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Recrutador de Epstein veio ao Brasil buscando adolescentes: os crimes de Jean-Luc Brunel

Investigação exclusiva refaz os passos do cúmplice francês do predador sexual Jeffrey Epstein e sua investida no Brasil

Reportagem
18 de novembro de 2025
04:00
Mega Model Brasília/Facebook/reprodução

Em 4 de abril de 2019, uma imagem singular postada no Facebook mostra um homem grisalho, vestindo camisa estampada e calça branca, posando em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, residência oficial do presidente da república. Com um sorriso discreto no rosto, ele faz um gesto simulando uma “arma de fogo” com as mãos, uma alusão ao então presidente Jair Bolsonaro. É o francês Jean-Luc Brunel, um dos mais notórios agenciadores de modelos do mundo, e, àquela altura, figura central no círculo de acusações de abuso e tráfico sexual que orbitava o bilionário americano Jeffrey Epstein.

Por que isso importa?

  • Investigação mostra como, apesar de não haver vítimas em litígio judicial contra o bilionário Jeffrey Epstein e seu cúmplice Jean-Luc Brunel, o Brasil potencialmente não passou alheio ao escândalo de crimes sexuais que mobiliza a atenção da imprensa internacional.

A foto foi publicada pela agência Mega Model Brasília com a legenda de agradecimento: “Jean-Luc Brunel esteve aqui hoje para um casting para levar os nossos modelos para Nova York”. Brunel não estava apenas de passagem. A viagem era uma expedição. A busca por modelos o levou a cidades do Centro-Oeste, no coração do Brasil.

Postagem da Mega Model Brasília, uma das agências visitadas por Brunel no Centro-Oeste, no Facebook

Fernanda*, dona de uma outra agência, foi uma das brasileiras que esteve no caminho do francês. “Ele veio com o propósito de conhecer as modelos da minha agência”, contou, sob a condição de anonimato, em entrevista à Agência Pública.

Antes de chegar a Brasília, Brunel teria passado por outras cidades no Sudeste, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, no Sul e no Nordeste. A proposta do agenciador de Epstein seria ambiciosa: montar uma nova agência no Brasil: a “One Mother Agency”. Para isso, teria pedido a ajuda de Fernanda para recrutar “as melhores meninas do Brasil”. “Foi Marcela*, 13 anos, de quem ele mais gostou”, conta Fernanda, sobre uma das três modelos adolescentes que se tornaram alvo do interesse do francês.

A escolha por Marcela teria levado Brunel a visitar a casa da mãe da garota onde ele teria oferecido um pagamento em dólares, com a promessa de levar a menina para Nova York. A Pública conseguiu contato com a mãe de Marcela, que preferiu não ceder entrevista, mas confirmou a visita do agente francês à família. A proposta, recorda Fernanda, incluía uma visita à Disney, detalhe que “não fazia sentido no casting”, o que a fez desconfiar.

Ao perguntar sobre Brunel a uma agente mais experiente de São Paulo, Fernanda recebeu o link de uma notícia sobre as investigações do FBI contra Brunel e sua conexão com Jeffrey Epstein: “Olha a reportagem”, teria dito a amiga. “Depois que eu fiquei sabendo do que ele fez, eu não dei mais moral pra ele”, lembra e se apressou em buscar a família de Marcela. “Eu fui lá na casa dela, sentei com ela e com a mãe dela, falei ‘eu errei de ter apresentado esse cara pra vocês’ […] Eu falei pra elas que eu não queria trabalhar com um cara desse tipo.”

Jeffrey Epstein em 2013, durante registro de queixa reincidente de crime sexual no estado da Flórida (EUA).

Fernanda revela ter confrontado Brunel por WhatsApp em abril de 2019, após sua partida. “Alguém que eu era amigo [Epstein] foi para a prisão, mas não tenho nada a ver com isso. Como esse cara é muito rico, os advogados tentaram tirar dinheiro dele ligando o caso com diversas pessoas como eu, Donald Trump, o Duke de York. Você acha que os Estados Unidos teriam renovado meu visto se eu tivesse algum problema com a justiça americana?”, teria respondido o francês.

Durante a passagem no Centro-Oeste, Brunel esteve acompanhado do assistente e tradutor brasileiro Vinicius Freire, com quem já trabalhava há duas décadas. Procurado, ele se limitou a dizer que seu trabalho com a MC2, agência de Brunel em Nova York, “não era nada demais, além do trabalho normal de uma agência de modelos”. Questionado se tinha informações sobre crimes sexuais, Freire preferiu não comentar.

