EP 3 Êô Êô, o Samuca é o terror
O terceiro episódio de Caso K – A História Oculta do Fundador da Casas Bahia revela as estratégias que o empresário Samuel Klein utilizava para ampliar sua rede de exploração sexual de meninas e adolescentes.
No final dos anos 1990, nas vésperas dos finais de semana, na Ilha Porchat, em São Vicente, litoral de São Paulo, uma ruazinha que dava para um condomínio de alto padrão ficava lotada. Homens, mulheres e crianças, todos ali esperavam a mesma pessoa: o dono da Casas Bahia, Samuel Klein.
O empresário mal chegava e saía com uma sacola cheia de dinheiro para distribuir. Entre uma nota de R$ 50 e outra, Klein convidada as meninas que encontrava na fila para tomar café em seu apartamento. Era o anzol que utilizava para ampliar seu esquema de exploração sexual de meninas e adolescentes.
“Entrando no apartamento ele puxou meu rosto e me deu um beijo na boca, tipo selinho, passou a mão nos meus seios, riu e disse: “tudo durinho”, relata uma das vítimas.
Nesse tempo, as manchetes dos jornais celebravam o crescimento dos negócios do fundador da Casas Bahia. A empresa era parte fundamental daquela engrenagem de exploração.
Confira abaixo o roteiro do episódio na íntegra:
[Mariama Correia]
Imagina a cena. Uma ruazinha estreita, privada e cheia de gente. Todo mundo meio aglomerado, sob o sol, nos fundos de um prédio de apartamentos de alto padrão. Uma fila de homens, mulheres, adolescentes, meninas e meninos. No final dos anos noventa, nas vésperas dos finais de semana, essa pequena rua, na Ilha Porchat, em São Vicente, litoral de SP, ficava lotada. Todos ali esperavam a mesma pessoa: o dono da Casas Bahia.
Quando Samuel [Klein] chegava no seu apartamento de frente pro mar, tinha um hábito que se repetia: ele vestia uma bermuda, calçava uns chinelos, e ia pra porta do prédio distribuir dinheiro para quem estivesse por lá. Todo mundo ganhava, uma nota de 50, às vezes uma nota de 100. Imagina só o tumulto quando ele aparecia. Aí, enquanto andava pela fila e conversava rapidamente com uma ou outra pessoa, Samuel aproveitava para convidar as meninas para tomarem um café em seu apartamento.
[Clarissa Levy]
Em 2021, a gente foi até esse endereço. Lá, a gente conversou com o porteiro, procurando saber sobre a rotina do antigo morador de veraneio. Lembro de perguntar: era aqui que o pessoal formava a fila? E o porteiro indicar: sim. Ficava cheinho de gente. Direto.
[Mariama Correia]
Samuel Klein distribuía dinheiro na porta do prédio como uma estratégia para chamar meninas pro seu esquema de exploração sexual. E funcionava. Uma fonte com quem conversamos contou que quando corria a notícia de que ele tinha chegado, as meninas começavam a se aglomerar por lá. Mais de 50 meninas, que formavam fila na esperança de receber alguma coisa. E as que ele não atendia, ficavam esperando.
As que subiam até o apartamento do empresário contam que lá tinha sempre uma mesa de café, com bolachas e geléia. Da mesa , Samuel chamava algumas pra ir pro quarto e todas saiam com algum dinheiro.
[Clarissa Levy]
Imagina, um prédio chique que aos finais de semana, ficava cheio de meninas adolescentes circulando pelos elevadores, escadas. Todo esse movimento, nos disseram, incomodava os vizinhos. Lá no prédio, a gente entrevistou dois antigos síndicos que contaram histórias um pouco diferentes entre si sobre a presença de Samuel. Mas em comum, os dois confirmaram que em certo ponto, ficou intragável para os moradores todo o movimento de meninas nos elevadores e na frente do prédio. Um dos síndicos, comentou meio que sutilmente que todo mundo meio que sabia o porquê de tantas meninas subirem no apartamento do empresário. Mas o outro ex síndico, apesar de confirmar as filas, aliviou.
[Entrevista ex-síndico]
A única coisa que a gente podia chamar, vamos chamar aqui, incomodava um pouco, é verdade, é que ele era uma pessoa muito benemérito, independentemente do que se fala dele, do filho, que era um tarados sexuais, etc. Mas o que ele fazia? Ele enchia sacolas de dinheiro e o pessoal aqui da São Vicente, que é um povo muito pobre, fazia filas na Paulo Gonçalves, ele dava 50, 100 reais, então ficava aquele tumulto. Você imagina você querer impedir uma pessoa de querer entrar lá para ganhar 50 reais. É um negócio meio complicado. Mas isso foi transitoriamente.
[Mariama Correia]
O que conseguimos checar, foi que os moradores da época acabaram fazendo um abaixo assinado para forçar Samuel a parar de frequentar o prédio. Ele foi, digamos, expulso. O fluxo de meninas sumiu e a paz voltou ao condomínio.
