Encontramos Rosenilde Gregório do Santos Costa, a dona Rosa, 61 anos, durante uma reportagem sobre violência contra os povos indígenas e comunidades tradicionais no Maranhão. A voz forte e clara, a cobrança implacável das autoridades, sem perder o bom humor, tudo chamava a atenção da gente para a liderança das quebradeiras de coco na manifestação da Teia dos Povos diante da Secretaria de Meio Ambiente em São Luís.
Naquela primeira semana de março de 2023, quebradeiras, indígenas, quilombolas, pescadores denunciavam empreendimentos que ameaçam os territórios e a vida das comunidades. O relatório mais recente da Comissão Pastoral da Terra, lançado no dia 8 de maio passado no Maranhão, coloca o estado em primeiro lugar no ranking dos assassinatos por conflitos de terra, empatado com Rondônia.
Fomos procurar dona Rosa no dia seguinte à manifestação no acampamento da Teia em frente ao Incra, onde eles se abrigavam na “semana de luta”. Entre as redes coloridas, e a mulherada cozinhando para um batalhão, pudemos conversar um pouquinho com esta que é uma das principais líderes do movimento popular no Maranhão. Falamos sobre sua origem em um quilombo em Viana, onde aprendeu a quebrar coco com a avó, da convivência sempre entre as mulheres, o anseio pela liberdade e pela educação que aprendeu com a mãe – que hoje ela chama de “revolucionária” – e nunca deixou que lhe faltasse caderno e lápis, comprados com o dinheiro do coco.
Conhecer dona Rosa é o presente da Agência Pública para todas vocês, mulheres, mães ou filhas, neste Dia das Mães.