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Checagem

Aumento no uso de carvão mineral. Que medo, Afonso Hamm!

“O mundo todo utiliza carvão mineral para 41% da geração elétrica; e o Brasil, menos de 2%. Então, nós temos espaço [para crescer].” – Afonso Hamm (PP-RS), deputado federal, durante evento em que foi reinstalada a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Carvão Mineral, na terça-feira (25)

Checagem
28 de agosto de 2015
17:00
Este artigo tem mais de 8 ano
Alerta! Perigo!
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A frente parlamentar liderada pelo deputado Afonso Hamm vai na contramão dos últimos estudos sobre aquecimento global. Para tentar evitar um aumento da temperatura do planeta, muitos países têm buscado reduzir as emissões de carbono. A ideia é trocar combustíveis fósseis, como o carvão mineral, por fontes alternativas.

O último Relatório de Avaliação do Clima, elaborado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), aponta um aumento nas emissões de gases do efeito estufa entre 2000 e 2010, ocasionado pelo crescimento do uso de carvão para geração de energia. O relatório constata que, caso as emissões de gases do efeito estufa continuem com a mesma intensidade, a temperatura no planeta pode aumentar até 4,8º Celsius até o fim do século.

Os reflexos da intensidade do aquecimento global podem ser observados com o derretimento das geleiras e aumento do nível do mar, além das secas mais prolongadas. A recomendação é de investimento em energias com pouco ou sem carbono – o que não é o caso do carvão.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o uso de carvão para geração de energia elétrica representou 39,2% da matriz elétrica no mundo todo, em 2014. No Brasil, o carvão mineral representa 2,4% da potência de geração elétrica instalada. A maior parte da potência energética é hidráulica (68%). Aqui, a participação de fontes renováveis de energia é próxima de 80%, enquanto a média mundial é de 20%, segundo o MME. Ainda assim, o uso do carvão mineral para geração de energia aumentou em 2013 e 2014 pela falta de chuvas e pelo aumento na capacidade instalada a carvão. Até 2012, a tendência era de queda na geração de energia por carvão mineral.

As maiores reservas de carvão mineral se encontram na Europa, Eurásia e América do Norte. A China é a maior produtora e consumidora de carvão no mundo, seguida pelos Estados Unidos, como aponta o Relatório Estatístico Global de Energia da BP, com dados referentes a 2014. Os dois países também são os principais responsáveis pela emissão de dióxido de carbono, emitido na queima do carvão mineral. Esse gás é um dos principais agravadores do efeito estufa e também do aumento do aquecimento global.

O Serviço Geológico do Brasil, empresa pública de pesquisa mineral, aponta que 89,25% das reservas de carvão mineral estão no Rio Grande do Sul, o mesmo estado do deputado Hamm. Em uma única jazida, a de Candiota (RS), pode-se encontrar 38% de todo o carvão nacional.

Entre os doadores da campanha que elegeram o parlamentar para seu atual mandato estão a Tractebel Energia, do grupo GDF Suez, que doou R$ 40 mil e opera diversas usinas hidrelétricas e três termelétricas; a Indústria Carbonífera Rio Deserto, que doou R$ 43 mil; e a Carbonífera Criciúma, que doou R$ 27 mil. No início de agosto, Hamm esteve em Candiota (RS) e visitou o escritório da Tractebel Energia, responsável pela implantação da Usina Termelétrica Pampa Sul no município.

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Este texto foi produzido pelo Truco, o projeto de fact-checking da Agência Pública. Entenda a nossa metodologia de checagem e conheça os selos de classificação adotados em https://apublica.org/truco. Sugestões, críticas e observações sobre esta checagem podem ser enviadas para o e-mail truco@apublica.org e por WhatsApp ou Telegram: (11) 99816-3949. Acompanhe também no Twitter e no Facebook. Desde o dia 30 de julho de 2018, os selos “Distorcido” e “Contraditório” deixaram de ser usados no Truco. Além disso, adotamos um novo selo, “Subestimado”. Saiba mais sobre a mudança.

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