[Clarissa Levy]
A gente tentou localizar qualquer denúncia ou informação registrada no Conselho Tutelar de São Vicente e não achamos nada. Parece que ninguém, ninguém mesmo, achou que era uma situação para ser denunciada às autoridades que protegem a infância e adolescência.
[Mariama Correia]
Samuel seguiu livre para operar seu esquema em outros endereços.
[Clarissa Levy]
Essa série aborda casos de abuso e exploração sexual de meninas e mulheres e pode gerar gatilhos pelo conteúdo descritivo de situações de violência. Tenha cuidado ao ouvir.
[Thiago Domenici]
Olá. Esse é o terceiro episódio de Caso K – a história oculta do fundador da Casas Bahia. Se você chegou aqui por agora, recomendo voltar no episódio 1 e 2, para não se perder o fio dessa história.
[Vítima]
Era aquele negócio, ‘ai, você não tem uma amiguinha? Traz uma amiguinha diferente que eu te dou um presentinho’. E era uma coisa assim, tão automática, que você falava assim, ‘ai, você não tem uma amiguinha bonita?’ Ai, eu tenho.
[Thiago Domenici]
No segundo episódio a gente revelou o que descobrimos sobre a porta de entrada, a engrenagem inicial, do esquema de violência sexual que – segundo nossa investigação – Klein manteve por mais de 3 décadas. Tudo começava na sede de sua empresa, em um quartinho anexo à presidência da Casas Bahia. E contamos o que conseguimos apurar sobre outras peças fundamentais para fazer a roda da exploração girar.
[Vítima]
Não tem quem em Santos não conheça a Kátia da hérnia.
[Thiago Domenici]
Mas a máquina de exploração, que se nutria da estrutura da empresa, da riqueza de seu fundador e da vulnerabilidade de adolescentes pobres, se amplia. Extrapola São Caetano do Sul. E chega ao litoral. Novas lojas, novos imóveis e mais abusos. Eu sou o Thiago Domenici e te acompanho nesta história.
[Mariama Correia]
Esta série é toda baseada em uma investigação feita por uma equipe de repórteres da Agência Pública ao longo dos últimos 4 anos. Para produzir este material, entrevistamos mais de 60 pessoas e consultamos mais de 5000 páginas de processos judiciais. No site da Agência Pública você pode ler nossa cobertura completa sobre o caso, publicada desde 2021. O link está na descrição do episódio. Eu sou a Mariama Correia.
[Clarissa Levy]
E eu sou a Clarissa Levy. Chegamos ao episódio três: Eo, Eô, o Samuca é o terror.
[Thiago Domenici]
Precisamos voltar um pouco no tempo para explicar como a estratégia de crescimento das Casas Bahia está totalmente ligada à expansão do esquema de exploração sexual de Samuel. Vamos para 1972. Samuel Klein possuía 15 lojas da Casas Bahia no ABC paulista e agora centrava força de expansão para outra região de São Paulo: a Baixada Santista. Em poucos meses, Klein já havia adquirido lojas em Santos, Cubatão, Vicente Carvalho, Praia Grande, e outras cidades. Assim, as regiões do ABC e da baixada passaram a ser domínio da Casas Bahia. Nos jornais da região, a figura do empresário era constantemente retratada em manchetes que celebravam a expansão da empresa. Samuel também era celebrado em colunas sociais e recebia diversos títulos e honrarias.
[Arquivo TV]
“Para conceder o título de cidadão emérito à Samuel Klein.”
[Thiago Domenici]
Os anos 70 são muito importantes para entender a estratégia de expansão do negócio que começou na Grande São Paulo para depois partir para o interior do estado. A velocidade de crescimento dos negócios acelera quando o empresário compra uma financeira, a Intervest. Com isso, ele amplia a sua linha de crédito. Samuel considerava essa a decisão mais importante que tinha tomado até ali.
[Arquivo voz Samuel Klein]
“Essa foi a maior arma que eu podia adquirir, porque eu não tinha capital de giro suficiente para financiar toda essa venda, que os fregueses queriam comprar. Então eu adquiri um controle acionário de uma financeira que ela financiava não a mim, Casas Bahia, e sim os fregueses que compravam de mim. E com isso, eu consegui capital de giro. Eu tinha lucro operacional e tinha lucro financeiro.”
[Thiago Domenici]
A Casas Bahia seguiu aumentando sua presença no mercado e comprando outros negócios como a rede de lojas Piratininga e a fábrica de móveis Bartira, que foi adquirida em 1978.
[Arquivo TV]
Ilha Porchat Club, o centro social recreativo das famílias que frequentam as praias de Santos e São Vicente, onde você poderá se divertir e descansar o ano inteiro.
[Mariama Correia]
Nas décadas de 70 e 80, a Baixada Santista era destino turístico da elite paulistana, frequentado também por celebridades, como Pelé, Xuxa e Roberto Carlos. Samuel Klein abriu lojas na baixada justamente nesse período. Mas nesse movimento também aparece, de certa forma, um interesse de Samuel nas praias, ou melhor, na baixada como destino de veraneio. Ele comprou imóveis na região. Um deles bem de frente ao mar. Em uma área privilegiada de Santos. No Universo Palace.
Quando foi inaugurado, em janeiro de 1976, o Universo Palace era considerado o maior empreendimento turístico da América do Sul. No local funcionava clube, hotel e shopping. No seu auge, o Universo Palace abrigou a edição do Primeiro Prêmio do Cinema Brasileiro e a Pink Panther, uma boate badalada que recebia espetáculos musicais e artísticos de todo Brasil.
[Arquivo YT]
“O pink era frequentado por todos os tipos de e por todas as gamas. Gente famosa do teatros e da televisão.”
[Mariama Correia]
Mas todo esse glamour durou bem pouco. No final dos anos 80, o hotel fechou as portas e os apartamentos foram vendidos para se tornarem unidades residenciais. Foi justamente nesse período que Samuel Klein comprou quatro apartamentos dentro do condomínio. Depois da loja de São Caetano, o Universo Palace seria o segundo destino dos encontros privados de Samuel com meninas e mulheres, que eram cada vez mais frequentes. E com mais gente.
[Clarissa Levy]
Enquanto a gente fazia a apuração sobre os crimes sexuais de Klein, a gente disponibilizou aqui no site da Pública um formulário para receber novas denúncias. E foi assim que chegou pra gente, em 2021, o relato da Daniela, que esteve no Universo Palace, em Santos.
[Vítima]
Fui levada pela minha mãe porque ele só recebia se alguém maior levasse a primeira vez. Como eu tinha 13 anos, ele deu dez reais para minha mãe e me mandou entrar fazer um lanchinho. Entrando no apartamento 1206 ele puxou meu rosto e me deu um beijo na boca, tipo selinho, passou a mão nos meus seios, riu e disse: tudo durinho. Ele perguntou: você é virgem? Respondi, assustada, que sim, até porque eu iria fazer 14 anos no mesmo ano, em agosto. Neste dia foram só estes os assédios. Ele me deu RS 20.00 para comprar um presente e uma cesta básica para levar para casa e mandou eu voltar no dia seguinte para ir com ele e outras meninas para o Guarujá. Fui para casa feliz com o dinheiro e a cesta básica.
Falei para minha mãe e ela deixou eu ir no dia seguinte. Fomos de carro até a casa do Guarujá e embarcamos no iate que estava esperando em frente a casa dele. Lá aconteceu a primeira relação, quando falei que estava machucando ele disse que era normal e já passava e eu ia gostar. Quando cheguei em casa minha mãe perguntou se estava tudo bem e respondi que sim, pois não iria contar o que tinha acontecido de vergonha e ele tinha me dado RS 50.00. E assim foram os 4 anos seguintes enquanto morei lá.
[Thiago Domenici]
Tudo isso aconteceu nos primeiros anos da década de 90. Uma época em que a população enfrentava uma hiperinflação que ultrapassou os 2800% ao ano. Os salários eram engolidos e os preços dos alimentos subiam algumas vezes num mesmo dia. O desemprego e a fome eram as principais preocupações das famílias pobres.
[Arquivo TV]
“Para o comércio da feira o dia também não foi bom para a venda.Os donos dessa barraquinha, reclamam que o movimento caiu em 60%.”
[Thiago Domenici]
E como costuma acontecer, desde sempre, o que pra alguns é uma crise, para outros não chega nem a ser uma marolinha. E esse era o caso de Samuel Klein que sempre encontrava um jeito de navegar e tirar proveito do mar revolto. A Casas Bahia não brincava em serviço.
[Arquivo TV]
“Comprar, uma atitude tão séria quanto fazer o gol da vitória.”
[Arquivo TV]
“Nos sonhos de uma noite de Natal, presente Casas Bahia, onde você encontra sempre as melhores ofertas e melhores preços e as melhores condições de pagamento.”
[Thiago Domenici]
Esses, são comerciais da Casas Bahia nas vozes de Pelé e Gugu Liberato, que no final dos anos oitenta e começo dos anos noventa foram garotos propaganda da rede de Samuel Klein. Nada mais, nada menos, do que o rei do futebol, o atleta do século e um dos apresentadores mais populares de todos os tempos da TV brasileira.
Mas a popularidade alcançada pela rede era resultado de uma semente plantada bem antes, nos anos 70, quando Samuel, que não acreditava no poder da propaganda, criou, mesmo a contragosto, um departamento de propaganda.
Para o cargo, convocou João Elias Sobral, que vinha das Lojas Piratininga, comprada pelas Casas Bahia. Foi o publicitário João Elias quem inventou o mascote “Baianinho”, que mais recentemente ganhou uma repaginada.
[Arquivo TV]
“Fala galera, a Casas Bahia está de cara nova e eu também. Eu sou o baianinho, mas agora pode me chamar de CB. Bora Trocar aquela ideia para fazer todo mundo se sentir em casa. Vem cá, segue o CB.
