Buscar

Nosso repórter fotográfico e videomaker José Cícero da Silva registrou cenas de agressão a manifestantes por parte de seguranças do Metrô do Rio. Confira o relato e assista ao vídeo

Reportagem
7 de julho de 2016
11:36
Este artigo tem mais de 8 ano

Na noite desta terça-feira (05) eu voltava da manifestação que ocorreu em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), no centro da cidade, para marcar os 30 dias que faltam para o início da Olimpíada 2016. O ato protestava por questões como moradia, segurança, gastos com os megaeventos e desigualdade.

Por volta das 19h, o ato terminou, e eu fui para a estação Uruguaiana do Metrô. Havia cerca de dez jovens em frente às catracas, numa discussão acalorada com os guardas. Alguns tinham conseguido pular a roleta, e os seguranças tinham ido até a plataforma para buscá-los.

Tirei a câmera da mochila e me preparei para um possível conflito, que não demorou cinco minutos para começar. De repente, começou a gritaria: “não precisa agredir, não. Deixa ele, deixa ele”, diziam os adolescentes que estavam do lado de fora da catraca, enquanto os guardas conduziam dois ou três jovens de volta para pagar a condução.

Antes que os jovens pulassem para fora, outros entraram para impedir a truculência dos guardas. Saíram. Começou então uma correria para outra parte da estação. Segui a muvuca, e quando cheguei no local me deparei com os guardas aplicando “gravata” em jovens e adolescentes (meninos e meninas) e dois fotógrafos que estavam ali com suas câmeras.

Uma mulher, enquanto estava sendo “contida” com uma “gravata”, caiu no chão e ficou alguns minutos desacorda. Um menino negro foi encurralado por dois seguranças, que o agrediram. Sua amiga tentava afastar os guardas, que só pararam quando ele sentou-se no chão e começou a chorar. A colega ficou ali, abraçada, tentando acalmá-lo. Ele teve convulsões, deitado no chão. “Ele tem epilepsia”, gritavam os amigos. Chamaram a ambulância mas ela não apareceu. Ele ficou lá por cerca de 20 minutos. Quando melhorou, saiu carregado pelo tio, que também estava na passeata. Entrou na viatura e foi para o DP prestar depoimento.

Os seguranças partiram para cima de quem estava registrando o conflito. A todo momento exigiam, com bastante truculência, que os equipamentos fossem desligados – uma fotógrafa teve uma lente danificada. Dois fotógrafos, mesmo depois de se identificar, continuaram sendo agredidos e foram conduzidos até uma sala do metrô. Dali, foram conduzidos para a delegacia.

Registrei esses momentos da melhor forma possível, apesar da tentativa dos seguranças do metrô de me impedir. Como jornalista, é minha obrigação. Fica aqui este registro do que aconteceu no metrô Uruguaiana na noite de terça-feira, 5 de julho de 2016.

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Se você chegou até aqui é porque realmente valoriza nosso jornalismo. Conheça e apoie o Programa dos Aliados, onde se reúnem os leitores mais fiéis da Pública, fundamentais para a gente continuar existindo e fazendo o jornalismo valente que você conhece. Se preferir, envie um pix de qualquer valor para contato@apublica.org.

Quer entender melhor? A Pública te ajuda.

Leia também

A condenação das vítimas

Por

Para além da polêmica do BBB: todos os dias, mulheres brasileiras sofrem todo tipo de abuso. Como no caso de Monique, ainda levam a culpa por isso.

2012: um ano sangrento no futebol

Por

Em entrevista, sociólogo carioca alerta para os casos de morte ligados ao futebol neste ano, que podem chegar a 22, metade do que foi registrado em uma década

Notas mais recentes

Do G20 à COP29: Líderes admitem trilhões para clima, mas silenciam sobre fósseis


COP29: Reta final tem impasse de US$ 1 trilhão, espera pelo G20 e Brasil como facilitador


Semana tem depoimento de ex-ajudante de Bolsonaro, caso Marielle e novas regras de emendas


Queda no desmatamento da Amazônia evitou internações por doenças respiratórias, diz estudo


Dirigente da Caixa Asset deixa sociedade com ex-assessor de Lira após reportagem


Leia também

A condenação das vítimas


2012: um ano sangrento no futebol


Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes