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Bolsonaro gastou R$ 4,5 milhões em um dia no YouTube

Campanha do presidente explode gastos no 2º turno; um dos vídeos patrocinados contém mentiras sobre Auxílio Brasil e PT

Reportagem
24 de outubro de 2022
10:25
Este artigo tem mais de 2 ano

Se você assistiu a vídeos no YouTube nos últimos dias, é provável que tenha visto algum conteúdo patrocinado pela campanha de Jair Bolsonaro (PL). Isso porque o presidente pagou mais de R$ 14 milhões em anúncios entre 16 a 22 de outubro — um recorde nos gastos destas eleições na plataforma.

Levantamento da Agência Pública mostra que Bolsonaro turbinou os gastos com anúncios no YouTube nessa reta final do 2º turno. Até a manhã de segunda, 24 de outubro, o candidato já havia pago R$ 19,9 milhões em publicidade com vídeos. Ao todo, foram mais de R$ 21 milhões pagos ao Google, incluindo anúncios de texto que aparecem nas buscas feitas por usuários. Uma delas, por exemplo, é um anúncio para quem pesquisasse por “Bolsonaro no SBT”. O link pago redireciona para um site registrado pela agência paga por Bolsonaro.

Os gastos da campanha de Bolsonaro representam quase um quinto de tudo que já foi pago ao Google nestas eleições (19,1%).

Gráfico diário de gasto ao longo do tempo em anúncio.
Campanha de Bolsonaro pagou mais de R$ 1 milhão em anúncios por dia nos últimos quatro dias. Recorde é de 22 de outubro, com mais de R$ 4 milhões

Com a explosão de gastos, Bolsonaro passou com folga a campanha do seu concorrente, Lula (PT), que pagou R$ 17,5 milhões no mesmo período. Até a semana anterior, era o petista quem estava à frente nos gastos com publicidade.

A estratégia digital de Bolsonaro no YouTube repete o que o político fez no primeiro turno. Na época, ele também aumentou os gastos nos dias anteriores à votação. O recorde da sua campanha até então era de R$ 1,1 milhão gastos em um único dia, 30 de setembro, o último permitido para os anúncios.

Já no 2º turno, Bolsonaro tem gasto bem mais: em quatro datas da última semana o candidato pagou mais de R$ 1 milhão por dia em anúncios de vídeo. O maior valor até agora aconteceu no dia 22, sábado, quando a campanha Bolsonaro pagou R$ 4,59 milhões.

Campanha de Bolsonaro aposta em vídeos segmentados para usuários de grandes cidades

A Pública analisou os vídeos impulsionados por Bolsonaro nos últimos dias e concluiu que parte da explosão de gastos se deve a uma série de vídeos gravados pelo presidente para usuários de cidades específicas.

“Você que é de Duque de Caxias, eu quero falar com você”, começa Bolsonaro em um vídeo impulsionado apenas para quem acessa do município, que fica ao norte da capital. Na gravação, o presidente afirma que “posso nem sempre usar as palavras certas”, mas que deseja “proteger a inocência das nossas crianças”. Ele convoca quem assiste a entrar no seu canal de Telegram e a votar 22. A campanha gastou de R$ 10 mil a R$ 15 mil com o anúncio, que foi visto cerca de 400 mil vezes, segundo dados do Google.

Bolsonaro fez gravações iguais para ‘você que é de” Campinas, Goiânia, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Guarulhos, Belém, Recife e várias outras cidades brasileiras.

Reprodução de campanha de Bolsonaro no Youtube.
Campanha de Bolsonaro aposta em série de vídeos endereçados a usuários de grandes cidades brasileiras

Em outra peça, destinada apenas a usuários de Minas Gerais, Bolsonaro diz “sabia que meu vice-presidente, o General Braga Neto, é mineiro de Belo Horizonte?”. Mais à frente, o candidato chama Juiz de Fora de sua “segunda terra natal”. O anúncio custou entre R$ 500 a R$ 1 mil e foi visto mais de 45 mil vezes.

Além da segmentação, um dos vídeos patrocinados por Bolsonaro na última semana mente: “lembro que na Câmara todos os deputados do PT votaram contra o auxílio Brasil”, diz o presidente. Checagem do Aos Fatos mostra que o benefício foi aprovado na Câmara por unanimidade, no ano passado – o que inclui o PT. O que a maioria da bancada do PT votou contra foi a PEC Emergencial, que permitia descumprir regras fiscais para estender o pagamento do auxílio emergencial.

Bruno Fonseca/Agência Pública
Bruno Fonseca/Pública

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