Donald Trump e Jeffrey Epstein foram amigos por duas décadas e relação ainda causa desconforto na Casa Branca.

Trump e a sombra do fantasma Epstein: “Sabia das garotas”

A menção de Brunel a Donald Trump na resposta a Fernanda não era casual. A amizade entre o atual presidente dos EUA e Epstein é pública e notória desde os anos 1990. Em 2002, Trump elogiou Epstein: “Eu o conheço há quinze anos. Cara ótimo. É muito divertido estar com ele. Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são do lado mais jovem.”

Embora Trump declare ter rompido relações com Epstein em 2004, a sombra dessa relação ainda paira sobre a Casa Branca. Em 2025, o tema voltou ao centro do debate público norte-americano, impulsionada por uma série de divulgações de documentos do caso Epstein publicadas na imprensa e um controverso livro comemorativo de 2003, supostamente assinado por Trump num aniversário de Epstein.

Além disso, congressistas democratas publicaram emails atribuídos a Jeffrey Epstein que fazem referência a Trump neste mês de novembro. A Casa Branca acusou a oposição de fabricar “narrativa falsa”. Mas entre os cerca de 20 mil arquivos que se tornaram públicos, diferentes e-mails citam Trump, mas ainda sem comprovar relação com os crimes cometidos por Epstein.

Em uma das mensagens publicadas pelo jornal The New York Times, Epstein diz: “Sim, obrigado. Isso é muito louco. Eu sou o único capaz de derrubá-lo (Trump)”. Em outra mensagem, Epstein afirmou que o atual presidente dos EUA “passou horas” na casa do bilionário com uma das vítimas e que ele “sabia das garotas” — mas a mensagem não detalha as circunstâncias. Trump nunca foi investigado no caso e afirma ter se afastado do bilionário assim que as acusações surgiram.

Durante a campanha de 2024, ele prometeu mais de uma vez que, se voltasse à Casa Branca, tornaria públicos arquivos secretos sobre as investigações. Após a posse, no entanto, o discurso mudou.

Príncipe Andrew ao lado de Virginia Giuffe, uma de suas denunciantes, e de Ghislaine Maxwell, parceira de Epstein

Príncipe Andrew e a desgraça real pós-Epstein

Outra figura relacionada à história de Epstein é o príncipe Andrew, o terceiro filho da Rainha Elizabeth 2ª e irmão do rei Charles 3º. Em outubro de 2025, e-mails dele de 2011 foram publicados pelo jornal britânico The Mail on Sunday. As mensagens evidenciam o contato do príncipe com Epstein meses depois de afirmar publicamente que teria encerrado a amizade com o criminoso sexual.  

Em 2022, Andrew fechou um acordo com a denunciante Virginia Giuffre para encerrar um processo aberto contra ele por acusação de abuso sexual. Giuffre estava processando Andrew, alegando que ele a agrediu sexualmente em três ocasiões quando ela tinha 17 anos, em 2001. Ela afirmou que, naquele ano, Epstein a levou para Londres e a apresentou ao príncipe. Giuffre morreu em abril de 2025, aos 41 anos. A família dela afirmou que a causa da morte foi suicídio.

O livro póstumo de Giuffre lançado em outubro, Nobody’s Girl (“A Garota de Ninguém”, em tradução livre), trouxe novamente o caso de volta aos holofotes e ampliou a pressão sobre Andrew. “Concordei com uma ordem de silêncio de um ano, o que pareceu ser importante para o príncipe, pois garantia que o Jubileu de Platina de sua mãe [naquele ano] não fosse mais ofuscado do que já estava”, narrou Giuffre sobre o acordo firmado com Andrew em 2022.

Embora Andrew negue as acusações, a família real considera que houve “graves erros de julgamento” em seu comportamento. Andrew perdeu oficialmente todos os títulos e honrarias reais após decisão do rei Charles 3º.

Ghislaine, Epstein e Brunel formavam parceria que envolvia a captação de modelos ao redor do mundo. Os três acabaram acusados de crimes de ordem sexual.

