Para viabilizar sua candidatura à presidência, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) precisará pedir à benção das igrejas evangélicas. Essa é a avaliação do pastor Geraldo Malta, da Assembleia de Deus do Brás. Ele preside o GT Cristão, um grupo que se autodeclara apartidário e diz reunir cerca de 400 pastores e cinco mil igrejas no país. Em São Paulo, o GT ajudou a articular o apoio de igrejas nas campanhas de Geraldo Alckmin, José Serra, Tarcísio de Freitas e, nacionalmente, a eleger Jair Bolsonaro como presidente.
“Tudo bem que ele é filho de Bolsonaro, tem que respeitar, mas existe um trabalho a ser feito com a ‘pastorada’”, disse Malta à Agência Pública. Embora Tarcísio negue que será candidato à presidência, e tenha inclusive declarado apoio à Flávio, ele segue sendo o nome preferido das alas evangélicas conservadoras, segundo o pastor, e não é carta fora do baralho. “Ele não quer, mas ‘chamado é chamado’”, disse, comparando a candidatura com uma missão divina.
Em clima de campanha, o pastor tem ajudado a articular agendas de Tarcísio nas igrejas evangélicas de São Paulo. No domingo passado (7 de dezembro), por exemplo, o governador deveria ter ido ao culto na Igreja Mundial do Poder de Deus, do televangelista e apóstolo Valdemiro Santiago, junto com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB-SP), mas só Nunes compareceu. Há pelo menos outras duas participações em cultos previstas ainda para este ano, aguardando confirmação.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, não Flávio, seria a segunda potencial cotada ao Planalto mais bem aceita pelos pastores depois de Tarcísio, avalia Malta. O pastor coloca o nome dela à frente, inclusive, de outros concorrentes fortes, como os governadores de Minas, Romeu Zema (Novo), de Goiás, Ronaldo Caiado (União) e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). “Até os números mostram isso [o bom desempenho de Michelle]”, disse. “Além de ser evangélica, ela é uma mulher que veio de origem humilde, venceu na vida. Que cuida da família. E até porque a direita nunca teve uma candidata mulher. O poder é das mulheres”, salienta o pastor.
A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, com apoio do pai, embora tenha sido apoiada pelo pastor evangélico e líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcanti, não foi bem recebida por outras lideranças religiosas. É o caso de Marcos Pereira, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e presidente do Republicanos, partido de Tarcísio, que não compareceu à reunião com Flávio e líderes dos partidos do Centrão. Após o anúncio, Silas Malafaia, um dos pastores mais atuantes do bolsonarismo comentou que “o amadorismo da direita faz a esquerda dar gargalhadas”.

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