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Político mineiro previu fim do armistcio com Serra em janeiro de 2010, um ano antes da disputa presidencial

Reportagem
28 de junho de 2011
12:00
Este artigo tem mais de 13 ano

Um ano antes do pleito presidencial, Aécio já media forças com José Serra sobre quem seria o candidato tucano à presidência – mas, de acordo com o documento, alegava ser tudo de forma “amigável”.

Em conversa por telefone com o cônsul-geral do Rio de Janeiro Dennis Hearne em 20 de outubro de 2009, Aécio garantiu que os dois estavam empenhados em não deixar a disputa interna vazar para o público, gerando danos “do tipo visto entre Serra e Alckmin na última eleição”.

Na época da conversa, Aécio era governador de Minas Gerais e Serra era governador de São Paulo – dois dos mais importantes postos que o PSDB ocupava no país.

“Vamos manter postura amigável”, disse Aécio, ou pelo menos “até o fim de 2009”. A partir de janeiro de 2010, o senador disse que o partido deveria nomear um candidato, deixando intuir que essa seria a data para o fim do armistício. “Aécio não deixou dúvidas de que ele não vai esperar além dessa data”, diz o documento.

Em 2006, o partido rachou em São Paulo, enfraquecendo a candidatura de Geraldo Alckmin à presidência. Naquele ano, grupos “alckmistas” e “serristas” se cristalizaram e o fogo amigo se alastrou pelas as disputas posteriores, como no pleito à prefeitura de São Paulo em 2008, quando Serra deu apoio velado a Gilberto Kassab e derrotou Alckmin.

No ano seguinte, como previsto, os candidatos disputaram a vaga à candidatura com discrição. Ou pelo menos assim foi até que, depois de meses de diálogo “amigável”, Aécio deixou vazar que Serra o convidou para ser seu vice e ele negou a oferta.

Depois disso, mais de 20 nomes foram especulados para a vaga. A demora em definir o vice foi um dos pontos que pesou contra Serra na disputa contra a presidente Dilma Rousseff.

No final de maio deste ano, Serra saiu derrotado na briga interna pelo comando do PSDB e pela liderança na fila de pré-candidatos à presidência em 2014. Depois de tensa negociação, o grupo de Aécio Neves conquistou postos-chave na máquina partidária. Serra ficou como presidente do Conselho Político do PSDB.

Os documentos são parte de 2.500 relatórios diplomáticos referentes ao Brasil ainda inéditos, que foram analisados por 15 jornalistas independentes e estão sendo publicados nesta semana pela agência Pública.

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