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“Mãe, fui preso, mas devo sair amanhã”: brasileiro fica preso quase 2 meses nos EUA

Brasileiro passou por nove presídios, incluindo de segurança máxima, por não ter o visto de permanência

Reportagem
1 de outubro de 2025
10:00
Matheus Pigozzi/Agência Pública

Era fim de tarde do dia 17 de junho, em Newport, no estado de Vermont, na fronteira com o Canadá, quando seis carpinteiros brasileiros deixaram a obra de uma casa onde trabalhavam em uma reforma. No horizonte, surgiram oito viaturas em alta velocidade que pararam abruptamente próximas aos trabalhadores, de onde desceram dezenas de agentes da Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, em inglês) e ordenaram que o grupo deitasse no chão. “Pisaram na nossa cabeça, algemaram a gente e levaram para a delegacia. E a gente não sabia por que estava sendo preso”, contou Salomão Castelo Branco Borges, de 21 anos, um dos detidos.

Com o rosto espremido no asfalto, Borges questionou os agentes, em inglês: “Por que estou sendo preso?”, mas não teve nenhuma resposta. O jovem brasileiro temia esboçar alguma reação que pudesse gerar ainda mais agressões. “Nós estávamos com medo, porque eles podiam atirar ou usar arma de choque, porque lá é desse jeito: qualquer movimento brusco que tu faz, eles pensam que tu tá querendo fazer alguma coisa e já atiram”, disse à Agência Pública.

“No primeiro dia, eu pensei que tinham me pegado por engano […] Eu não sabia em que lugar eu estava me metendo”, contou. Borges soube 24 horas depois que o motivo de sua prisão era por não possuir o “green card” (passe livre de imigrante nos EUA), já na delegacia de Newport. Ele e a família tinham somente o visto de estudante, mas estavam em processo de manutenção para adquirir o de permanência.

Durante as 24 horas na delegacia, ele e os colegas de trabalho ficaram amontoados em uma cela, exaustos de passarem o tempo deitados sobre o chão frio, sem comida, água, banho ou banheiro, e com direito apenas a uma ligação de dois minutos. “Mãe, eu fui preso, mas eu devo sair amanhã”, foi o pouco que Salomão Borges pôde compartilhar, pois até então não tinha informações suficientes para fornecer.

A partir de então, o jovem brasileiro passou por uma jornada de 51 dias sob poder dos agentes estadunidenses, onde passou por presídios de segurança mínima, máxima e um centro de detenção para imigrantes, onde, segundo ele, água e comida eram racionadas e nada se falava sobre quando poderia voltar ao convívio da família.

Por que isso importa?

  • A mudança das leis de imigração nos EUA por Donald Trump levou à deportação de mais de 200 mil nos seis primeiros meses deste ano. Cerca de 1,8 mil brasileiros foram detidos;
  • As prisões e detenções têm sido denunciadas pelo uso de violência por parte dos agentes e por infrações a direitos humanos nas prisões e durante o processo de deportação.

O fim do sonho americano

Borges, os pais e os dois irmãos mais novos tinham como objetivo viver o “sonho americano” – um ideal de cultura estadunidense do século 20 de que qualquer pessoa poderia prosperar no território, independente da classe social de onde vem -, mas para a família a experiência se tornou um pesadelo, descrita por ele como “humilhante” e “traumática” no país de Donald Trump.

“Quando eu fecho os olhos, me vem a imagem do que eu passei lá: da cadeia e a escuridão das celas. Aí eu acordo assustado, pensando que posso passar por tudo aquilo de novo”, descreveu o jovem.

Borges só chegou ao Brasil em 7 de agosto, em um voo da Força Aérea dos EUA que trazia apenas deportados de diversas nacionalidades. A aeronave saiu de Houston, no Texas, com outras duas paradas, e como último destino final a cidade de Belo Horizonte, capital mineira, em um trajeto que durou 24 horas, sem comida, água ou direito ao diálogo com outros imigrantes, segundo denuncia o brasileiro.

Parte da justificativa da prisão do brasileiro é o endurecimento da política imigratória imposta pelo presidente Trump, desde que assumiu o cargo em janeiro deste ano. Até junho de 2025, mais de 200 mil pessoas foram deportadas dos Estados Unidos e outras 60 mil, detidas pelos agentes da ICE, incluindo 1,8 mil brasileiros, segundo um levantamento da Pública.

Alvaro de Castro Lima é fundador do Instituto Diáspora Brasil, com sede em Boston, que estuda a imigração de brasileiros para os Estados Unidos. Ele define que as prisões realizadas pelo ICE são parte de uma política para redefinir “o que é ser americano” de “um grupo forte de cristãos brancos nacionalistas que quer uma América deste tipo.”

“Tem sido uma violação a todos os direitos civis e direitos humanos dos imigrantes […] E a primeira violação é tratar um caso criminal, porque não é um crime você atravessar a fronteira”, explicou Lima. “Eles estão deportando [até] pessoas com dupla nacionalidade”, concluiu.

Larissa Salvador, advogada brasileira e especialista em imigração nos EUA, explica que manter-se no país com o visto vencido ou usar um outro tipo de visto, que não seja o de permanência, para se estabelecer no país, é considerado crime e os agentes do ICE são orientados a realizar as detenções, mas a forma como tem ocorrido é “questionável”.

“A pessoa só passou do visto. Você não precisa tratá-la como se ela tivesse matado o seu pai, seu irmão, seu tio e os seus filhotinhos de cachorro. Porque muitas prisões têm sido feitas assim”, disse a advogada.

“Tratado como um bandido, apenas por ser imigrante”, diz brasileiro que foi preso nos EUA

No dia seguinte à prisão, Borges e outros cinco brasileiros foram algemados nos pulsos, tornozelos e abdômen pelos agentes da ICE e, na sequência, transferidos para a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP, em inglês), ainda no estado de Vermont, onde passaram 14 dias. Esse era apenas um dos nove espaços de detenção por onde o jovem transitou em 51 dias.

O CBP foi descrito pelo brasileiro como “tranquilo”, pois o esaço era compartilhado com mais 50 pessoas, que cometeram crimes de menor potencial ofensivo. Depois, o ICE transferiu o grupo de carpinteiros para um presídio de segurança máxima em Berlin, no estado de Nova Hampshire, na costa oeste dos EUA, onde havia mais de 300 presos, que cumpriam penas de crimes diversos como roubos, estupros e homicídios.

“Foi lá que o terror aconteceu. Eu vi muita briga, [entre elas] um cara a 10 metros de mim cortando a cara do outro com uma gilete”, lembrou. “Lá a gente não conseguia dormir direito com medo”, disse.

A cela era pequena e retangular, com duas camas, e apenas uma janela pequena onde entrava a luminosidade. Borges e outro brasileiro passavam 16 horas, em média, reclusos no espaço. No tempo ocioso, ele contou que a saudade da família aumentava a cada dia, e era inevitável não contar os minutos para que o “pesadelo acabasse”.

De acordo com Borges, a comida era servida às 5h, 11h e 16h, mas nem sempre traziam proteínas. “De manhã era sempre uma papa de aveia. No jantar e almoço, sempre era verdura e uma sopa, de vez em quando aqui ou acolá, eles mandavam um pedaço de frango”, contou.

Para dar uma alimentação mais digna, a família do brasileiro enviava dinheiro aos presídios onde ele esteve preso, na expectativa de que os funcionários comprassem comida. A prática é comum nos centros de detenção estadunidenses. No entanto, em virtude das constantes transferências a que ele foi submetido, ele diz que a comida nunca chegou.

Além da comida, o pouco contato que podia estabelecer com a família tinha custo: ligações custavam 2 dólares, chamadas de vídeo 6, e mensagens de texto 25 centavos de dólares.

“Botando assim por baixo, 10 mil dólares (cerca de R$ 54 mil), porque só de advogado a gente gastou 4 mil dólares. [Também] a gente precisava pagar para manter a comunicação com ele, precisava muitas vezes mandar dinheiro pra ele tentar se alimentar de alguma forma, Porque a comida da penitenciária era escassa, de péssima qualidade e pouca”, contou Edlaine Távora, mãe de Salomão Borges.

