Você conhece a Agência Pública, já leu nossas reportagens e talvez até já tenha apoiado nosso jornalismo no passado. Deve saber que a Pública nasceu do sonho de jornalistas mulheres há oito anos. O Brasil era outro, mas uma coisa já era clara: o jornalismo tradicional não estava investigando o que governantes, congressistas e empresários estavam fazendo para lucrar mais, prejudicando a vida de comunidades inteiras no caminho.
Nós sempre acreditamos que dava para investigar coisas super importantes que a imprensa deixava de lado, e com isso mudar o jornalismo brasileiro. Naquela época havia muitos sites de opinião, muitos blogs, muita especulação e pouco fato. Por isso, desde o começo nos dedicamos 100% a fazer apenas jornalismo investigativo. Fomos as primeiras a ter essa ousadia, e por isso eu lembro que um articulista importante chegou a se referir à Pública como “auto-denominada” agência de jornalismo investigativo. Machismo, claro.
Oito anos depois, continuamos fiéis a esse princípio. Não publicamos opinião, apenas fatos. Não fazemos conjectura nem levantamos suspeitas: nós investigamos. E quando publicamos algo, é porque temos provas.
Disso você já sabe. O que talvez você não saiba é que nossas reportagens são publicadas por mais de 700 veículos no Brasil e no exterior, chegando potencialmente a 26 milhões de pessoas. E furando a bolha: os sites publicam nossas investigações para todo tipo de público – desde os leitores engajados do blog Combate Racismo Ambiental até os executivos que lêem a Revista Exame, ou os ingleses que se dedicam às páginas do The Guardian.
Nossa estratégia de republicação é tão eficaz que rendeu uma matéria no site militarista “Sociedade Militar” comentando como as nossas reportagens de espalham.
Foi furando bolhas e mostrando bom jornalismo que nossa cobertura ajudou a transformar o tema de gênero em uma pauta principal na agenda da imprensa. Um exemplo: demos nome aos bois ao chamar a morte de Eliza Samúdio de feminicídio.
Fomos nós que trouxemos para o Brasil os documentos vazados pelo WikiLeaks, um marco na imprensa brasileira. Também foi uma de nossas reportagens que ajudou a levar o então governador de São Paulo a proibir as revistas vexatórias nos presídios.
Teve muito mais. A Pública foi o primeiro site a investigar a fundo e in loco as relações corruptas da Odebrecht e da Vale com os governos de Angola e de Moçambique; provamos como a Vale espionava ativistas que protestavam contra ela para calá-los; encontramos restos de bombas de Napalm que foram atiradas pela ditadura sobre o Vale do Ribeira, onde havia população civil e animais; provamos que foram os grupos de direita que espalharam os atentados terroristas em 1968 que foram usados pelos militares para decretar o Ai-5.
Fizemos a primeira investigação sobre a articulação de direita nas redes sociais e a manipulação do discurso público, quando nem existia ainda o termo “Fake News”. E provamos que o MBL nasceu com financiamento da ultradireita americana. Ufa!
Ganhamos 42 prêmios nacionais e internacionais e fomos finalistas de todas as premiações relevantes do continente.
Cada história da Pública passa por duas edições, uma revisão jurídica e uma revisão de texto – no mínimo. Publicamos todas as fontes e documentos que nos permitem fazer afirmações como “Este adolescente foi assassinado pelo Exército por engano. E a Justiça Militar considerou ‘um erro escusável’”, ou “Apoiadores de Bolsonaro realizaram pelo menos 50 ataques em todo o país”, ou ainda: “Documento revela descaso da Vale com o risco de morte em ferrovia”.
Você já deve ter reparado que não publicamos mais do que uma reportagem por dia. E não é porque não temos material: é porque só publicamos quando temos, de fato, a história completa, as provas e os documentos. E isso dá muito, muito trabalho.
Desde as eleições presidenciais, demos uma guinada na nossa cobertura, em busca de tornar nossa produção mais dinâmica, mais “quente” e mais certeira: queremos investigar as consequências do governo Bolsonaro sobre a população brasileira.
E aí você pergunta: mas tem história suficiente? Ô se tem. Pauta sobra, mas faltam braços.
Por isso, precisamos de mais repórteres em Brasília, mais repórteres pelo Brasil afora, pelos rincões onde o excesso de armas e a euforia causada pelo apoio irrestrito aos donos de terra já causa um acirramento da violência. E precisamos do seu apoio, para construir essa nova Pública.