A partir desta terça-feira,10 de dezembro de 2024, a Agência Pública vai deixar de postar conteúdos em seu perfil na rede social X (antigo Twitter). A decisão vem depois de muita reflexão e certo pesar, uma vez que deixaremos de atingir um público potencial, que nos segue, de mais de 285 mil perfis, o que poderia fazer grande diferença para um veículo independente de médio porte como nós.
Entretanto, a decisão torna-se inadiável porque a rede social tornou-se o oposto do que se declarava, uma “praça pública para o livre debate”. Desde a aquisição da plataforma por Elon Musk, diversos estudos demonstram o aumento da desinformação, as mudanças dos algoritmos para impulsionarem as postagens do próprio Elon Musk e o uso da plataforma como meio de comunicação pró-Trump durante as eleições americanas. Na nossa redação a deterioração da plataforma pode ser sentida pela drástica redução de alcance, interações e conversões vindos dela.
Para nós, da Agência Pública, a decisão é ainda mais fundamental uma vez que temos, desde 2018, coberto a propagação de desinformação aliada a discursos golpistas que visam destruir a nossa democracia. O uso da plataforma por Elon Musk para promover uma visão de mundo extremista e antidemocrática é alarmante por si só, mas é pior para nós, que cobrimos diariamente esse movimento. Além disso, o próprio dono da plataforma, seus interesses no Brasil e suas ações para minar a democracia no continente são foco de nossas investigações, com apoio dos nossos Aliados.
Agora, a grande influência que Elon Musk terá sobre o governo dos Estados Unidos, ao chefiar o Departamento de Eficiência Governamental, vai piorar ainda mais o uso desta plataforma para sua agenda de interesses pessoais.
Assim, juntamo-nos ao jornal britânico Guardian na decisão de deixar de postar na rede. Como sinalizou o Guardian, os aspectos negativos de seguir produzindo conteúdo para a plataforma superam de longe os aspectos positivos.
Nossos leitores que ainda usam o X podem seguir compartilhando nosso conteúdo, embora os botões de compartilhamento direto tenham sido retirados do nosso site. Da mesma maneira, como agência que investiga a desinformação, seguiremos usando a plataforma para tentar reunir informações sobre campanhas desinformativas ou golpistas, sempre que necessário ao nosso trabalho.
O papel do jornalismo é estar ao lado da democracia. Seria, portanto, uma contradição seguir alimentando uma plataforma que tem sido usada como arma para destruí-la.
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