Você deve lembrar que falamos sobre esse símbolo da empresa lá no início do primeiro episódio. Além disso, a imagem do baianinho veio junto com a frase símbolo, o slogan maior da rede de varejo: dedicação total a você.”
[Arquivo TV]
“Casas bahia. dedicação total a você”
[Arquivo Samuel Klein]
“A firma faturou 1 bilhão e 600. Está em plena atividade. Pronta para ampliar mais e mais. Saúde e dedicação total a você.”
[Thiago Domenici]
O biógrafo de Samuel conta essa passagem explicando que com o fim das vendas porta a porta na década de oitenta a Casas Bahia passou a investir pesado na mídia. Principalmente na rádio, televisão, jornal e criou também um tablóide semanal com tiragem de 1 milhão de exemplares que eram distribuídos nos bairros do ABC. Na biografia de Samuel, Elias Awad descreve a presença de uma placa no escritório do empresário, que ficava ao lado de uma miniatura da charrete em homenagem a sua época de mascate. Na placa tava escrito assim: “Até 1985, havia uma mala direta, que foi substituída pela televisão. Três por cento do faturamento da empresa vão para a publicidade, o que faz da Casas Bahia o maior anunciante dos meios de comunicação de São Paulo”.
[Thiago Domenici]
A propaganda como alma do negócio, gerou uma penetração massiva nas tvs e jornais transformando a empresa num das maiores anunciantes da história da mídia brasileira.
[Carla Jimenez]
Toda a nossa indústria jornalística e mais tradicional ela vem de um modelo de jornalismo muito baseado no anunciante. Ou seja, muito dependente do dinheiro do anunciante, que existe uma autocensura natural.
[Thiago Domenici]
Essa é a voz da jornalista Carla Jimenez que você já ouviu aqui no primeiro episódio. Guarde essa informação de que Casas Bahia é uma das empresas que mais investem na mídia, porque ela vai ser importante lá na frente.
[Clarissa Levy]
Mas voltando na nossa linha do tempo aqui, depois de 20 anos de investimento pesado em propaganda, chegamos em 1994. Um ano bastante emblemático para o Brasil.
[Arquivo TV]
“1:55 da tarde, horário de Brasília, a doutora Fiandri, comunica que às 6h40 da tarde, no horário da Itália e 1h40, no horário de Brasília, o coração de Ayrton Senna da Silva parou de bater.”
[Clarissa Levy]
Foi um ano de tristezas profundas, comoção. Mas não só. Também em 94 o Brasil experimentou uma virada na economia.
[Arquivo TV]
“Fernando Henrique Cardoso anunciou as 3 etapas do plano econômico. Tudo começa com o ajuste fiscal.”
[Clarissa Levy]
E para além da economia, 94 seria um ano enorme, inesquecível.
[Arquivo TV]
“Acabou! O Brasil é Tetracampeão Mundial de Futebol!”
[Clarissa Levy]
Do lado da Casas Bahia, 94 também foi um grande ano. Os negócios deram um salto. O faturamento subiu de 393 milhões de dólares no ano anterior para mais de 840 milhões. Mais que dobrou. E aí pra Samuel Klein, 94 também seria um grande ano.
[Arquivo aniversário Samuel Klein] – vozes em coro
“É hora é hora é hora. Rá tim bum!! Samuca, Samuca, Samuca. Ê Ô Ê Ô, o Samuca é o terror/Ê Ô Ê Ô, o Samuca é o terror. Ê Ô Ê Ô, o Samuca é o terror/Ê Ô Ê Ô, o Samuca é o terror.”
[Clarissa Levy]
Novembro de 1994. Aniversário de 71 anos de Samuel Klein. Uma festa com mais de 100 meninas.
[Arquivo aniversário Samuel Klein] – voz masculina
“Um aplauso pra seu Samuel que eu quero ver.”
[Clarissa Levy]
Uma fita VHS com uma gravação de 55 minutos registra a festa de aniversário de Samuel. Começa assim, com fogos de artifício e o parabéns. Segue com música, danças, champanhe estourando.
[Arquivo aniversário Samuel Klein] – voz Samuel
“Os amigos que a gente curte ano inteiro, vida inteira, tem gente que trabalhou comigo 20 anos, amigos de verdade. Vocês minhas amigas…”
[Clarissa Levy]
Esse é Samuel, na festa. Falando no microfone, ele é um senhor meio calvo, com cabelos brancos, rosto redondo e barriga saliente. Ele veste uma camisa estampada, de flores e uma calça branca. Essa festa, numa casa de praia, com os convidados usando colares de flores, no estilo havaiano, poderia parecer a um primeiro olhar, um aniversário bem produzido, enfeitado, cheio de gente… mas normal.
[Arquivo aniversário Samuel Klein] – voz Samuel
“Eu tenho grande prazer de estar aqui com vcs e vcs junto conosco, pra passar algumas horas super alegre, super satisfeito.”
