EP 166 CLT virou meme? O trabalho nas mãos dos algoritmos
O avanço das tecnologias e da inteligência artificial, somados à crescente precarização, têm feito a CLT ser vista com desdém por parte da juventude, como um símbolo ultrapassado de um modelo de trabalho que já não parece mais acessível. A reforma trabalhista aprovada no governo Temer, em 2017, pavimentou esse cenário ao flexibilizar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). De acordo com o IBGE, o Brasil conta com pelo menos 2,1 milhões de brasileiros trabalhando por meio de plataformas digitais, que cumprem jornadas mais longas e têm menos proteção previdenciária do que os demais brasileiros.
Para falar como as relações de trabalho vêm se transformando nas últimas décadas, o Pauta Publica desta semana entrevista o sociólogo Ruy Braga que analisa como termos — antes sinônimo de estabilidade e conquista — passaram a ser criticados e desprezados. “Esse desmanche da utopia da sociedade salarial brasileira — de você ter um emprego protegido, ganhar um salário digno, trabalhar durante muitos anos numa empresa, viver uma aposentadoria digna, enfim — isso tudo fica para trás. […] E se não é alcançável, deixa de ser desejável. E se não é desejável, muitas vezes se transforma em algo que é motivo de repulsa.”