disso, Nelsinho da Pavunense foi condenado em segunda instância a dois anos de reclusão em regime aberto. Devido ao recurso interposto por ele, o processo ainda corre na Justiça.

Essa foi a sexta anotação na ficha criminal de Nelson Ferreira de Carvalho. A primeira foi em 1986, quando foi acusado de estelionato em um processo arquivado anos depois. Em 1989, foi pego em flagrante portando uma arma sem registro na região de Marechal Hermes, zona norte do Rio. Dois anos depois, foi condenado a pagar o equivalente a cerca de três salários mínimos na época.

Ainda em 1991, em sua terceira passagem, Nelsinho foi acusado de homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e lesão corporal em flagrante, sendo absolvido pela Justiça em 1995. As outras duas anotações dizem respeito a supostos crimes contábeis ocorridos no início dos anos 2000.

 

ÂNGELO SALVATORE CAVALIERE

Ângelo Salvatore é um dos três diretores da Viação Pavunense, empresa cujas linhas conectam bairros da zona norte, como a Pavuna, entre si e com o centro da cidade. Filho de um lavrador de Nápoles que chegou ao país no fim da década de 1940, Ângelo fez graduação em economia e mestrado em planejamento energético pela UFRJ, entre 1988 e 1997.

Em 1999, ele entrou na Agência Nacional de Petróleo (ANP) e, no ano seguinte, ingressou na Pavunense. Em 2001, saiu da ANP para se dedicar apenas à empresa de ônibus.

No fim de 2015, após a cassação da concessão da Via Rio por má prestação de serviços, a Pavunense assumiu as linhas, reforçando ainda mais sua presença no Consórcio Interno. Hoje, a empresa possui capital social declarado de R$ 10,8 milhões.

Ângelo também é proprietário da filial carioca da Puket, uma loja de roupas que funciona na Barra da Tijuca, o mesmo bairro no qual o empresário reside.

 

BIANCA KUPPER PIMENTA

Diretora da Paranapuan, a primeira empresa de ônibus da Ilha do Governador, Bianca Kupper é ex-funcionária da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Em julho de 2010, ela entrou no Palácio Tiradentes para fazer parte da equipe da deputada Graça Pereira (PRTB), cargo que manteve até 2014. Bianca assumiu o cargo antes ocupado por seu irmão, Bruno Kupper Pimenta, que era assessor de Graça Pereira desde 2007.

Mãe de Bianca e Bruno, Sandra Kupper tem forte atuação política na Ilha do Governador, onde chegou a representar uma associação de moradores da região. Ainda nos anos 1990, ela ocupou cargos no governo federal, como chefe de centros sociais.

Posteriormente, Sandra foi acusada pelo Ministério Público Federal de fraude a licitações. Desde 2015, o processo está parado, aguardando julgamento de um habeas corpus.

Na família da ex-deputada Graça Pereira, há o marido Jorge Pereira e Jimmy Pereira, seu filho. Ambos são ex-vereadores pelo PRTB. Em 2008, Jimmy também foi candidato a vice-prefeito na chapa derrotada de Marcelo Crivella. Hoje, Jorge Pereira ocupa um cargo comissionado na Secretaria de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado, capitaneada por Pedro Fernandes (PMDB).

A Paranapuan tem hoje R$ 29 milhões em dívidas com a União.

 

JOÃO AUGUSTO MORAIS MONTEIRO

Presidente do Conselho da Rio Ônibus, João Augusto Morais Monteiro foi preso em julho de 2017, acusado de envolvimento no esquema de propina no setor de transporte durante o governo de Sérgio Cabral. Em sua conta, constavam mais de R$ 3 milhões, que foram bloqueados.

Localizada no Engenho de Dentro, zona norte do Rio, a Âncora Matias teve R$ 9 milhões em sua conta bancária arrestados após a prisão de João Augusto. Outra empresa onde João consta como sócio, a Guarulhos Participações e Empreendimento Imobiliários, teve R$ 41 milhões bloqueados.

Após a divulgação dos Panama Papers no ano passado, vieram à tona contas da família Barata e da família Martins das Neves, abertas com auxílio da Mossack Fonseca. No entanto, na época passaram despercebidas as contas de João, sócio da Rodoviária Âncora Matias desde 1974. As informações foram reveladas pela Pública em julho.

Segundo dados do Panama Papers, a família Morais Monteiro utilizou contas em paraísos fiscais entre 2007 e 2014. A empresa Donaldson Group S.A. foi criada em nome de João Augusto; Rosalina Loureiro, sua esposa; e Paulo Roberto Loureiro, seu filho. A prática é legal, desde que seja declarada às autoridades brasileiras. A Receita Federal não informa se isso ocorreu em casos pontuais.

Nascido em 1930 na região de Vila Real, em Portugal, João Augusto dividiu o comando de associações sindicais patronais com Barata e outros empresários de renome do setor, como o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município do Rio de Janeiro (SETRANSPARJ) nos anos 1990 e, mais recentemente, a Fetranspor.

João Augusto, Paulo Roberto e outras pessoas ligadas aos negócios da família Barata também estão juntos na Guarulhos Transporte, que opera em São Paulo.

RENATO STOR

Apesar de já não estar mais vivo, Renato Stor ainda consta na Receita Federal como o único dono da Viação Ideal, a mais antiga empresa de ônibus no Rio ainda em funcionamento. A empresa foi fundada em 1933 por seu pai, Luciano Stor, um italiano que chegou ao Brasil em 1923. Luciano Stor faleceu em 1999, aos 90 anos, deixando o comando da Ideal para Renato e seu irmão, Humberto Stor.

Em 1994, quando ainda era sócio da empresa, Humberto Stor foi sequestrado em Nova Iguaçu e solto quase três meses depois, em Irajá, após o pagamento de dois resgates. Ônibus da empresa chegaram a ser metralhados para intimidar a família.

Hoje, além da Viação Ideal, que opera na zona norte, Renato Stor controla também uma firma de comércio e serviços em informática no bairro de Cascadura. Trata-se da empresa R & S Teleinformática, que possui R$ 119 mil em dívidas tributárias com a União.

 

JOSÉ FERREIRA

Segundo a própria empresa, a Viação Rubanil nasceu, na prática, do encontro entre Macário Duarte Paiva e José Ferreira. Comerciantes portugueses, ambos chegaram ao Brasil em meados do século passado e entraram no ramo do transporte coletivo no Rio de Janeiro. Assim, surgiu a Rubanil em 1962, com uma frota de dez veículos.

Atualmente, entre as concessionárias de ônibus na cidade, José Ferreira figura como sócio da Rubanil, que possui R$ 10 milhões de capital social declarado, e da América, com R$ 4,9 milhões. As duas operam na zona norte.

A Viação Rubanil possui hoje mais de R$ 9 milhões em dívidas com a União.

JOSÉ DE CASTRO BARBOSA

Mais conhecido como Zé do Pau, o português José de Castro Barbosa construiu sua fortuna por baixo. Nos anos 1950, a prefeitura começou a regulamentar os ônibus que circulavam na cidade, causando uma debandada de motoristas do setor. No entanto, alguns permaneceram no ramo, pois tinham dívidas com a prefeitura, já que esta financiava a compra de lotações para os condutores. Entre eles, Jacob Barata e Zé do Pau.

Hoje, o grupo formado por Zé do Pau, familiares e sócios está ligado à Viação Caprichosa e Três Amigos, ambas do Consórcio Internorte. Esta última possui capital social declarado de R$ 16,7 milhões. Não há dados disponíveis sobre o capital da Viação Caprichosa. O grupo de Zé do Pau conta também com outras empresas de transporte, postos de gasolina, imobiliárias e até uma distribuidora de bebidas em São Gonçalo.

 

Consórcio Intersul

CLÁUDIO CALLAK COELHO

Cláudio Callak Coelho é formado em direito, mas praticamente não advogou ao longo de seus quase 50 anos. Casado com a filha de Aníbal de Sequeira, ele fez carreira nas empresas de ônibus. Seu sogro comprou a Real Auto Ônibus no fim dos anos 1960 e acompanhou os negócios da família até falecer, em 2009. Callak ingressou na empresa como estagiário na década de 1990 e tomou gosto pelo ramo.

Hoje, ele dirige não só o Grupo Real Auto Ônibus, que atua no Rio de Janeiro e em Guarulhos (SP). Ele esteve à frente também da compra da FAOL, a única empresa de ônibus de Nova Friburgo, cidade da região serrana no Rio. A família Sequeira aparece ainda como proprietária da imobiliária Fluminauto, que repassou R$ 2 mil para a campanha a deputado estadual de Edgar Folly pelo PSB, em 2012.

Depois da organização das linhas em consórcios, Callak assumiu também a administração do Consórcio Intersul, responsável por congregar as empresas que atuam na zona sul da cidade. E, além das frotas de ônibus, o empresário tem um posto de gasolina no bairro de Del Castilho e uma imobiliária no Complexo da Maré.

 

GENEROSO FERREIRA DAS NEVES

Generoso Ferreira chegou ao Brasil em 1956, com 27 anos. O português da região do Porto estabeleceu sua vida e seus negócios na zona norte do Rio de Janeiro, especialmente na Tijuca. Chegou a ser sócio-proprietário do Tijuca Tênis Clube, tradicional ponto de encontro dos moradores do bairro.

Em abril de 2017, sua empresa, a Braso Lisboa, completou 70 anos de atuação. A empresa começou com seis ônibus, ligando a Candelária, no centro, ao bairro de Triagem, na zona norte. Segundo dados do Portal Flumibuss  RJ, atualmente a empresa tem uma frota de 176 veículos.

Os negócios de Generoso Ferreira incluem ainda empresas do setor de transporte em Petrópolis (região serrana do Rio), holdings e imobiliárias. Antes de ter Jacob Barata como sócio na Braso Lisboa, Generoso Ferreira passou pela Expresso Jardim, na década de 1970, e pela Única Fácil, de Petrópolis. Nos anos 1990, chegou à presidência do Sindicato de Empresas de Transporte de Passageiros do Município do Rio.

Generoso e sua família mantinham contas em paraísos fiscais em seus nomes, segundo os dois casos de vazamentos de offshores recentes: o Swissleaks e o Panama Papers. Segundo os registros, pelo menos desde o fim dos anos 1980 o grupo faz movimentações do tipo no exterior.

De acordo com documentos do Swissleaks, entre 2006 e 2007 Generoso Ferreira e sua família mantiveram US$ 3,3 milhões em uma conta conjunta na Suíça. Já o Panama Papers revela que em 2007 a família Martins das Neves abriu a empresa Wintec Assets Corp, no Panamá.

A Pública teve acesso aos documentos. Neles, constatamos que a equipe contratada por Generoso para gerenciar suas empresas no Panama Papers foi praticamente a mesma utilizada anteriormente pela família Barata. Ambos contaram com a ajuda dos mesmos laranjas para ocultar a real propriedade dos offshores: Leticia Montoya, Francis Perez e Katia Solano.

Fazem parte da família: Franci Trindade, 73 anos; Generoso Martins das Neves, 66 anos; Cassiano Martins das Neves, 52 anos; Elisa Martins e Christiane Trindade, 45 anos. Com exceção de Franci, todos constam no quadro de sócios e administradores da Braso Lisboa,

 

CASSIANO MARTINS DAS NEVES

Sócio da Braso Lisboa, Cassiano é um dos filhos de Generoso Ferreira. Por causa do patrimônio da família, Cassiano foi sequestrado em junho de 1992, quando tinha 23 anos. Permaneceu 21 dias em cativeiro, sem trocar de roupas e sem tirar o capuz. Cassiano Martins foi solto pelos sequestradores na Rodovia Washington Luiz, após o pagamento de cerca de US$ 1 milhão na época. Algo equivalente a U$ 1,7 milhão, ou R$ 5,5 milhões, em valores atuais. Posteriormente, a polícia afirmou ter encontrado os criminosos, que foram condenados a cerca de 15 anos de prisão.

