Entre 22 de abril e 1 de junho de 1970, no sexto ano da ditadura militar, o Vale do Ribeira, a 200 km de São Paulo, foi palco de uma verdadeira operação de guerra. A “Operação Registro” foi a maior mobilização da história do II Exército.
Foram empregados 2954 oficiais, entre membros do Centro de Informações do Exército, regimentos de infantaria e pára-quedistas das forças especiais, polícias da Polícia Militar e Rodoviária de São Paulo e do Dops, além da Marinha para vasculhar a área e capturar 9 integrantes da organização VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) comandados pelo Capitão Carlos Lamarca, que instalou dois centros de treinamento de guerrilha na área.
Para contar essa história, a Pública viajou duas vezes ao Vale do Ribeira, conversou com 12 testemunhas dos bombardeios, revisou documentos secretos e vasculhou a floresta durante 7 horas. Segundo um relatório oficial do II Exército, a Força Aérea Brasileira bombardeou a área com aviões T-6 e B-26; na mesma época, o adido militar francês Yves Boulnois escrevia um relato ao Ministério de Defesa da França atestando o bombardeio por Napalm.
Não era a primeira vez que a FAB usava bombas de napalm, o que fizeram algumas vezes durante exercícios militares durante aquele ano.
Para os moradores da região, os bombardeios são ainda uma lembrança forte, do qual se lembram em detalhes, com medo e incompreensão. Como Pedro Passos, o seu Pedrico, que levou a Pública até o local onde encontrou uma carcaça de bomba há cerca de 20 anos. Os destroços foram recolhidos e serão entregues oficialmente à Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa Estadual durante uma audiência pública na segunda-feira, dia 25, às 13 horas.
Veja o vídeo sobre nossa expedição para achar os destroços. A reportagem completa pode ser conferida na revista Carta Capital desta semana, e será publicada na segunda-feira, aqui na Pública.