EP 71 O encarceramento em massa no Brasil tem cor – com Juliana Borges
O dia seguinte ao lançamento deste episódio, 13 de maio, marca o dia da Abolição da Escravatura. Para muitos pensadores do movimento negro, contudo, a data deve ser vista de maneira crítica, já que, ainda que tenha sido resultado da resistência e luta das pessoas escravizadas e de grupos abolicionistas ao longo de muitos anos, quando se concretizou essa abolição, da forma como foi feita, não garantiu a reparação das pessoas escravizadas e nem se preocupou em inserir pessoas negras de forma igualitária na sociedade. As consequências são sentidas até hoje: na desigualdade de salários e de representação em espaços de poder e nos índices de violência sofrida por pessoas pretas. O racismo, como coloca o professor e agora também ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, vai muito além das ofensas raciais, é algo que estrutura a própria sociedade brasileira, estando enraizado nas diversas camadas sociais e especialmente no sistema de justiça e nas prisões. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em junho de 2022, 820.689 pessoas estão inseridas no sistema carcerário brasileiro. Destas, 67,4% são negras. Como o sistema de justiça brasileiro e as prisões reproduzem o racismo histórico brasileiro? Quem aborda essa questão é a nossa convidada de hoje, a antropóloga e escritora Juliana Borges, autora de “Encarceramento em massa” e “Prisões: espelhos de nós” e também pesquisadora da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.