 

Os negócios de Cassiano incluem ainda uma empresa de transporte na região serrana do Rio e firmas de administração de bens e imobiliárias. Cassiano Martins e família possuem também ações minoritárias na Viação Vila Real, que, assim como a Braso Lisboa, opera no Consórcio Internorte. Controlado pela família Barata, a Guarulhos Participações detém a maior fatia das ações da Vila Real, com 30%.

           

SÉRGIO LUIZ DOS REIS LAVOURAS

Sócios da Viação Acari, Sérgio Luiz e Cláudio José dos Reis Lavouras são filhos de José Alves Lavouras, o fundador que emprestou o nome à sigla de um dos grupos mais poderosos do transporte carioca: o Grupo JAL.

Seu primogênito é José Carlos Reis Lavouras, que está à frente da administração da Fetranspor desde 1988 e foi preso em Portugal em julho deste ano, pela Polícia Federal, por suspeita de envolvimento em pagamento de propina a políticos durante o governo de Sérgio Cabral. Em julho, a Pública revelou também que José é sócio do deputado Marcelo Simão (PMDB-RJ), presidente da Comissão de Transportes da Alerj.

O Grupo JAL controla a Companhia Flores, que opera na Baixada Fluminense e está na mira da Lava Jato. Em julho, com a prisão de Lavouras, diversos bens do grupo foram bloqueados. Apenas na conta de José Carlos Reis, foram encontrados R$ 3,1 milhões.

Além da Acari e da Flores, o Grupo JAL reúne outras empresas de transporte coletivo (Real Rio, Planalto, Brazinha, Rio d’Ouro, Mageli, Beira Mar, Viação Ponte Coberta); turismo e fretamento (Turismo Três Amigos), holdings (SLRL, Atlântico, RJ Administração), corretora de seguros (Technoplann), imobiliária (New Way, CJRL) e a concessionária da Mercedes-Benz (Miriam). Junto com os Baratas, a família Lavouras controla a empresa de vigilância (Sectrans Wireless) que opera no BRT e em outros ônibus cariocas.

Algumas dessas empresas tiveram seus bens bloqueados recentemente, como a Flores (R$ 9 milhões), JAL Empreendimento e Participações (R$ 121 mil) e a Miriam Minas (R$ 39 milhões).

A família Lavouras foi mencionada por dois operadores da organização criminosa do governo Cabral, denunciada pelo Ministério Público. Em maio de 2017, Luiz Carlos Bezerra – operador financeiro do ex-governador – alegou em depoimento que recolhia dinheiro de propina na empresa.

Antes disso, Cláudio José dos Reis Lavouras já havia aparecido em uma investigação da Polícia Federal como um dos destinatários de um e-mail recebido por Hudson Braga, ex-secretário de Obras apontado como operador administrativo do esquema criminoso, preso desde novembro de 2016. A mensagem tratava da compra de peças para um helicóptero utilizado por Hudson.

Comandada por Cláudio Lavouras, a imobiliária CJRL Administração de Bens consta como uma das proprietárias da aeronave, com a B&A Participações, Projetos e Consultoria, empresa de Sergio Benincá. Outra firma de Benincá recebeu mais de R$ 96 milhões para implementar 4 mil postes de energia solar, ao longo dos 72 km do Arco Metropolitano. Procuradores da Lava Jato suspeitam de irregularidades nas contratações.

A Fetranspor reúne as principais entidades patronais do setor de transporte no Rio de Janeiro. Além disso, a federação tem seus próprios negócios, como a Movtv (agência de publicidade dos ônibus), a Rioterminais (que administra terminais rodoviários) e a Riocard, que teve garantido pelo Estado o direito exclusivo de operar a bilhetagem eletrônica nos ônibus cariocas.

