EP 113 Golpe 60 anos, o militarismo de ontem e hoje – com Celso Castro
A derrubada do Presidente João Goulart, articulada pela Força Militar entre 31 de março e 2 de abril de 1964, marca o início do Golpe Civil-Militar ou Ditadura Militar no Brasil. Com a justificativa de ser uma espécie de “governo de transição” temporário para um retorno à normalidade, a intervenção foi o início de um regime marcado por violência, torturas, perseguição política e mortes, que durou 21 anos. Muito tempo.
A retomada da democracia se deu a partir do que se comprovou ser um acordo frágil de silêncio e impunidade. No entanto, familiares de desaparecidos, vítimas de violência e grupos da sociedade civil rejeitaram esse pacto e ao longo dos governos democráticos que sucederam a ditadura, houve diversos tipos de atos em homenagem às vítimas desse período sombrio da história do Brasil, buscando, para além da memória, a reparação.
No aniversário de 60 anos do golpe, no entanto, ocorre uma surpresa: o presidente Lula decide ordenar o cancelamento, oficialmente, de atos em memória dos mortos e desaparecidos da Ditadura, que seriam realizados pelos ministérios da Cidadania e da Defesa. Segundo o Presidente, é uma tentativa de evitar confrontos com os militares diante do avanço das investigações sobre a articulação golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Será que estamos mesmo superando o passado ou nos condenando a repeti-lo?
Neste episódio especial, com uma abertura diferente, o Pauta traz uma entrevista gravada há alguns meses. Natalia Viana e Guilherme Amado entrevistam o diretor da Escola de Ciências Sociais da FGV, Celso Castro. Antropólogo, historiador, escritor e pesquisador, Celso é um dos nomes mais importantes do país no estudo dos militares e nessa conversa detalha, para além dos eventos recentes, a ideologia militar que é de onde vingaram os planos de rupturas democráticas. Como é construída essa doutrina e como caminhamos para esse momento em que os militares retornaram à política, dessa vez entranhados em governos democraticamente eleitos. Vamos entender um pouco mais sobre o militarismo de ontem e hoje.