Buscar
Agência de jornalismo investigativo
Checagem

Rombo nas contas públicas é de R$ 170 bi?

Senador do PMDB considerou revisão da meta fiscal como fato consumado, mas número previsto pode ser maior ou menor

Checagem
5 de julho de 2016
09:00
Este artigo tem mais de 7 ano

“E hoje, infelizmente, estamos aí a enfrentar um rombo nas contas públicas de aproximadamente R$ 170 bilhões.” – Dario Berger (PMDB-SC), senador, em discurso no Senado no dia 22 de junho

Falso
Falso

O senador Dario Berger (PMDB-SC) protestou no plenário, no dia 22 de junho, contra o que chamou de “rombo nas contas públicas de aproximadamente R$ 170 bilhões”. Embora o governo interino tenha pedido permissão ao Congresso Nacional para atingir um déficit de até R$ 170,5 bilhões nas contas públicas em 2016, esse número é um teto. A equipe econômica ressaltou diversas vezes que tentará fechar o ano com um rombo menor. O Truco no Congresso – projeto de fact-checking da Agência Pública, feito em parceria com o Congresso em Foco – verificou a frase e concluiu que o senador errou ao citar o atingimento da meta fiscal como um fato consumado.

O fechamento dos números se dará somente no final de dezembro. Não é possível saber o rombo nas contas públicas “hoje”. O dado mais atual, divulgado na terça-feira (28/06) pela Secretaria do Tesouro Nacional, aponta um déficit de janeiro a maio de R$ 23,8 bilhões – maior valor negativo, desde 1997, para os cinco primeiros meses do ano.

Quanto ao resultado esperado ao final do ano, o ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, estimou no início do mês que o governo fechará o exercício com déficit de pelo menos R$ 152 bilhões. Pouco depois, também em junho, o mercado avaliou que o rombo seria menor, de R$ 134,2 bilhões.

As diferenças e as incertezas que rondam os números são naturais, uma vez que por mais que os gastos possam ser controlados pelo governo, a arrecadação prevista nem sempre se confirma. Além disso, há receitas que também são incertas e podem não se concretizar – por isso, não foram contabilizadas pelo governo interino ao recalcular a meta fiscal. Caso venham a acontecer, entretanto, poderão dar um alívio às contas federais – como a eventual recriação da CPMF.

Outro ponto que o governo “tirou da balança” para recalcular a meta fiscal foi a repatriação de recursos do exterior. Por mais que a gestão atual não faça estimativas a respeito do volume de retorno de recursos lícitos e não declarados que poderão retornar ao Brasil, o governo anterior calculava em pelo menos R$ 20 bilhões o montante a ser repatriado neste ano. Com a confirmação do número – que pode ser muito superior –, ficaria coberto o acordo assumido pela União ao renegociar a dívida dos estados recentemente.

Assim, ainda é cedo para saber se o governo fechará o ano dentro da meta. Cravar um déficit de R$ 170,5 bilhões agora é imprudente, já que ele depende de muitos fatores para se confirmar – podendo se menor ou maior.

dario-berger-meta
O senador Dario Berger (PMDB-SC), que exagerou ao criticar déficit previsto como fato consumado. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Procurada, a assessoria do senador Dário Berger (PMDB-SC) informou que o número foi citado de improviso, na tribuna do plenário, e que o senador tem consciência das incertezas que rondam a meta fiscal. Assim, ele teria feito referência ao valor de déficit autorizado pelo Congresso para todo o ano de 2016, e não ao montante negativo registrado até hoje.

Precisamos te contar uma coisa: Investigar uma reportagem como essa dá muito trabalho e custa caro. Temos que contratar repórteres, editores, fotógrafos, ilustradores, profissionais de redes sociais, advogados… e muitas vezes nossa equipe passa meses mergulhada em uma mesma história para documentar crimes ou abusos de poder e te informar sobre eles. 

Agora, pense bem: quanto vale saber as coisas que a Pública revela? Alguma reportagem nossa já te revoltou? É fundamental que a gente continue denunciando o que está errado em nosso país? 

Assim como você, milhares de leitores da Pública acreditam no valor do nosso trabalho e, por isso, doam mensalmente para fortalecer nossas investigações.

Apoie a Pública hoje e dê a sua contribuição para o jornalismo valente e independente que fazemos todos os dias!

apoie agora!

Quer entender melhor? A Pública te ajuda.

Truco

Este texto foi produzido pelo Truco, o projeto de fact-checking da Agência Pública. Entenda a nossa metodologia de checagem e conheça os selos de classificação adotados em https://apublica.org/truco. Sugestões, críticas e observações sobre esta checagem podem ser enviadas para o e-mail truco@apublica.org e por WhatsApp ou Telegram: (11) 99816-3949. Acompanhe também no Twitter e no Facebook. Desde o dia 30 de julho de 2018, os selos “Distorcido” e “Contraditório” deixaram de ser usados no Truco. Além disso, adotamos um novo selo, “Subestimado”. Saiba mais sobre a mudança.

Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes