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O programa Residências Públicas garantiu bolsas para estrangeiros investigarem direitos humanos e Olimpíada

Casa Pública
3 de agosto de 2016
12:36
Este artigo tem mais de 7 ano

Nos meses de julho e agosto abrimos as nossas portas para repórteres estrangeiros ocuparem a Casa Pública! Um programa inédito na história da Pública, as residências garantiram quatro bolsas para que eles fiquem no nosso centro cultural no Rio enquanto desenvolvem matérias sobre direitos humanos e a Olimpíada.

Desde que chegaram, o dia a dia da Casa Pública ficou mais agitado. De manhã, alguns preparam o café da manhã na cozinha enquanto outros marcam entrevistas no salão principal da casa. Ao longo do dia eles percorrem a cidade atrás de fontes ou se juntam à equipe da Pública no escritório do primeiro andar para editarem vídeos e escreverem suas reportagens.

Agora os bolsistas, que também participaram de cinco eventos e reuniões ligadas às Olimpíadas dentro da Casa Pública, já estão na reta final da elaboração de suas matérias – que vão ser publicadas em diversos países e também na Agência Pública.

Os bolsistas chilenos Jorge Rojas e Alejandro Olivares entrevistam Monique Cruz, pesquisadora da Justiça Global sobre violência policial no Brasil
Os bolsistas chilenos Jorge Rojas e Alejandro Olivares entrevistam Monique Cruz, pesquisadora da Justiça Global sobre violência policial no Brasil

Foram 177 inscrições de 42 países. Os selecionados são do Equador, Chile, França, Itália e Quênia.

Os temas das investigações feitas por eles também são diversos, desde violência policial aos impactos que especulação imobiliária teve na cidade e às remoções forçadas.

A freelancer Italiana Caterina Clerici formou uma dupla com a repórter francesa Diane Jeantet para investigar os empreendimentos bilionários que foram feitos na Zona Portuária do Rio de Janeiro em preparação para as Olimpíadas.

A jornalista italiana Caterina Clerici trabalha na varanda da Casa Pública
A jornalista italiana Caterina Clerici trabalhando na varanda da Casa Pública

“Eu nunca tinha pensado em fazer uma residência antes. Eu geralmente penso em residências como um conceito que sempre deu muito certo para artistas mas que nunca esteve à disposição dos jornalistas”, Clerici explica.

Ela acredita que o modelo funciona muito bem para aquele repórter que cai de paraquedas em uma nova realidade e precisa realizar uma matéria em tempo recorde. “Aqui você tem todo o apoio para fazer jornalismo em um pais estrangeiro em um ambiente onde você se sente confortável e com uma abordagem que é muito mais consciente da realidade social do pais.”

O apoio proporcionado pela Casa Pública vai muito além de uma simples hospedagem. A casa oferece uma rede de colaboradores, fontes e eventos que ajudam na elaboração das pautas.

Ao longo das últimas duas semanas, parceiros da Agência Pública realizaram eventos voltados para jornalistas e ligados à Olimpíada dentro da Casa Pública. Uma conferência de imprensa que reuniu representantes do grupo Black Lives Matter dos Estados Unidos com ativistas que lutam pelo fim da violência policial no Brasil estava entre os maiores destaques da programação.

Representantes do grupo Black Lives Matter marcam encontro na Casa Pública com ativistas brasileiros que lutam contra violência policial
Ativistas que lutam contra violência policial marcam um encontro com representantes do grupo Black Lives Matter na Casa Pública

A Casa Pública também foi palco de dois lançamentos. No dia 25 de agosto, a ONG Justiça Global lançou o guia “Violações de Direitos na Cidade Olímpica” que oferece 25 possibilidades de pautas para jornalistas estrangeiros irem além da cobertura dos jogos.

Três dias depois a Artigo 19, que luta pelo direito à informação, apresentou na Casa Pública a pesquisa “Águas turvas, informações opacas: uma análise sobre a transparência dos programas de despoluição da Baía de Guanabara”.

Os eventos, segundo a bolsista equatoriana Desirée Yépez, ajudaram a conhecer melhor a realidade brasileira. Yépez, jornalista da publicação Plan V, recebeu a bolsa para escrever sobre a comunidade LGBT no Brasil.

“No meu caso os eventos não tinham a ver diretamente com o tema da minha reportagem. Mas a possibilidade de me aproximar, não só de instituições e organizações que trabalham com direitos humanos, mas com os próprios brasileiros que sentem isso na pele, foi vital para mim”, diz Yépez.

Para ela, o convívio com jornalistas de outras nacionalidades ajudou também a criar paralelos entre os diferentes países participantes do programa de residências.

“Eu aprendi que o que acontece aqui no Brasil não é uma reflexão apenas da desigualdade que existe em uma só sociedade, mas sim, de uma desigualdade que se expande por um continente inteiro. Vejo agora que o que acontece no Brasil, não é tão distante do que acontece no Equador.”

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