Nas grandes cidades brasileiras, as mulheres não ocupam o espaço urbano da mesma forma que os homens, por medo da violência de gênero. Tendem a evitar lugares como becos, pontes e passarelas, pensam horários e roupas antes de sair de casa e fazem desvios em seus caminhos, enquanto essas não são preocupações masculinas. Este medo, assim como as afetividades e a subjetividade na forma de ocupar a cidade, dão a tônica ao documentário.
Foram gravadas entrevistas com mulheres cis, trans, homens trans, mulheres brancas, negras, migrantes, deficientes visuais e cadeirantes e uma pesquisa online com 2590 respostas trouxe dados impressionantes como o de que 89% das mulheres não anda em becos e 93% evita andar a noite pela cidade.
“Sob Constante Ameaça” cria um suspense contínuo – vivenciado pelas mulheres em suas rotinas reais e traduzido na fala de uma delas: “Uma das coisas que é muito comum, é eu não saber se vou voltar inteira pra casa”. O filme possui planos que podem ser vistos tanto na perspectiva das personagens quanto na de um possível agressor, colocando o expectador em um lugar de tensão.