[Clarissa Levy]
Poderia parecer uma festa normal, mas não era. Pelo que vimos, não foi. As imagens que a gente conseguiu, gravadas por um cinegrafista que acompanhou a festa inteira, mostram, em quase todos os planos: mulheres e meninas – aparentemente algumas adolescentes e outras pré – adolescentes – de biquíni, ao redor do senhor aniversariante. Idoso. No canto de algumas imagens, vemos ela, Kathia Lemos, apontada como uma das agenciadoras do esquema.
[Arquivo Samuel Klein] – voz feminina
“Seu Samuel, o que o senhor acha dessas gatinhas maravilhosas?”
[Arquivo Samuel Klein] – voz Samuel
“Ah, o melhor. Não tem palavras. Não tem palavras.”
[Clarissa Levy]
Foi um caminho longo até chegar nessas imagens que viraram decisivas. Para nós, depois de vê-las, não tinha como desver. Não tinha nem muito o que perguntar, o que dizer. Tá lá.
[Arquivo aniversário Samuel Klein] – voz Samuel
“Muito obrigado vocês três. Muito obrigado vocês, as 150 amigas minhas – plateia: eeee – que tanta alegria deu hoje pra mim. De coração, de coração isso de fato vai ser marcado pra nós, foi filmado tudo. Nós vamos rever esse filme e essas horas alegres que nós passamos hoje juntos. Muito obrigado.”
[Clarissa Levy]
Esse material chegou pra gente em 2021. Lembro que na fita, na lateral, tinha uma etiqueta escrito: aniversário de 1994. Mas o conteúdo, quando a gente digitalizou, revelava bem mais do que só uma comemoração de anos de vida.
Em uma das cenas, Samuel, com mais 3 homens ao seu lado, de pé, de braços cruzados, aguarda para assistir uma apresentação de dança. No palco, dois bailarinos. Na platéia improvisada, literalmente dezenas de meninas sentadas no chão.
[Arquivo aniversário Samuel Klein] – voz masculina
“E com todo respeito que eu tenho por essa meninada , que é a coisa mais gostosa que nós temos, eu vou pedir pro senhor. Eu posso dançar pra elas, o senhor permite?”
[Clarissa Levy]
No centro da cena, o animador da festa, que também era bailarino, começa o número. Uma mulher jovem, na faixa dos 20, de biquíni branco e maquiagem pesada, se junta a coreografia. Começa a tocar o bolero de Ravel e o casal entra em uma dança sexy. Por onze minutos, se movem em um balé ora erótico, ora acrobático.
No fim, Samuel vai ao centro do palco, pega o microfone, e de mãos dadas com a bailarina, agradece a apresentação. Abraça ela pela cintura.
[Arquivo aniversário Samuel Klein] – voz Samuel
“Todo mundo gostou de tudo que vocês fizeram. De coração, de mim, e de todas as amigas aqui presentes. Muito obrigada a vcs. Não tem dinheiro que paga um show desse.”
[Clarissa Levy]
Essa mulher, que ali na faixa dos seus 20 anos fez a dança sensual, tinha conhecido Samuel aos 13 anos de idade. Vivendo em situação de rua, em Santos, a menina um dia ficou sabendo que tinha um apartamento onde podia ir pra tomar café da manhã. Começava assim uma rotina de abusos que roubou sua adolescência e a fez crescer sob o poder e o dinheiro do empresário.
Mas teve mais na festa, além da dança erótica, acompanhada por dezenas de meninas. A noite segue.
[Arquivo Samuel Klein] – voz masculina
“Ó, eu só queria perguntar pra vocês uma coisa. Existe alguma coisa no mundo igual o Samuel? – platéia – Nãaaao.”
[Clarissa Levy]
Em um determinado momento, Samuel pega o microfone mais uma vez e se dirige ao grupo de meninas que estão sentadas à frente, e aí, satisfeito, ele revela a rotina que acontecia naquela casa.
[Arquivo aniversário Samuel Klein] – voz Samuel
“Aqui é muito mais que o Teatro Municipal. Além de tudo, dentro do estabelecimento, dentro da nossa casa. Estamos aqui dois, três dias da semana, todos os fins de semana. Vocês são testemunhas de tudo isso.”
[Clarissa Levy]
Então, o vídeo do aniversário vai se encaminhando para o fim. A música aumenta, as meninas de biquíni dançam e o cinegrafista acompanha com closes nos corpos se mexendo.
Perto dos minutos finais, a câmera muda. Da pista de dança, vai pra piscina. Vemos ali mais de dez meninas, mergulhando, nadando. Samuel entra na água. As meninas se juntam ao seu redor, dançando, pulando. Agora já são mais de quinze. Ele abraça elas, algumas ficam meio penduradas no seu pescoço. Samuel olha pra câmera com um semblante de prazer. A câmera faz um close de seu rosto. A gente vê no pescoço do empresário, mãos pequenas de meninas.
[Arquivo Samuel Klein]
“Plateia – Êo eô, o Samuca é o terror. Êo eô, o Samuca é o terror. Êo eô, o Samuca é o terror.”
[Mariama Correia]
A casa de praia onde aconteceu essa festa fica na baixada santista, no Guarujá. Na avenida beira mar, no número 5005 da praia da Enseada. Além das festas, esse lugar ficou marcado na memória das mulheres que nos concederam seus relatos por outros motivos. Lá, em frente à piscina que tinha uma letra K bem grande gravada no fundo, Samuel tinha um quarto, nos fundos da residência. Esse cômodo era chamado de “motelzinho”, e lá aconteceram abusos sexuais durante anos. Agora eu vou ler um relato, escrito de próprio punho, por uma das vítimas do empresário. A Pública teve acesso ao material em um dos processos envolvendo o caso.
“Começamos a frequentar a casa dele no Guarujá, onde aconteciam as mesmas coisas e sempre havia meninas diferentes e também crianças no seu “motelzinho” (quarto). Ele tinha uma caixa cheia de biquínis para distribuir para as garotas. Havia festas bem organizadas onde as garotas desfilaram de biquíni para que ele escolhesse a “melhor” e quem ganhasse levaria um presentinho que podia ser um secador de cabelo ou um dinheirinho”. As irmãs Izadora e Luiza, que você já ouviu aqui na série, estiveram, em vários finais de semana, nesta casa.
[Vítima]
Todo mundo levantava junto com ele, todo mundo levantava junto com ele. A gente ficava de biquíni, amiga, o dia inteiro se botasse roupa, será que… não, a gente nem colocava, ficava na piscina o dia inteiro a gente ia dormir, tomava banho por aí nesse motelzinho, nesse quartinho com ele. A gente não tinha tanta liberdade na casa.
[Thiago Domenici]
Pra gente seguir adiante, vou recapitular um pouco onde estamos neste momento da história. Contamos que os crimes sexuais aconteciam na sede da empresa, em São Caetano do Sul, no edifício Universo Palace, em Santos, na Ilha Porchat, em São Vicente (SP) e na casa do Guarujá (SP), onde aconteceu a festa de 1994.
A gente sabe também que após um primeiro contato na sede da empresa em São Caetano, que frequentemente já incluía abusos sexuais, meninas e mulheres eram escolhidas por Samuel para participar de festas em suas casas de praia. E aqui vamos revelar mais um lugar, a mansão de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, um dos mais citados pelas vítimas.
[Vítima]
Ele tinha duas casas em Angra duas casas, tipo um quarto dele com ofurô tudo, que ele dormia com a gente separado. Aí ele escolhe as meninas e a outra casa que ele mandava as outras meninas dormir lá.
[Thiago Domenici]
Nos anos 2000, o esquema escala e começa a ficar sem controle. Mais seguranças e mais agenciadoras fazendo parte da engrenagem de exploração sexual. E agora havia também um novo iate para rotina de violências.
[Vítima]
Ele já entrava no barco com essa injeção tomada. Então o médico deu a injeção no chalé. E ele já entrava no barco assim. Então nem bem a gente entrava no barco. Ele já começava a tirar a roupa.
[Thiago Domenici]
Essa injeção que a Stefany comenta a gente soube primeiro pelos processos judiciais, o que foi confirmado em outros depoimentos. Seriam injeções com estimulante sexual.
[Vítima]
Então, eu não sei que tipo de injeção que é. Para mim. Eu lembro. Eu me recordo. Que uma vez. Ele tinha que sair. Teve que sair do quarto. Para ele tomar a medicação. Aí vinha. Media a pressão. Alguma coisa assim. E ele tomava a injeção. Mas até aí eu achava que era um negócio de diabetes. Alguma coisa desse tipo.
[Thiago Domenici]
Nessa época, Samuel e Casas Bahia também haviam adquirido um helicóptero maior para o transporte das vítimas, que sempre decolava do heliponto na sede em São Caetano do Sul.
Descobrimos que essa nova aeronave, um modelo Agusta AW139, tinha capacidade para até dez pessoas e foi comprada pela Casas Bahia em outubro de 2008. Dezenas de fotos obtidas pela nossa equipe mostram Samuel e várias meninas dentro dele.
[Vítima]
Eu fui de helicóptero, era diferente – Clarissa – como assim?/ Vítima :o motorista já tinha um lugar para ele. A gente andava com segurança já podíamos ir até um shopping ele liberava o dinheiro a gente ia no shopping dar um passeio tinha que ser de duas horas se passasse de duas horas ele ia ficar doido de raiva. Então o segurança já reunia a gente. Quando elas eram de Angra mesmo elas não dormiam lá mas as que chegavam de Santos com motorista.
[Vítima]
Funcionava assim, você ia pra São Caetano, se ele gostasse, ele te convidava pra ir pra Angra, tá? as agenciadoras já sabiam de quem ele ia gostar, então a gente já sempre ia com uma mala pronta. Você fica meio assustada, mas tem um monte de menina também da sua idade que tá fazendo, e aí meio que vão te inserindo naquilo, e elas tratam como se fosse normal e lembro que fui com uma amiga de infância de infância e ela falou assim ai, ‘eu não aguento mais, eu vou vomitar’ e aí eu lembro que ela vomitou e eu falei, bom, então aqui encerrou a gente não vai conseguir. Então, eu pensava assim, que vou ter que ir lá falar agora que não deu e o que ela vai fazer com nós, né, como é que vai proceder. E essa minha amiga que vomitou, lavou a boca e voltou lá pra aquela situação, entendeu? Então, você meio que se sentia pressionada. Todo mundo tá fazendo e você não vai fazer. E você tá vendo que todo mundo tá achando difícil. Ninguém tá achando agradável, mas mesmo assim todo mundo faz.
[Thiago Domenici]
Essas vozes são de Izadora, Luiza e Stefany, sobreviventes que você já conheceu aqui.
[Vítima]
Quando ele chegou na milésima Casa Bahia foi quando nós começamos a ir para Angra.
[Thiago Domenici]
Nos anos 2000, quando Angra se torna o palco dos crimes sexuais, Samuel já estava bilionário.
[Arquivo TV]
“Para 2004, estima-se um faturamento de 7 bilhões de reais. São 371 lojas, 25 mil funcionários e 14 milhões de clientes. Samuel Klein declara-se um apaixonado pelo seu negócio.”
[Arquivo Samuel Klein]
“Hoje eu vou mostrar para você quantidade que eu já vendi esse mês, em 15 dias eu. Relógios, R$27.396,00. Repórter – Gente, é uma coisa fantástica – Samuel – Bicicletas e ciclomotores, R$26.538,00. Depois vem artigos esportivos, brinquedos, instrumentos musicais. Depois vem eletrodomésticos, eletroportáteis. Eletroportáteis. Já vendi até dia 15, 220 mil e 100…”
[Clarissa Levy]
Eu conversei com um morador do condomínio de Angra, vizinho da mansão de Samuel. Ivan Marcelo Neves contou que nos finais de semana, o empresário distribuía dinheiro na porta de sua casa para moradores do entorno e convidava meninas para entrarem ou passearem em seu iate. Repetindo o que, anos antes, fazia na baixada santista. Muitas das meninas que aceitaram tomar um lanche em sua casa, acabavam sendo exploradas sexualmente.
[Vítima]
Lá em Angra era um lugar muito pequeno. Todo mundo sabia de tudo uma coisa, agora faz muitos anos, mas no shopping de Angra todo mundo nos conhecia e sabia. Eu lembro que a gente passava e as pessoas das lojas saiam pra fora pra ver: “Oh, elas estão passando”. E aí elas saiam pra fora. Porque tinham horário. Todo dia eram os mesmos horários. Então elas saiam pra fora das lojas e ficavam olhando e não disfarçavam. Ficavam olhando como se a gente fosse uns bichos, sabe?
[Clarissa Levy]
Ivan falou que os moradores dos bairros populares, vizinhos ao condomínio, se habituaram a receber dinheiro do empresário. “Era muito incômodo e também muito explícito. O pessoal comentava: ‘Hoje é dia de festa na casa do Samuel Klein”. E a guarita ficava liberada.” A rotina na mansão de Angra pras meninas se resumia aos passeios no shopping, com horário controlado, fazer as refeições com Samuel, ficar na piscina e passear no iate. Os abusos aconteciam tanto no barco, como nos quartos da própria mansão.
[Vítima]
E nesse dia em que eu fui pra Angra. E nesse dia eu fui para Angra. Foi a primeira vez que eu lembro que eu estava em um quarto. Um quarto muito grande. Uma cama muito grande também. E aquele dia ele escolheu pra ficar comigo, o tempo inteiro. Então eu fiquei com ele bastante tempo. Dentro daquele quarto. E… Aconteceu.
[Clarissa Levy]
É importante ressaltar que todas as vítimas contam que todas as relações sexuais aconteciam sem uso de preservativo, Samuel se recusava a usar, expondo todas aquelas mulheres, e ele mesmo, ao risco de contrair alguma Infecção Sexualmente Trasmissível.
[Thiago Domenici]
Durante décadas, Samuel Klein manteve seu esquema de exploração sexual sem ser incomodado nem pela polícia, nem pela Justiça, nem pela imprensa. Enquanto ele estava vivo, várias mulheres tentaram sim processá-lo e algumas chegaram até a falar com a imprensa. E aqui cabe uma reflexão: Como foi possível que ele se livrasse de qualquer acusação ou exposição em vida? Por tantos anos? Até morrer com a imagem irretocável do rei do varejo? Como foi possível que nada viesse a público?
[Depoimento repórter]
“Ele falou que não ia veicular ia porque era o maior anunciante. E de fato, a Casas Bahia nessa época, eram os maiores anunciantes de todos os veículos de comunicação, pelo menos no estado de São Paulo.”
[Thiago Domenici]
É isso que queremos te contar no próximo e último episódio desta temporada de Caso K.
Quando a gente publicou as primeiras reportagens em abril de 2021, fomos atrás de ouvir a versão dos representantes da família Klein e da atual holding controladora da Casas Bahia, que naquele momento se chamava Via Varejo. Todas as respostas foram publicadas na íntegra em apublica.org.