A advogada Larissa Salvador explica que o ICE tem colocado imigrantes em presídios de segurança máxima em virtude do alto número de prisões que têm ocorrido. “A razão que eles têm usado centros de detenção máxima ou prisões de segurança máxima é porque, com o índice de prisões que estão sendo feitas, eles não conseguem dar vazão: você não consegue nem deportar, nem colocar na frente de um juiz rápido o suficiente para aquilo funcionar”, apontou.

As prisões privadas por onde o brasileiro passou têm sido uma prática cada vez mais comum nos EUA, uma vez que é um “negócio lucrativo, por estar na bolsa de valores”, segundo o presidente da Diáspora Brasil. “Há um negócio dentro da prisão: a família manda dinheiro para comprar mais comida, roupa e água”, disse Lima. “Mas se a família não tem dinheiro, eles [prisões privadas] inventaram uma coisa ‘extraordinária’ que é que você pode trabalhar por um dólar por dia para ter acesso a essas coisas”, ironizou.

Enquanto estava preso em Berlin, Borges passou por um julgamento e o juiz havia dito que, caso ele comprasse a própria passagem aérea, poderia deixar a prisão e o país. Amigos e familiares, então, se uniram para contribuir e arrecadaram 800 dólares (cerca de R$ 4,3 mil), que seriam suficientes para arcar com um voo de Boston com escala em São Paulo e, depois, Fortaleza.

“Eu comprei minha passagem, mas eles não me levaram pro aeroporto. Não cumpriram com o acordo deles, porque falaram que era ‘perda de tempo’ e que ‘era contramão’ para eles”, contou o brasileiro.

Neste período, em um novo julgamento, o brasileiro se voluntariou para que deixasse o país e não mais aguardasse pelo andamento do seu pedido de asilo no país. Segundo a mãe, Edlaine Távora, a audiência ocorreu quando Borges completou um mês preso e a procuradora federal de acusação disse que ele o caso do brasileiro era um “expedited removal” (remoção acelerada, em português). “A juíza falou: ‘Salomão, você tem direito a recorrer’ e ele mesmo disse: ‘não quero’ […] ele pediu saída voluntária”, contou a mãe.

Após a audiência, o brasileiro contou que transitou por outras três delegacias de Massachusetts, antes de ser transferido para o estado do Texas, onde cumpriu o final de sua detenção.

Segundo Alvaro Lima, do Diáspora Brasil, as constantes transferências de presídios ocorrem de forma “maliciosa” para enfraquecer os laços dos imigrantes, deixando-os distantes de comunidades brasileiras, advogados e da própria família. “[O ICE] te prendem em Massachusetts, por exemplo, onde os juízes são mais liberais, eles te mandam pro Texas ou para lugares onde as prisões são mais brutas, os juízes acham que se devem deportar, deportam”, trouxe Lima, como um exemplo.

Nem um litro de água por dia, brasileiro denuncia

As últimas transferências de Borges nas prisões dos EUA ocorreram no final de julho, quando o brasileiro foi colocado em um voo de Boston para Houston, no Texas, onde cumpriria a parte final de sua detenção, antes do retorno ao Brasil.

Antes de ser transferido para o centro de detenção para imigrantes, em Port Isabel, o brasileiro passou por mais duas delegacias. “Foram dez dias só comendo pão, mortadela e queijo. Manhã, tarde e noite. Só isso, nada mais”, contou Borges sobre o período em que passou no Texas.

O racionamento se estendia até para água, uma vez que os imigrantes teriam direito a apenas 8oo ml de água, abaixo dos dois litros de água recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Não podia escovar os dentes, não podia trocar de roupa e não podia nada”, contou o brasileiro.

Retangular, frio e vazio, o espaço foi apelidado pelo brasileiro e seus colegas de “geladeira”. Para se abrigar do frio, eram entregues aos imigrantes mantas térmicas laminadas, que não eram o suficiente para aquecer o corpo. “Sem cama, só com vaso sanitário e sem comida”, definiu Borges.

Naquela altura de sua prisão, ele estava acompanhado de apenas mais três dos outros cinco brasileiros presos junto com ele em Newport. Um deles conseguiu asilo, outro foi transferido de presídio ainda no início. Os demais conseguiram embarcar no mesmo voô que o trouxe de volta para o Brasil.

