Buscar
Agência de jornalismo investigativo
Checagem

Cabo Daciolo erra número de carceragens e superlotação

Candidato disse que há 36.765 unidades prisionais em delegacias, mas dado corresponde ao número de presos nesses lugares; taxa de lotação de 197,4% é de todo o sistema

Checagem
4 de setembro de 2018
18:00
Este artigo tem mais de 6 ano
Cabo Daciolo (Patriota), em discurso na Câmara dos Deputados: plano de governo confunde dados sobre carceragens
Cabo Daciolo (Patriota), em discurso na Câmara dos Deputados: plano de governo confunde dados sobre carceragens

“As carceragens de delegacias são 36.765 unidades e a taxa de ocupação é de 197,4%, o que reflete um quadro de hiperlotação nas unidades carcerárias do país.” – Cabo Daciolo (Patriota), no plano de governo ‘Plano de nação para a colônia brasileira’ registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Falso

No trecho de seu plano de governo que aborda segurança pública, o candidato à Presidência pelo Patriota, Cabo Daciolo, criticou o déficit penitenciário. O deputado federal afirmou no documento que há 36.765 carceragens de delegacias e que a taxa de ocupação delas é de 197,4%. O número apontado, no entanto, corresponde ao total de pessoas detidas nesse tipo de estabelecimento prisional em todo Brasil e não à quantidade de carceragens. Além disso, a taxa de ocupação de 197,4% é relativa a todas as unidades prisionais do país, e não apenas às carceragens. O Truco – projeto de checagem de fatos da Agência Pública, que analisa o que dizem os candidatos a presidente e a governador em sete estados – classificou a afirmação como falsa.

Procurada, a assessoria de imprensa do candidato não respondeu qual foi a fonte do dado utilizado. De acordo com a última edição do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), publicada em 2017, existiam 36.765 pessoas custodiadas em carceragens de delegacias ou outros espaços de custódia administrados pelas Secretarias de Segurança Pública em junho de 2016. O número representa apenas 5% do total de 726.712 presos no país.

A maioria deles está em em estabelecimentos administrados pelas Secretarias Estaduais de Administração Prisional e Justiça, o sistema penitenciário estadual. Juntos eles abrigam 689.510 pessoas, ou seja, 94% do total de presos do país. Há ainda 437 pessoas que se encontram nas unidades do Sistema Penitenciário Federal, administradas pelo Departamento Penitenciário Federal.

Em relação à superlotação das unidades, o mesmo documento mostra que o valor indicado pelo candidato como taxa de ocupação das carceragens de delegacias é, na verdade, a média de ocupação para todas as unidades. O relatório mostra que, em 2016, a taxa de ocupação era de 197,4% em todo o Brasil. O índice corresponde à razão entre o número total de pessoas privadas de liberdade e a quantidade de vagas existentes no sistema prisional.

Procurado, o Ministério da Segurança Pública afirma que não há dados de superlotação específicos para cada tipo de unidade prisional nem o número de carceragens de delegacias que existem no país no Infopen, apenas o montante de presos que estão abrigados nesses locais.

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Se você chegou até aqui é porque realmente valoriza nosso jornalismo. Conheça e apoie o Programa dos Aliados, onde se reúnem os leitores mais fiéis da Pública, fundamentais para a gente continuar existindo e fazendo o jornalismo valente que você conhece. Se preferir, envie um pix de qualquer valor para contato@apublica.org.

Truco

Este texto foi produzido pelo Truco, o projeto de fact-checking da Agência Pública. Entenda a nossa metodologia de checagem e conheça os selos de classificação adotados em https://apublica.org/truco. Sugestões, críticas e observações sobre esta checagem podem ser enviadas para o e-mail truco@apublica.org e por WhatsApp ou Telegram: (11) 99816-3949. Acompanhe também no Twitter e no Facebook. Desde o dia 30 de julho de 2018, os selos “Distorcido” e “Contraditório” deixaram de ser usados no Truco. Além disso, adotamos um novo selo, “Subestimado”. Saiba mais sobre a mudança.

Leia também

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Metade da população não tem acesso a coleta de esgoto

Por

João Goulart Filho acertou dado em plano de governo; 99 milhões de pessoas utilizavam medidas alternativas para despejar dejetos em 2016

O candidato do Partido Novo, João Amoêdo, em entrevista da EBC: político acredita que falta livre mercado no país

Mais de 20% dos brasileiros dependem do Bolsa Família

Por

João Amoêdo criticou o volume de beneficiados pelo programa, criado para ajudar pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza

Notas mais recentes

Brasil Paralelo gastou R$ 300 mil em anúncios contra Maria da Penha


Kids pretos, 8/1 e mais: MPM não está investigando crimes militares em tentativas de golpe


Investigação interna da PM do Maranhão sobre falsos taxistas estaria parada desde julho


Semana tem reta final do ano no Congresso, Lula de volta a Brasília e orçamento 2025


Ministra defende regulação das redes após aumento de vídeos na “machosfera” do YouTube


Leia também

Metade da população não tem acesso a coleta de esgoto


Mais de 20% dos brasileiros dependem do Bolsa Família


Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes