Uma mensagem de 7 de janeiro de 2009 assinada pelo ex-embaixador Clifford Sobel faz um diagnóstico da violência em Brasília e Recife, sedes da embaixada e de um consulado dos Estados Unidos. “Transporte público, setores hoteleiros e áreas turísticas ainda são os locais com maiores índices de crimes, mesmo que o Escritório Regional de Segurança receba notificações de incidentes de todas as áreas a todo tempo”, descreve o texto que aponta o uso frequente de armas por marginais e a presença recorrente de violência gratuita nas ações.
O conteúdo do documento serviu de base para o relatório de segurança daquele ano do OSAC, um conselho de consultoria de segurança no exterior ligado ao Departamento de Estado Americano. Sua versão mais recente está online desde o último dia 20 de abril e não apresenta maiores mudanças na análise da questão de segurança em Brasília ou em Recife.
De acordo com o telegrama diplomático, os grupos criminosos se consolidaram levando a uma queda nos conflitos entre eles, fazendo com que eles voltem-se a alvos civis.
As áreas de Brasília apontadas no relatório como as mais perigosas são a área hoteleira e mercados abertos.
O diagnóstico sobre Recife tem um tom mais alarmante. “Todas áreas de Recife podem ser consideradas perigosas, especialmente à noite. Visitantes devem tentar limitarem-se às áreas de Boa Viagem, Graças e Casa Forte”, alerta a mensagem.
Os sequestros-relâmpago são apontados como frequentes tanto em Brasília como em Recife. “Ricos e indivíduos de destaque expressam preocupação com sequestros por resgates. A atenção local continua a focar-se na possível correlação entre altas taixas de criminalidade em áreas adjacentes a acessos a sistemas de transporte público e entroncamentos, como estações de ônibus”, relata o telegrama que aconselha cautela também para telefonemas de falsos sequestros.
Outro cuidado apontado no telegrama da embaixada e no relatório da OSAC é com roubos a residências. Segundo o texto, este tipo de crime ocorre regularmente e a polícia os atribui a quadrilhas de São Paulo e Rio de Janeiro que visam as áreas residenciais em volta de Brasília. “Outros suspeitos são pessoas das cidades-satélites ao redor que viajam de ônibus ou de carro pelas vizinhanças procurando por alvos oportunos”, descreve a mensagem.