A angústia de uma mãe

O domingo, 15 de junho, era dia dos pais nos Estados Unidos. A família estava toda reunida em casa para celebrar a data com um jantar. No entanto, Borges precisou dormir mais cedo, pois, na madrugada seguinte, sairia de Boston, onde vivia e iria para Newport, onde faria mais um de seus trabalhos como carpinteiro. “Foi o nosso último contato físico com ele”, contou a mãe do brasileiro.

No dia em que o filho foi preso, Távora estranhou que o seu primogênito havia passado muito tempo sem dar notícias. A mãe olhou a localização do celular – que é compartilhada entre a família – e descobriu que Borges estava em uma delegacia. Ele estava há quase quatro horas sem dar notícias, até que fizesse a única ligação autorizada pelos agentes de imigração.

Ao ser comunicada pelo filho da prisão, na ligação de apenas dois minutos e sem detalhes, Távora disse que a primeira coisa que pensou foi: “Como vou tirar ele de lá?”. “São muito confusos os sentimentos, sabe? É um medo, é angústia, é pavor!”, exclamou.

Depois da única ligação recebida do filho, por quatro dias, Távora só teve informações sobre o paradeiro de Borges por meio do rastreador de celular, enquanto ainda havia bateria no aparelho dele. “Em nenhum momento eles [o ICE] comunicam absolutamente nada. Pelo contrário, eles dificultam a comunicação”, contou.

Durante o período, os pais de Borges procuraram pelo ICE para tentar obter informações sobre o paradeiro do filho, mas não tinham respostas. “Eles diziam que não podiam dar informação ou então diziam que estava no local, mas quando a gente ligava eles diziam que estava em outro. Eram as informações totalmente desencontradas e a gente não sabia nem como agir”, disse Távora.

Conforme Borges dava notícias, a mãe conta que ficava em desespero e os instintos de proteção vinham à cabeça. “A minha vontade era de ir lá pra porta [do centro de detenção] e brigar […] vontade de pegar o guarda e sacolejar, como se fosse um instinto de sobrevivência mesmo”, desabafou.

“Eu não conseguia dormir ou me alimentar direito, porque cada vez que eu ia comer, ficava imaginando: ‘como eu vou comer com o meu filho passando fome lá dentro”, contou a mãe.

Até mesmo a notícia de que o filho estava a caminho do Brasil não foi comunicada à família. Borges havia ligado horas antes do embarque e disse que os guardas haviam pedido para que ele fizesse as malas.

O telefone de Távora tocou, mas do outro lado da linha estava um ex-colega brasileiro com quem Borges dividiu a cela no Texas: “Eu sou amigo do Salomão e ele pediu pra eu lhe telefonar para avisar que ele realmente foi pro voo [de volta para o Brasil]. Ele não foi transferido para outro outro presídio.”

Távora escutou a ligação aliviada e pediu para que a família no Brasil desse todo o suporte ao filho, assim que ele chegasse. O ICE, no entanto, não deu qualquer informação sobre o horário do pouso em território brasileiro e a rota.

“O que eu sempre falo para algumas pessoas é que a gente está passando pelo luto de um filho vivo, mas que não deixa de ser um luto […] Ele foi arrancado da gente, porque ele não queria ir embora. Ele queria ficar com a nossa família”, concluiu Távora.

Por meio de nota, o Itamaraty respondeu que “o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Boston, prestou assistência consular ao nacional brasileiro detido em Vermont e a seus familiares”, referindo-se ao caso de Borges.

A nota diz ainda que “O governo brasileiro tem feito gestões contínuas para garantir tratamento justo, digno e humano a todos os brasileiros sob custódia nos Estados Unidos. As gestões do governo brasileiro incluem, além de garantias de tratamento digno em solo americano, condições adequadas de tratamento durante voos de repatriação, como, por exemplo, a utilização de rotas aéreas mais curtas, a presença de agente consular brasileiro no momento do embarque e a não utilização de algemas em território brasileiro, entre outras providência.”

O ICE foi questionado pela reportagem sobre as denúncias feitas, mas disse que só se posicionaria caso tivesse os nomes dos detidos, que foram preservados, no pedido de nota, pelo risco que suas famílias – que ainda vivem nos EUA – podem correr.


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