As metodologias mais comuns utilizadas para mensurar o nível de desemprego no Brasil apontam para números bem distantes da taxa mencionada pelo deputado Jair Bolsonaro. Segundo a última Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados referentes ao mês de junho de 2015, a taxa de desocupação ficou em 6,9%.
Essa taxa ficou praticamente estável em relação ao mês anterior (em maio, a taxa foi de 6,7%), mas houve um crescimento sensível em relação ao mesmo mês do ano passado. Em junho de 2014, a taxa de desocupação era de 4,8%. Ou seja, em um ano, a taxa cresceu cerca de 44% e o resultado foi o pior para o mês de junho desde 2010, segundo os dados do IBGE. Considerando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios contínua (PNAD), também do IBGE, a taxa de desocupação no trimestre móvel de março a maio de 2015 foi de 8,1%. Houve crescimento de cerca de 15,7% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) deixou de divulgar a taxa média de desemprego de todas as regiões metropolitanas analisadas a partir de julho de 2014 e passou a divulgar somente as taxas de cada região separadamente. A mudança ocorreu porque o órgão deixou de analisar a região metropolitana de Belo Horizonte em seus estudos e, por ser uma região economicamente importante do país e com grande concentração de empregos, houve a opção de só divulgar separadamente as taxas de desemprego (hoje o Dieese analisa as taxas de emprego de São Paulo, Fortaleza, Porto Alegre, Distrito Federal, Recife e Salvador). A última taxa divulgada com a média nacional foi há um ano, em junho de 2014, quando o Dieese divulgou que a taxa de desemprego era de 10,8%.
É impossível que a taxa tenha chegado aos 40% apregoados por Bolsonaro pela metodologia do Dieese. “Isso não existe. Isso é uma aberração. É uma invenção de Sua Excelência. Hoje, a projeção de desemprego nacional pela metodologia do Dieese deve estar entre 13% e 12,9%. O que é bem distante desse número”, afirma a coordenadora nacional da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese, Lúcia Garcia.
Segundo o site Trading Economics, que compara índices econômicos de países no mundo inteiro, só cinco países possuem taxas de desemprego acima dos 40%. São eles: Quênia, Haiti, Bósnia-Herzegovina, Congo e Djibuti. Todos eles têm situações econômicas muito piores que a brasileira.
Além disso, grande parte dos beneficiários do Bolsa Família trabalham. O benefício é dado a famílias cuja renda chega até R$ 154, mas não necessariamente todas estão desempregadas. Aliás, segundo o governo, a maior parte delas trabalha. Em dezembro passado, Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, afirmou com base nos dados do ministério que coordena o programa que 75% dos beneficiários do Bolsa Família trabalhavam. Ou seja, não vivem só do Bolsa Família, nem estão desempregadas.