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Crônica

Chegou fim de semana todos querem diversão

Se há quem chame o domingo de descanso, o sábado seria o território da desforra?

Crônica
5 de julho de 2025
04:00

Se a crônica fosse um dia, seria um sábado. Ok, a depender do texto talvez até uma terça, afinal nem sempre estamos nos nossos melhores dias. O sábado sempre soou para mim como o mais político dos dias da semana, o mais imprevisível e o mais controverso. Sábado pode soar para você como um dia em que se acorda cedo para ir à praia ou como um dia em que se acorda cedo para trabalhar porque você ainda vive na escala 6×1. 

Por falar nisso, eu já trabalhei muito em escala 6×1 no comércio e lembro bem da seguinte regra: “a folga NUNCA vai cair aos sábados”. Domingo, esse dia também tão disputado, tinha pelo menos um por mês, mas sábado? Esqueça. Uma expressão antiga e racista dizia que “segunda é dia de branco”, pois é dia de trabalho. Se for eu for entortar esse ditado batido, o sábado atrás dos balcões de atendimento, nas linhas de telemarketing, nas bicicletas e motocas de entrega, nas portarias, galpões e estoques, ah, pode apostar que sua cor, em sua maioria, é outra. 

Cantava o Mano Brow, chegou fim de semana todos querem diversão e se me lembro bem foi a primeira letra de hip hop que aprendi a cantar inteira na minha infância. Se há quem chame o domingo de descanso, o sábado seria o território da desforra, especialmente porque quase todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite, nem que seja uma crônica sobre o sábado. 

O sábado do rachão, de ir ao sacolão, o sábado da igreja, de um joguinho no sofá, de lavar uma calçada, de limpar a casa, de ver parente, de meter o pé, de voltar arrependido — é sempre no sábado que ele / ela volta, de caçar assunto, de virar outra pessoa ou descobrir quem se é de verdade. E isso mesmo sem a tal folga impossível. Porque a gente lutou muito pela existência subjetiva do sábado, pelo prazer prático do sábado, pela ideia incontornável de um sábado. 

Entre copos e fofocas, guarda-sóis e guardinhas de shopping, todo mundo é cronista entre a sexta e o domingo, todo mundo tem histórias para contar (algumas até aconteceram) e todo mundo percebe alguma coisa que nunca tinha percebido antes, e na segunda vai se esquecer, como é parte do costume. O sábado sempre é uma crise sem solução e isso é o que o torna tão interessante. Nossas disputas incansáveis não caberiam numa terça-feira. 

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