O resultado da votação do veto do reajuste do Judiciário foi de fato apertado, mas isso não significa que houve uma “quase derrota” do governo, como afirmou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No caso do aumento dos servidores do Judiciário, a maior parte dos parlamentares tentou derrubar o veto, mas não conseguiu. Logo, esse grupo foi derrotado na sua intenção de garantir a reposição salarial, não o governo – ainda que a diferença entre os votos necessários tenha sido muito pequena. Foram feitas sucessivas tentativas. ao longo de meses, para que a questão fosse analisada com um resultado favorável para a União. E foi isso que aconteceu.
Há mais de dois meses o Executivo vem tentando desarmar a chamada “pauta-bomba”, um conjunto de medidas aprovadas pelo Congresso que geraria despesas não previstas e provocaria um profundo impacto nas contas públicas. A votação desse e de outros vetos na terça e na quarta-feira só foi possível depois de se fazer uma reforma ministerial e distribuição de cargos, numa tentativa de recompor a esfacelada base de apoio parlamentar. Por isso, os analistas têm opinião diferente da de Eduardo Cunha.
O resultado da votação no Congresso foi a manutenção de 12 vetos e a derrubada de apenas dois: um deles permitirá a impressão dos votos em urnas eletrônicas e vai gerar uma despesa de R$ 1,8 bilhão, enquanto o outro manteve um prazo de 15 dias para os repasses de 70% do valor dos depósitos judiciais, pelos bancos, a estados e municípios e ao Distrito Federal. Como a maioria dos vetos foi mantida, isso foi considerado uma vitória do governo para recompor a sua base de apoio.