Agora, em 2024, nós voltamos a procurá-los para esta série em podcast. Da família Klein, a manifestação do empresário, filho primogênito de Samuel, Michael Klein, foi a seguinte, abre aspas. “Infelizmente, meu pai não está aqui para se defender”, fecha aspas. Do grupo Casas Bahia, antiga Via Varejo, a resposta foi, abre aspas, “O Grupo Casas Bahia, como constituído hoje, esclarece que não possui qualquer relação com os fatos mencionados na reportagem. As informações da publicação referem-se ao período anterior a 2010, quando a empresa ainda era controlada pela família Klein. Em 2011, com a formação da Via (anteriormente conhecida como Via Varejo), foi constituída uma nova sociedade, responsável exclusivamente pela operação de varejo, incluindo a marca Casas Bahia. Já em 2019, o Grupo Casas Bahia tornou-se uma empresa de capital aberto, sem acionista controlador e é regida pelos mais altos padrões de governança corporativa”, fecha aspas.
Também procuramos Saul Klein, citado no podcast e na investigação, mas sua defesa não foi localizada e não houve retorno dos contatos procurados pela nossa equipe. Além disso, procuramos os outros citados neste episódio, como Kathia Lemos, que não quis falar. Lúcia Amélia Inácio, apontada como secretária pessoal de Klein na Casas Bahia, que, conforme os relatos de pessoas ouvidas pela Agência Pública, teria sido responsável pelo aliciamento e pagamento de meninas, também foi procurada e não deu retorno. É isso. Semana que vem, estamos de volta.
[Mariama Correia]
Qualquer relação sexual com menores de 14 anos é estupro de vulnerável pela lei brasileira. Exploração sexual de crianças e adolescentes é crime. Para denunciar casos de abuso, violência ou exploração sexual procure qualquer delegacia, o Conselho Tutelar ou o Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS da sua cidade. Vítimas ou testemunhas também podem denunciar anonimamente casos de violência pelo Disque 100.
Créditos do Podcast:
[Mariama Correia]
Caso K – A história oculta do fundador das Casas Bahia é uma produção original da Agência Pública de Jornalismo Investigativo.
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Na investigação dessa história trabalharam: eu, Mariama Correia, Andrea Dip, Ciro Barros, Clarissa Levy, Rute Pina e Thiago Domenici. O desenvolvimento foi feito por Luana Rocha. Roteiros por Clarissa Levy, Luana Rocha, Mariama Correia, Stela Diogo e Thiago Domenici. Na produção, Stela Diogo. Pesquisa de arquivo por Thiago Domenici. Na revisão do roteiro e coordenação de podcasts da Agência Pública, Claudia Jardim. O tratamento de sonoras das entrevistadas foi feito por Ricardo Terto. No design de som, edição e finalização, Pedro Pastoriz. As artes foram feitas por João Ito. Na estratégia de divulgação: Marina Dias, Letícia Gouveia, Renata Cons e Bruno Penteado. Nas Redes sociais, Karina Tarasiuk, Lorena Morgana, Ethieny Karen, Raquel Okamura, Fernanda Diniz. A direção geral de Caso K é de Thiago Domenici.
Toda essa série só existe graças a contribuição das aliadas e aliados da Pública, pessoas que apoiam financeiramente o nosso trabalho. Se você também quiser e puder fazer parte da nossa base aliada é simples: é só acessar apoie.apublica.org e escolher como contribuir.
Neste episódio, usamos áudios da entrevista de Samuel Klein para a rede mulher, disponíveis no Youtube pelo canal Pedro Barros e também Áudios da série Economia Brasileira, disponíveis no canal Louise Sottomaior.
Muito obrigada por acompanhar a gente até aqui. Até o próximo episódio.
Este podcast foi financiado graças a milhares de apoiadores que acreditam no jornalismo investigativo da Pública. Seja uma dessas pessoas e nos ajude a continuar trazendo histórias que precisam ser contadas. Faça parte em apoie.apublica.org.
Equipe
Investigação: Andrea Dip, Ciro Barros, Clarissa Levy, Mariama Correia, Rute Pina e Thiago Domenici.
Desenvolvimento: Luana Rocha.
Roteiro: Clarissa Levy, Luana Rocha, Mariama Correia, Stela Diogo e Thiago Domenici.
Produção: Stela Diogo.
Pesquisa de arquivo: Thiago Domenici.
Revisão de roteiros: Claudia Jardim.
Tratamento de sonoras das entrevistadas: Ricardo Terto.
Design de som, edição e finalização: Pedro Pastoriz.
Artes: João Ito.
Estratégia de divulgação e programa de Aliados da Agência Pública: Marina Dias, Letícia Gouveia, Renata Cons e Bruno Penteado.
Redes sociais: Lorena Morgana, Ethieny Karen, Raquel Okamura, Fernanda Diniz.
Coordenação de podcasts da Agência Pública: Claudia Jardim.
Direção geral de Caso K: Thiago Domenici.