As mil garotas de Brunel

Brunel conheceu Epstein nos anos 1980, apresentado pela filha do magnata da mídia britânica Robert Maxwell, Ghislaine Maxwell. A socialite foi figura central em todo o esquema, trabalhando como “pessoa de confiança” de Epstein, segundo as investigações. Para os promotores, ela seria a responsável por recrutar, aliciar e encaminhar adolescentes para abusos sexuais em diversas localidades. Ela foi presa após a morte de Epstein em 2020 e sentenciada a 20 anos de prisão.

No caso de Brunel, ele tinha acesso a centenas de jovens de todo o mundo, muitas vindas de famílias humildes convencidas com a promessa de uma carreira internacional de modelo. Em 2005, Brunel fundou a MC2 Model Management com financiamento direto de Epstein. A agência tinha escritórios em Nova York e Miami.

Segundo depoimento à justiça da ex-contabilista da MC2 Maritza Vasquez, Epstein garantiu uma linha de crédito de 1 milhão de dólares [cerca de R$ 5,3 milhões] para a empresa e pagava diretamente pelos vistos das modelos levadas aos Estados Unidos. Brunel e as modelos, algumas com apenas 13 anos (idade da brasileira Marcela*), viviam em apartamentos controlados por Epstein em Manhattan.

Virginia Giuffre alegou, em documentos judiciais de 2014, que o sistema era um disfarce para o tráfico sexual. “Brunel oferecia às garotas empregos como ‘modelos’”, dizia o documento. Giuffre também alegou que o bilionário Epstein se gabava de ter dormido com mais de mil “garotas de Brunel”.

Registro de última aparição pública em festas de Jean Luc Brunel no Paris Country Club

O mistério de Santa Catarina: “Só com o tempo a verdade vai sair”

O caso Epstein veio à tona em junho de 2008, quando um acordo judicial selou o destino do bilionário. Culpado por explorar a prostituição, inclusive envolvendo uma adolescente, o financista escapou à época de uma potencial prisão perpétua com uma pena branda: 13 meses em regime semiaberto.

Os anos seguintes foram um gotejar de acusações até que em 2018 uma reportagem do jornal Miami Herald mudou o rumo da história e provocou indignação pública. Uma nova investigação foi iniciada em julho de 2019 e novas acusações, desta vez por tráfico sexual, levaram Epstein de volta à prisão, em Nova York. O bilionário se declarou inocente e sempre negou as acusações. Após um mês na cadeia, segundo versão oficial, ele teria tirado a própria vida e foi encontrado morto numa cela, aos 66 anos.

Com a morte de Epstein no noticiário mundial, a passagem de Brunel pelo Brasil poucos meses antes da morte do amigo ganha um novo significado quando confrontada com informações publicadas em outubro de 2019 pela Sky News, que divulgou uma investigação mostrando que tanto Brunel quanto Ghislaine Maxwell, a parceira de Epstein, haviam sido rastreados no Brasil após a morte do bilionário em agosto.

Segundo a reportagem britânica, o telefone de Brunel foi rastreado no luxuoso Infinity Blue Resort & Spa, em Santa Catarina. Ao mesmo tempo, o celular de Maxwell também foi conectado a uma rede no estado de Santa Catarina. As informações foram obtidas por um ex-policial americano, diz a reportagem. Quando a equipe da Sky News chegou ao hotel, não havia sinais deles. A presença de ambos no Brasil naquele período nunca foi confirmada.

Fernanda conta que voltou a procurar Brunel após a morte de Epstein: “Eu mandei um novo link de reportagem pra ele. Falei ‘olha, tá vendo um dos motivos pelos quais a gente não fechou a parceria?’ Aí ele respondeu: ‘Eu vou provar que isso tudo tá errado e que é falso e fabricado”, ela recorda. “Só com o tempo a verdade vai sair”, ele teria dito.

Brunel e Ghislaine Maxwell se conheceram em Paris, nos anos 1980. Ela apresentou o francês a Epstein

Do início ao fim, crimes foram além de Epstein

As acusações contra Brunel remontam aos anos 1980, bem antes de ele conhecer Epstein. Ainda em 1988, a CBS exibiu uma investigação sobre abusos na indústria da moda em Paris. O programa revelou alegações contra Brunel, incluindo o depoimento de uma mulher que afirmou ter sido drogada e estuprada por ele. Brunel recusou-se a dar entrevista à época.

Após o escândalo, ele deixou a agência Karin Models em 1999 e se mudou para os Estados Unidos, onde fundou a MC2 com o dinheiro de Epstein. Entre 2000 e 2005, Brunel fez pelo menos duas dezenas de viagens no jato particular de Epstein, o Lolita Express, além de visitar o amigo na sua primeira passagem pela prisão diversas vezes.

A última aparição pública de Brunel antes de ser rastreado no Brasil havia sido em 5 de julho de 2019, em uma festa no Paris Country Club. Após a morte de Epstein e do escândalo já escancarado, o Ministério Público de Paris abriu uma investigação contra Brunel por estupro e agressão sexual. Em outubro do mesmo ano, uma nova queixa foi registrada.

Em dezembro do ano seguinte, ele foi preso no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, tentando embarcar para o Senegal, onde supostamente passaria férias.

Em fevereiro de 2022, da mesma maneira que seu amigo Epstein, Brunel foi encontrado enforcado em sua cela na prisão de La Santé, em Paris, aos 75 anos, enquanto aguardava julgamento.

O passo a passo recorrente de estupros silenciosos e a impunidade que persiste

A Agência Pública entrevistou a advogada francesa Anne-Claire Le Jeune, que representa algumas das vítimas de Brunel. Ela explicou que oficialmente Brunel foi indiciado por estupro de adolescente e assédio sexual, mas as suspeitas iam muito além. “A investigação estava aberta tanto para estupro quanto para tráfico”, esclarece Le Jeune.

A advogada confirmou que, embora o foco da agência de Brunel tenha se voltado para modelos brasileiras nos anos 2000, não há, no processo judicial francês, vítimas de nacionalidade brasileira. “Sabemos que houve viagens com o objetivo de recrutar jovens modelos brasileiras. Mas, fora isso, tudo o que você está me contando eu desconhecia completamente”, admitiu Le Jeune à reportagem.

A advogada detalhou o padrão de comportamento de Brunel, descrito de forma similar por diversas vítimas de diferentes nacionalidades. “Falou-se muito na França em ‘estupros silenciosos’. Várias mulheres, de nacionalidades diferentes, que nunca chegaram a se conhecer, descrevem exatamente o mesmo.”

O modus operandi consistia em abordar jovens modelos, de agências menores, em festas e boates , prometendo impulsionar suas carreiras. Ele as convidava para fazer uma sessão de fotos em sua casa, oferecia uma bebida e, em seguida, as vítimas relatavam um “apagão total”, acordando enquanto eram estupradas. “E elas confiavam porque ele tinha boa reputação, era famoso, tinha muitos contatos e já havia alavancado a carreira de várias modelos famosas. Elas pensavam que não haveria o que temer”, completa Le Jeune. “Havia um forte sentimento de impunidade e de poder absoluto”.

Das mais de dez mulheres que o denunciaram por estupro e agressão sexual, a maioria teve seus casos prescritos pela lei da época, o que reduziu drasticamente o escopo da ação penal. Apenas três processos civis, incluindo Virginia Giuffre, compunham o processo ativo contra Brunel na França.

A advogada francesa Anne-Claire Le Jeune, que representa algumas das vítimas de Brunel: “Tínhamos cada vez mais provas contra ele”

O suicídio de Brunel na prisão, embora não questionado como o de Epstein, é visto por suas vítimas como uma confissão. “Para minhas clientes, isso soa como um reconhecimento de culpa: ele sabia que o cerco estava se fechando. Tínhamos cada vez mais provas contra ele”, afirma Le Jeune. Uma acareação com uma de suas clientes estava marcada para semanas após sua morte, o que reforça a tese de que ele temia o avanço das investigações.

Com sua morte, a ação penal foi extinta, mas a busca por justiça continua na esfera cível. Duas das vítimas, incluindo uma modelo nórdica que prefere o anonimato, processam os herdeiros de Brunel por indenização. A grande questão que permanece sem resposta, no entanto, é a exata dimensão de seu papel na rede de tráfico humano de Epstein e Ghislaine Maxwell. “O grande ponto que ficou sem resposta foi o papel dele junto ao Epstein e à Maxwell — fotografias dos três juntos, viagens à ilha, visitas na prisão etc. A investigação parou cedo demais”, lamenta a advogada.

Edição:

*Nomes fictícios para preservar a identidade das fontes

Mega Model Brasília/Facebook/reprodução
State of Florida/reprodução
Netflix/reprodução
Netflix/reprodução
US Attorneys Office
Paris Country Club/Facebook/reprodução
Reprodução Redes Sociais
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