José Alves Lavouras também fundou a Viação Três Amigos, mas vendeu posteriormente a companhia. Ele foi morto por sequestradores em 1993, após a família pagar dois resgates. Na época, seu irmão e empresário de transporte na Baixada Fluminense – Manoel Alves Lavouras – chegou a ser sequestrado em três ocasiões. 

AFONSO BERNARDO FERNANDES

Afonso Bernardo Fernandes é um dos sócios da Transportes Vila Isabel, que opera na zona sul do Rio. Com Nelson Martins Monteiro, outro entre os sócios da empresa, Afonso controla ainda uma mecânica no Grajaú, na zona norte. A Vila Isabel foi criada em 1962 e hoje conta com 800 funcionários.

Em três eleições distintas, Afonso Bernardo repassou recursos para a campanha de Paulo Cerri (DEM). Em 2004, transferiu R$ 7 mil para sua candidatura à Câmara dos Vereadores. Na pré-campanha para sua reeleição na Câmara dos Vereadores, Paulo Cerri (DEM) publicou, em 5 de junho de 2008, um decreto em que reconhece Afonso Bernardo, português, como cidadão honorário do município do Rio de Janeiro. Menos de uma semana depois, no dia 11 de junho, o vereador registrou um repasse de R$ 8 mil do empresário para sua candidatura. Foi o segundo maior aporte de pessoa física na sua campanha aquele ano.

Em 2010, o empresário repassou R$ 5 mil para fortalecer Cerri em sua disputa – malsucedida – a um cargo de deputado estadual. Desde 2015 até janeiro de 2017, Paulo Cerri ocupava um cargo no Instituto Municipal de Defesa do Consumidor (Procon).

FLORIVAL ALVES

Com Fábio Teixeira Alves, Florival é um dos sócios da Gire, parte do Consórcio Internorte e Intersul. Ambos são parceiros em diversos outros negócios, como a Gatão Veículos, empresa de veículos de Duque de Caxias. Em 2002, a Gatão aportou R$ 10 mil na campanha de Rodrigo Maia para seu segundo mandato na Câmara dos Deputados, que hoje ele preside.

 

Consórcio Transcarioca

ANTÔNIO PÁDUA ARANTES

Parceiro de Jacob Barata, Antônio Pádua atua no Banco Guanabara. Desde 2011, possui autorização para prestar serviços de administrador de carteira na bolsa de valores. Das concessionárias de ônibus, ele consta no quadro societário da Viação Alpha e Estrela.

Com Jacob Barata Filho, Antônio é sócio da Grow Participação e Administração. A Justiça bloqueou R$ 97 mil que constavam na conta da empresa, após o arresto de bens de Barata.

E os negócios de Antonio Pádua vão muito além das duas empresas. Além destas, há pelo menos outras 16 empresas em que ele aparece como sócio, principalmente no ramo de transporte. Ao lado de Jacob Barata, o empresário também atua nos estados do Ceará (Ceará Diesel) e Pará (Belém Rio Transportes).

HENRIQUE ANTUNES DE PAIVA

A família Antunes de Paiva faz parte do Grupo Rubamérica, que controla as viações Rubanil, América e a Madureira Candelária. Todas fazem parte do Consórcio Internorte. E a Madureira Candelária participa também do Consórcio Transcarioca.

Como parte do quadro societário das três, além de Henrique, estão presentes sua mãe, Maria Antunes Duarte de Paiva, e seus irmãos Fernando, Washington, Antonio e Rosângela. Outros sócios do Grupo Rubamérica incluem Maria José Sandar e Cassiano Antônio Pereira.

Além das concessionárias de ônibus, foram identificadas outras empresas da família, como uma loteria em Ramos, uma lanchonete na Barra da Tijuca e uma cantina em Jacarepaguá. A Madureira Candelária possui R$ 11 milhões em dívidas com a União.

MANUEL JOÃO PEREIRA

Com Maria Jose Sandar e Cassiano Antônio, Manuel é filho de Manuel dos Santos Pereira, português que chegou ao Brasil em 1953, entrou oficialmente para a Rubanil nos anos 1970 e faleceu em 1986. Além das empresas de ônibus que operam linhas públicas no Rio, os três estão juntos no quadro societário da Transportadora Tinguá e da empresa de marketing esportivo Terceiro Tempo. Sem os irmãos, Manuel aparece também como um dos sócios de uma pequena loja de flores naturais, plantas e artigos religiosos, localizada em Olaria.

CASSIANO ANTÔNIO PEREIRA

Sócio das empresas de ônibus do Grupo Rubamérica, Cassiano Antônio Pereira figura também como representante da Terceiro Tempo Assessoria e Marketing Esportivo, reconhecida oficialmente desde 2005 pela CBF como intermediária na negociação entre clubes e futebolistas. A Fazenda nacional move um processo contra a Terceiro Tempo pelo não pagamento de uma dívida de cerca R$ 50 mil de Imposto de Renda.

A Terceiro Tempo não se encontra mais na sede declarada em seu cadastro na Receita Federal. O telefone informado é o do escritório de contabilidade da empresa.

Cassiano é, ainda, o único sócio da Repetidora Comunitária Jocasa. Segundo dados da Receita Federal, a principal atividade da companhia é a “defesa de direitos sociais”. Registros do governo federal revelam ainda que a repetidora chegou a contar com outorga para transmissão por radiofrequência. O endereço declarado no cadastro da empresa é o mesmo da viação Rubanil e América.

MARIA JOSÉ SANDAR PEREIRA PINTO

Maria José Sandar está presente no quadro societário das empresas de ônibus do Grupo Rubamérica no Rio: América, Rubanil e Madureira Candelária. Com Cassiano Antônio Pereira e Manuel João Pereira, que também são sócios daquelas quatro empresas, a economista Maria Sandar controla a Terceiro Tempo Marketing Esportivo e a transportadora Tinguá, que, sediada em Nova Iguaçu, opera linhas intermunicipais na Baixada Fluminense.

A empresária esteve em uma disputa judicial envolvendo uma propriedade sua em Angra dos Reis. De acordo com os órgãos públicos, a construção foi feita irregularmente em uma praia. Desde 2009, ela foi condenada a demolir o imóvel. Sem sucesso, Maria Sandar chegou a recorrer duas vezes da decisão da Justiça.

AVELINO ANTUNES

Líder do Grupo Redentor, um dos mais fortes entre as empresas de ônibus cariocas, Avelino Antunes é irmão e sócio de Getúlio e Antônio Paiva. Ele e sua família atuam principalmente na região de Jacarepaguá, zona oeste do Rio.

Foi ele que, no início dos anos 1990, criou a Transportes Barra, usando parte da frota da Viação Redentor para dar o pontapé inicial na nova empresa. Hoje, a Transportes Barra está presente nos dois consórcios que operam na zona oeste do Rio de Janeiro: o Transcarioca e o Consórcio Santa Cruz. Tal qual Jacob Barata, Avelino Antunes mantém há longa data negócios com os ônibus no Rio, bem como casas e negócios em Portugal. Também começou por baixo a carreira no setor de transporte. Antes de ser empresário, Avelino Antunes trabalhou como mecânico e motorista.

JOÃO DA SILVA CARVALHO

João da Silva Carvalho fundou a Litoral após uma dissidência no Grupo Redentor. Hoje, com a família Pires Ribeiro, ele é sócio também da Translitoral, que conta com uma frota consideravelmente menor, em comparação com a primeira. Enquanto a Litoral tem 171 ônibus, de acordo com o Portal Fluminibuss RJ, a Translitoral opera apenas 69.

Ambas fazem parte do Consórcio Transcarioca, que opera na zona oeste. O mesmo grupo controla também a Serrano Transportes e Turismo. Todas as empresas atuam em Jacarepaguá.

João mantém sociedade com Getúlio Antunes, do Grupo Redentor, na Chaua Turismo. O endereço da empresa declarado na Receita Federal é o mesmo da Viação Redentor.

Consórcio Santa Cruz

FERNANDO FERREIRA AMADO

Conhecido como “doutor Portugal”, Fernando Ferreira e sua família dividem com o grupo de Jacob Barata o controle da Auto Viação Jabour, que opera na zona oeste do Rio. A parceria entre ambos remonta ao fim dos anos 1960. Na época, os dois eram sócios na Bittig, uma empresa de comércio de automóveis na zona oeste e revendedora autorizada Volkswagen.

Nascido em Coimbra, Fernando se casou com Maria Celeste Batista Amado e com ela teve os filhos Milton Batista Amado e Fernanda Maria Amado de Barros. Os dois são sócios da Auto Viação Jabour, que tem capital social declarado de R$ 1,2 milhão.

Assim como Jacob Barata, Fernando possui negócios em Portugal com sua família. Ele faz parte do Grupo Imoray, um conglomerado de empresas que atua no setor de hotéis, transporte de passageiros e imóveis.

ORLANDO PEDROSO LOPES MARQUES

Nascido em Portugal, Orlando Pedroso é representante do Consórcio Santa Cruz e sócio da Expresso Pégaso, com Franklin Lopes Marques e Maria de Fátima Costa Marques. O trio controla ainda um posto na Taquara e a Viação Medanha.

A Pégaso é a empresa campeã de reclamações dos usuários no que diz respeito à conservação dos ônibus, segundo o último relatório da Secretaria Municipal de Transportes. Em seu site, a empresa vende ônibus usados, inclusive aqueles que operavam no transporte público carioca. Os valores dos veículos variam de R$ 47 mil a R$ 160 mil.

Ex-presidente da Auto Viação Jabour, mesmo depois de ter saído do quadro societário da empresa, Orlando Pedroso manteve outros negócios com seus ex-sócios. É o caso da Kufffura Confeitaria, localizada na Freguesia, em Jacarepaguá. Orlando Pedroso divide o comando do estabelecimento com Eliste Pires Lopes Marques e Armando Serafim Jales Freitas, dono da Jabour.

Em 2012, graças ao vereador Carlinhos Mecânico (PTB), Orlando Pedroso recebeu uma moção de louvor e reconhecimento na Câmara do Rio de Janeiro. Recentemente, ele respondeu como réu em um processo no âmbito do direito administrativo.

AGOSTINHO GONÇALVES MAIA

Apesar de não estar mais vivo desde 2000, Agostinho ainda consta como sócio da Viação Penha, ligada ao Consórcio Internorte, e da Transportes Campo Grande, parte do Consórcio Santa Cruz, na zona oeste. Historicamente, é por lá que circula sua frota de ônibus, e é na Campo Grande que seu filho, Agostinho Tavares Maia, consta como proprietário.

Agostinho é um dos protagonistas de pioneiras organizações de classe do empresariado local. Com José Carlos Lavouras, atual presidente do Conselho Administrativo da Fetranspor, ele foi um dos fundadores do Sinfrerj, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento do Estado do Rio. Coube a ele exercer a primeira presidência da organização. Nos anos 1970 e 1980, Agostinho, foi presidente da Rio Ônibus e Fetranspor.

Agostinho foi diretor da Braso Lisboa,Única e Fácil. Em meados dos anos 1990, era apontado por levantamento do Jornal do Brasil como o quinto maior empresário de ônibus da cidade, com duas empresas e 41 linhas. Ainda segundo o jornal, em 1996, Agostinho Gonçalves Maia e Jacob Barata entraram em acordo para operar linhas irregulares em Marechal Hermes, que a prefeitura tentou licitar, mas foi impedida pelo próprio grupo.

 

 

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