“Marielle, presente! Justiça por Marielle. Estamos perto de descobrir o mandante do assassinato”. Essas frases se repetiram nas falas de diversas mulheres negras que participaram da 8ª edição da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, na noite de terça-feira, 25 de julho.
Este ano, a marcha teve o tema “Mulheres negras em marcha por um Brasil com democracia. Sem racismo, sem violência, sem anistia para os fascistas. Justiça por Marielle e por Luana Barbosa, por nós, por todas nós, pelo bem viver”.
A manifestação acontece todo dia 25 de julho, data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, desde 2014, por conta da lei 12.987 a data também marca o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu e liderou o Quilombo do Piolho, localizado na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, atual estado de Mato Grosso.
Artistas, ativistas, movimentos sociais, políticos e coletivos se concentraram na Praça da República, no centro da cidade. A multidão que acompanhou o ato assistiu a shows, ouviu discursos e aplaudiu cada apresentação fervorosamente, antes de caminharem pelas avenidas até a biblioteca Municipal Mário de Andrade – onde escritoras negras foram homenageadas.
“Historicamente, as mulheres negras são obrigadas a ir pra rua para reclamar justiça pelos seus mortos. As mães são obrigadas a ir pras ruas para salvar a honra dos seus filhos assassinados. Este dia no ano, pelo menos um, em que a gente vem pras ruas, não simplesmente para buscar justiça por um nosso que morreu, que tombou, mas pra dizer que nós temos um projeto de sociedade, que nós temos um projeto de bem viver, que esse mundo não basta pra gente”, disse a vereadora Luana Alves (PSOL-SP).
A ativista e coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU) em São Paulo, Regina Lúcia dos Santos, 68 anos, foi ovacionada quando subiu no palco. “É muita dor, é muita luta é muita opressão ainda, mas nós, povo negro, temos muito a oferecer pra essa sociedade que tenta nos matar, nos calar, acabar com a nossa possibilidade de vida e nós oferecemos o bem viver. Isso não é pouca coisa, pra quem passa o que nós passamos.”