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Chuvas no Rio Grande do Sul: nível de rios preocupa no estado

Mais 6 mil pessoas tiveram que abandonar suas casas e quatro morreram

Reportagem
23 de junho de 2025
17:07
Mauricio Tonetto / Secom

Cerca de uma semana após o início das chuvas no Rio Grande do Sul, mais de seis mil pessoas seguem desalojadas de suas casas. Desse total, 1.071 estão em abrigos. O mais recente período de chuvas afetou, de algum modo, 132 municípios e causou a morte de quatro pessoas, além de uma estar desaparecida, segundo informações do boletim divulgado na manhã desta segunda-feira (23) pelo governo estadual.

A cidade de Jaguari decretou estado de calamidade pública e outros 21 municípios decretaram de situação de emergência (confira lista completa abaixo).

Um dos motivos de maior preocupação para os moradores do RS, a situação do nível dos rios do estado apresenta variações. Enquanto alguns começam a retornar à normalidade, como os rios Quaraí e Taquari, entre as cidades de Santa Tereza a Bom Retiro do Sul, outros estão em cota de atenção, com tendência de estabilidade. É o caso do rio Santa Maria (em Rosário do Sul) e o próprio rio Taquari na maior parte do seu percurso.

Em outros trechos, porém, a situação dos rios ainda é em cota de alerta. O rio Caí, por exemplo, em Nova Palmira, São Sebastião do Caí e Montenegro, apresenta tendência de elevação em função das chuvas das últimas 24h.

O rio Gravataí, entre Gravataí e Alvorada, tem tendência de estabilidade em nível elevado, acima da cota de inundação em Gravataí e da cota de alerta em Alvorada. Já o rio Paranhana, na altura da cidade de Taquara, está em tendência entre declínio e estabilidade, o mesmo ocorre com o rio Santa Maria, na região de Dom Pedrito.

Em Porto Alegre, o Guaíba apresenta tendência de estabilidade e deve manter os níveis elevados durante os próximos dias, mas sem a previsão de atingir a cota de inundação do Cais Mauá ou Gasômetro. Igualmente em estabilidade é a situação do rio dos Sinos, entre Campo Bom e São Leopoldo, porém acima da cota de inundação em São Leopoldo.

Por outro lado, a situação é dramática em outras regiões do RS. O rio Uruguai, entre São Borja e Uruguaiana, segue em conta de inundação e com tendência de lenta elevação. Também continua em cota de inundação o rio Ibirapuitã, em Alegrete, porém com previsão de lento declínio nos próximos dias. O mesmo cenário é constatado no rio Ibicuí, em Manoel Viana, com tendência de lento declínio, mas com níveis ainda em inundação nos próximos dias.

Um dos rios mais afetados pelos últimos dias de chuvas, o Jacuí apresenta declínio entre Cachoeira do Sul até o delta, com estabilidade em São Jerônimo e na região das ilhas.

Municípios com decreto de situação de emergência:

  1. Dona Francisca
  2. Cerro Branco
  3. Agudo
  4. Nova Palma
  5. São Sebastião do Caí
  6. Passa Sete
  7. Cruzeiro do Sul
  8. Cacequi
  9. Rosário do Sul
  10. Tupanciretã
  11. Nova Santa Rita
  12. São Francisco de Assis
  13. Liberato Salzano
  14. Amaral Ferrador
  15. Toropi
  16. Montenegro
  17. Silveira Martins
  18. São Vicente do Sul
  19. Júlio de Castilhos
  20. Paraíso do Sul
  21. Dilermando de Aguiar

Protocolado há dois anos, PL que reconhece emergência climática permanente no RS aguarda votação

Projeto de Lei que prevê a declaração de Estado de Emergência Climática Permanente no Rio Grande do Sul segue pronto para votação, mas ainda sem previsão para ser apreciado no plenário da Assembleia Legislativa. Protocolada há mais de dois anos pelo deputado Matheus Gomes (PSOL), a proposta enfrenta dificuldades de tramitação, na avaliação do parlamentar.

Projeto ainda não tem previsão para ser apreciado na Assembleia

Além da alteração no status de reconhecimento da situação climática no Estado, o Projeto de Lei 23/2023 estabelece a meta de neutralização das emissões de gases de efeito estufa até 2050 e determina a criação, em até um ano, de um plano de resposta à emergência climática, com garantia de participação popular.

Conforme o deputado, o trâmite do projeto foi lento desde o início. Após ser encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça, teve relatoria designada ao deputado Cláudio Tatsch (PL), cujo parecer só foi apresentado meses depois. Agora, com sua inclusão na pauta da Assembleia Legislativa, a proposta aguarda a votação.

“Protocolamos essa proposta antes de enfrentarmos os piores efeitos da crise climática no estado. Mesmo depois das enchentes, secas e ondas de calor, a sensibilização dentro da Assembleia ainda é limitada. Além disso, o diálogo com a Casa Civil tem sido difícil”, afirma o parlamentar.

O deputado argumenta que o reconhecimento da emergência climática é considerado essencial por especialistas da área. Ele também aponta que existem pontos de conexão com a agenda defendida pelo governador Eduardo Leite. “Se o governador se diz entusiasta dos acordos firmados nas COPs, por que não fortalecê-los a nível de lei, ao mesmo tempo, em que eleva o grau de importância do tema, reconhecendo a emergência permanente e mobilizando de outra forma poder público, sociedade civil e empresários?”, questiona Gomes.

Na última quarta-feira (18), o deputado lançou uma petição online para reunir apoio popular à proposta. Em menos de 24 horas, mais de 5 mil pessoas haviam assinado.

Essas reportagens foram publicadas pelo Sul 21 e republicadas em parceria pela Agência Pública.

Isabelle Rieger/Sul21

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