Buscar
Agência de jornalismo investigativo
Checagem

Telmário Mota e banda larga. Tá certo, mas pera aí!

“A chamada ‘banda larga’ (…) já alcança 94 milhões de brasileiros, principalmente com a disseminação do uso dos acessos móveis”, disse Telmário Mota (PDT-RR), senador, no plenário, na segunda-feira (9)

Checagem
10 de novembro de 2015
18:21
Este artigo tem mais de 9 ano
ta certo m laranja

A informação de que 94 milhões de brasileiros têm conexão à internet por meio de banda larga foi divulgada pelo ministro das Comunicações, André Figueiredo, durante reunião dos ministros das Comunicações dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na Rússia, no final de outubro. O dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponível na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), era referente a 2013 e estimava em 85,6 milhões o número de brasileiros de 10 anos ou mais conectados à rede. Nesse cenário, 97,7% dos 31 milhões de domicílios com acesso tinham conexão à banda larga fixa ou móvel. Logo, o número está dentro do previsto. Mas há outros problemas na frase do senador Telmário Mota (PDT-RR).

O que o parlamentar não menciona é que esse número está muito abaixo do que havia sido prometido pelo governo em 2010, quando foi anunciado o Plano Nacional de Banda Larga. Na época, a meta era chegar a 40 milhões de domicílios com conexões de alta velocidade em 2014 – o que não aconteceu. Um balanço do programa divulgado pelo Ministério das Comunicações em 2014 mostra que havia 23,1 milhões de conexões de banda larga fixa em domicílios brasileiros em maio daquele ano. O documento também informa que a quantidade de conexões de internet móvel teria chegado a 123,6 milhões de acessos na época. Não é possível, no entanto, saber quantas pessoas estão representadas nesse número, porque muitos celulares com conexão à web usam dois chips. Mais difícil ainda é saber quantos domicílios estão dentro desse universo.

A ampliação do acesso à banda larga foi também uma promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff. No ano passado, durante o programa eleitoral de 23 de outubro, o narrador informava: “[Dilma] vai criar o Banda Larga para Todos. E vai garantir internet rápida, barata e segura para milhões de brasileiros.” A afirmação recebeu uma carta Truco! durante a checagem da campanha, mas as três perguntas encaminhadas à candidata não foram respondidas. O projeto também ainda não saiu do papel.

Outro aspecto não falado pelo parlamentar é a velocidade das conexões de banda larga no Brasil. De acordo com um estudo feito pelo G1, com base nos dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a velocidade média no país está em 3 Mbps, atrás de Kuwait, Sri Lanka e Iraque. Em 406 cidades brasileiras, o máximo registrado foi de 512 kbps, inferior a países como a Líbia. O resultado poderia ser ainda pior se tivesse incluído as conexões 3G e 4G, mas o levantamento considerou apenas a banda larga fixa. Outros 456 municípios do país contam com velocidades similares a países como Suíça e Japão.

O senador Telmário Mota (PDT-RR), durante discurso no plenário
O senador Telmário Mota (PDT-RR), durante discurso no plenário. Foto: Moreira Mariz/Agência Senado.

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Se você chegou até aqui é porque realmente valoriza nosso jornalismo. Conheça e apoie o Programa dos Aliados, onde se reúnem os leitores mais fiéis da Pública, fundamentais para a gente continuar existindo e fazendo o jornalismo valente que você conhece. Se preferir, envie um pix de qualquer valor para contato@apublica.org.

Truco

Este texto foi produzido pelo Truco, o projeto de fact-checking da Agência Pública. Entenda a nossa metodologia de checagem e conheça os selos de classificação adotados em https://apublica.org/truco. Sugestões, críticas e observações sobre esta checagem podem ser enviadas para o e-mail truco@apublica.org e por WhatsApp ou Telegram: (11) 99816-3949. Acompanhe também no Twitter e no Facebook. Desde o dia 30 de julho de 2018, os selos “Distorcido” e “Contraditório” deixaram de ser usados no Truco. Além disso, adotamos um novo selo, “Subestimado”. Saiba mais sobre a mudança.

Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes