O empresário Cristiano Piquet, que informou à Polícia Federal (PF) ter transportado uma mala de joias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sem saber o conteúdo, está em Balneário Camboriú (SC) para participar do CPAC Brasil, realizado neste fim de semana. O evento organizado pelo Instituto Conservador Liberal (ICL), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), é a versão brasileira do maior fórum conservador dos Estados Unidos.
Cristiano Ottoni Piquet publicou imagens mostrando sua participação no congresso neste sábado (6) em seu perfil no Instagram. Na postagem, ele informa que a Piquet Realty – do ramo imobiliário na Flórida – apoia o CPAC. A imagem foi compartilhada por Eduardo Bolsonaro.
O empresário também mostrou seu crachá, de cor amarela, que dá acesso ao espaço onde estão sendo acomodados palestrantes e autoridades. A imprensa não tem acesso à área reservada aos convidados.
Na última quinta-feira (4), Jair Bolsonaro foi indiciado pela PF pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso das joias milionárias que teria recebido de presente na condição de chefe de Estado. Além do ex-presidente, outras 11 pessoas foram indiciadas.
O empresário Cristiano Piquet não está na lista, mas foi uma importante testemunha no inquérito. Em depoimento aos investigadores, Piquet confirmou que teria transportado uma bolsa de Orlando para Miami a pedido da equipe de Bolsonaro. Ele afirmou, no entanto, não saber o que tinha dentro da bolsa. A informação foi revelada no podcast do Uol Cid: a sombra de Bolsonaro, que ouviu o empresário.
Na mala, segundo o Uol, estaria um kit composto por um barco e uma palmeira, supostamente de ouro, que o ex-presidente teria ganhado de presente no Bahrein. Em Miami, as joias seriam vendidas pelo general Mauro Lourena Cid, pai do então ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid.
Segundo as investigações da PF, Piquet também teria auxiliado a equipe de servidores da Presidência a providenciar a estada de Jair Bolsonaro em Orlando. Derrotado nas urnas, o ex-presidente foi para a cidade em 30 de dezembro de 2022, onde permaneceu até 30 de março de 2023. Ele ficou hospedado na casa do lutador de MMA José Aldo.
Bolsonaro no CPAC Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro discursou na abertura e no encerramento do CPAC Brasil neste sábado. Nas duas ocasiões, ele disse estar à disposição da imprensa para ser sabatinado ao vivo “sobre qualquer coisa”. Na sua última fala do dia, ele citou “os presentes”: “Imagine se no 8 de janeiro eu não tivesse saído do Brasil? Passei alguns meses fora, fui muito bem recebido. Voltamos para cá com todos os riscos, de toda ordem. Grande mídia, ao vivo, estou pronto para ser sabatinado por vocês. Vamos falar de baleias, de presentes, de golpe”, destacou.
A defesa do nome de Bolsonaro como candidato à Presidência para 2026 deu o tom do primeiro dia do evento. Diante do indiciamento da PF e, apesar de estar inelegível, ficou evidente o movimento para apoiar e fortalecer o nome do ex-presidente como única via para disputar o cargo. “Eu tenho três opções para presidente em 2026: primeiro Jair, segundo Messias e terceiro Bolsonaro”, proclamou Nikolas Ferreira, arrancando aplausos dos participantes.
“Você [Bolsonaro] é nosso candidato, você é o nosso presidente para voltar em 2026 e ser presidente em 2027”, afirmou o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), dirigindo-se a Jair Bolsonaro.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que também estava no palco com Nikolas, o governador e o ex-presidente, afirmou que “a direita está unida e tem uma liderança, que é o nosso presidente Bolsonaro”. Tarcísio é apontado como possível nome para substituir o ex-presidente no próximo pleito.
“Ultimamente, tem alguns governadores, figuras de expressão nacional, já lançando seus nomes à Presidência da República, mas o nosso pré-candidato à Presidência em 2026 se chama Jair Messias Bolsonaro”, cutucou o deputado estadual por São Paulo Gil Diniz (PL).
O palestrante de destaque do domingo é o presidente da Argentina, Javier Milei. Frequentador das edições anteriores do CPAC Brasil, é a primeira vez que ele vem ao país como chefe de Estado sem se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).