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Trump, o candidato que nunca perde na América Latina

Sócios que quebram, empresas que figuram nos Panamá Papers, amizade com o presidente agentino: conheça os negócios do presidenciável republicano no continente

Reportagem
8 de agosto de 2016
13:30
Este artigo tem mais de 8 ano

(Reportagem especial em parceria com o site Chequeado, da Argentina. Reportagem adicional de Ariel Riera)

A Torre Trump do Panamá tem formato de vela. Rodeada por edifícios na radiante Punta Pacífica, na capital do país, simula o efeito de navegar sobre o oceano. Taxistas, vizinhos e homens de negócio a conhecem como El Trom, a Torre Trom, o Hotel Trom. Essa vela de 70 andares, 284 metros de altura e 250 mil metros quadrados se encontra em disputa.

Em julho de 2015, os proprietários dos apartamentos demitiram a empresa de Donald Trump, presidenciável republicano para a eleição deste ano nos Estados Unidos, da administração do consórcio da torre em que funcionam, além de residências, o Hotel Trump – ainda controlado pelas organizações Trump – , o cassino Sun International e outros empreendimentos menores.

Os proprietários do edifício, representados por um grupo de diretores, justificaram sua decisão pelos supostos erros da administração Trump: pagar bônus sem permissão, colocar gastos do hotel como despesas do edifício, se exceder em gastos do orçamento e ocultar informações do consórcio.

(Foto: Flickr/Gage Skidmore)
O candidato à presidência norte-americana, Donald Trump, tem investimentos no Uruguai, Panamá, Brasil e Argentina (Foto: Flickr/Gage Skidmore)

Em novembro de 2015, Donald Trump apresentou à Organização Mundial do Comércio (OMC), uma ação de US$ 75 milhões contra os proprietários do edifício panamenho, já que considera injustas a demissão do administrador e a perda de controle da gestão. As duas partes agora precisam conviver e compartilhar os espaços comuns: as cinco piscinas com vista para o mar, o ginásio, os restaurantes, os 37 elevadores, o hall central, as lojas.

A crise no Panamá chegou ao noticiário e teve impacto na campanha presidencial dos Estados Unidos. Um dos argumentos do candidato republicano tem sido que sua condição de “criador de negócios em nível global” – segundo ele, 85% dos seus empreendimentos estão fora dos EUA – ajudaria no desenho da política exterior americana. Em um artigo sobre os empreendimentos conflitantes de Trump, a Bloomberg assinalou que, no Canadá e na Turquia, seus sócios comerciais querem tirá-lo do comando e, na Escócia e na Irlanda, seus negócios dão prejuízo, ainda que ele diga o contrário.

Na semana passada, às vésperas da Olimpíada, foi inaugurado um Hotel Trump no Rio de Janeiro, onde ele planeja ainda construir cinco torres para escritórios que valerão US$ 1,8 bilhão (leia a reportagem completa). Em Punta del Este, o edifício residencial está em plena construção, e esses mesmos investidores pretendem erguer a partrir de 2017 uma torre de escritórios em Buenos Aires que marcará o ingresso oficial da marca Trump na Argentina.

Em todos os casos, os desenvolvedores locais pagam para usar a marca de Trump. A corporação recebe um pagamento inicial e comissões de vendas (que vão de 5% a 13%), administra os hotéis e fiscaliza para que se cumpram todos os procedimentos de construção. Trump procura o respaldo dos governos locais mediante declarações públicas e benefícios fiscais ou isenções. No caso de Punta del Este, conseguiu alguns metros a mais de altura para a construção do heliporto do edifício. No hotel do Rio, conseguiu benefícios associados aos Jogos Olímpicos 2016 

 

O Império Trump nos Panama Papers

Para esta investigação foram consultados os Panamá Papers, documentos municipais de Punta del Este e registros de tribunais no Rio de Janeiro e Panamá. Foram visitados os três empreendimentos Trump e entrevistadas mais de 30 pessoas entre corretores, arquitetos, desenvolvedores, funcionários públicos e judiciais, além de empregados de Trump.

A investigação descobriu que a corporação Trump aparece ligada a 32 empresas offshore, entre elas o Trump Ocean Club do Panamá (como se chama também a torre que inclui o edifício, o hotel e o cassino). A revelação está nos Panamá Papers, uma base de dados administrada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) com milhões de e-mails, imagens e documentos em formatos diversos que estavam em posse do escritório jurídico Mossack Fonseca, entre 1977 e 2015.

A lista traz milhares de empresas de fachada, fundações e fundos criados em 21 paraísos fiscais ao redor do mundo. Quando o escândalo veio à tona, cerca de 11 milhões de documentos confidenciais foram vazados, revelando a forma como algumas das pessoas mais ricas e poderosas do mundo – incluindo diversos chefes de Estado – usam paraísos fiscais. A posse de contas offshore em si não é ilegal, desde que declarada ao Fisco. Mas o sistema muitas vezes serve para ocultar fortunas, evadir impostos ou lavar dinheiro obtido por meio de corrupção.

As informações exclusivas deste texto revelam que o império Trump tem ligação com 32 empresas offshore, entre elas o Trump Ocean Club do Panamá, empreendimento que incluí edifício, hotel e cassino. No caso brasileiro, um dos cogestores e investidores das Trump Towers Rio, o grupo Salamanca, aparece em várias sociedades nas Ilhas Virgens. Além disso, o próprio Donald Trump aparece nos Panamá Papers: mencionado 3.540 vezes, somente uma pequena parte corresponde a suas 32 empresas offshore, já que vendeu a marca a um número considerável de investidores.

Trom, você está demitido

A Torre Trump do Panamá foi o primeiro investimento de Trump na América Latina. A ideia surgiu em 2003 durante o concurso Miss Universo (uma das franquias do chamado “império Trump”). Segundo a revista Forbes, a empresa responsável, Newland International Properties, fez um pagamento inicial de US$ 1,2 milhão e logo depois cobriu diferentes porcentagens pela venda de apartamentos, royalties e aluguéis de espaços comerciais.

Em 2013, a Newland International Properties, majoritariamente composta por acionistas colombianos, declarou falência para negociar sua dívida. Ainda que a falência tenha afetado os montantes de Trump, de acordo com documentos judiciais aos quais o Chequeado teve acesso, o pagamento para Trump se manteve entre US$ 32 milhões e US$ 55 milhões. Os passivos da Newland, em março de 2016, eram de US$ 147 milhões, uma pequena mehora frebte aos US$ 150,5 milhões em dezembro de 2015, segundo o último relatório financeiro apresentado pela empresa em março passado e disponível no site da Bolsa de Valores do Panamá.

A empresa está de saída da cidade: seu telefone não responde chamadas, no site oficial da Bolsa a empresa aparece com 0 funcionário e seus advogados se negaram a dar entrevista à reportagem. A organização Trump ficou em melhor posição. Somente entre janeiro de 2014 e julho de 2015, informou que recebeu US$ 5 milhões de royalties e US$ 896 mil por “pagamentos de administração” do empreendimento.

Esses números mostram que na América Latina, mesmo quando os empreendedores locais perdem dinheiro, Trump sempre ganha – porque não investe um centavo. Os membros da empresa argumentam que arriscam o seu prestígio.

Em julho de 2011, Trump viajou para a cidade do Panamá para inaugurar o que era então o edifício mais alto da América Latina (a Torre Mayor, de Santiago do Chile, 16 metros mais perto do céu, tomou esse lugar em 2014). Meses antes de o avião de Trump aterrissar no aeroporto internacional de Tocumen, naquela cidade, a Câmara Municipal o declarou persona non grata por ter dito, em março daquele ano, que os Estados Unidos haviam cedido “estupidamente” o canal ao Panamá “a troco de nada”, em referência ao tratado de 1977 assinado entre o presidente norte-americano Jimmy Carter e o seu par Omar Torrijos, para a entrega do canal em 1999.

Na inauguração da torre, o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, deu as boas-vindas: “Quero agradecer a Donald Trump por vir ao Panamá, investir no Panamá, e por [fazer] um dos edifícios mais importantes e mais bonitos”. Eric Trump, filho do candidato à presidência, nesse mesmo evento, deu uma pista sobre o futuro que projetava: “O luxo deste edifício é o que nos permitirá entrar no mercado latino-americano”.

“Fui uma das pessoas a quem o senhor Trom deu a mão”, diz Érica Moreno, diretora de Vendas e Marketing, em seu escritório no Hotel Trump, dias antes de celebrar os cinco anos de inauguração. Na narrativa de Trump, se trata de um empreendimento de que toda a família do candidato participou, com uma clara divisão do trabalho. “O senhor Trom é o que guia. Eric é o que está tomando conta deste projeto. Ivanka [a filha mais velha] desenhou os uniformes dos associados”.

– Associados?, pergunta a reportagem.

– Sim, no Trom chamamos de associados os empregados porque trabalhamos em equipe e temos um lema que muita gente conhece: “Nunca se conformar”.

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Torre Trump do Panamá foi o primeiro investimento de Donald Trump na América Latina (Foto: Divulgação)

Em um encontro de gerentes, em maio deste ano, em Manhattan, Érica se reencontrou com o senhor Trump. “Eu estou na minha campanha, vocês vendam apartamentos, nos disse ele, porque adora essas piadas”, lembra. O objetivo que a diretora de vendas e marketing fixou para 2016 é uma ocupação de 65% a 70% (a melhor parte da temporada vai de dezembro a maio).

No ano do lançamento do hotel, a organização Trump esperava poder cobrar uma média de US$ 350 por acomodação. Em 2016, cobra a metade. Por essa razão, a empresa planeja lançar hotéis quatro-estrelas no Caribe que não terão o selo Trump.

No começo, as propriedades da torre foram oferecidas a US$ 5 mil por metro quadrado, mas baixaram para US$ 3.000 ou US$ 2.500 nos andares médios, segundo contam os corretores responsáveis por oferecê-las (depois de venderem 98%, já estão no processo de revenda).

Um deles, Pedro Sánchez, sustenta que os compradores “fazem bons investimentos, não importa para eles o que Trump diga ou deixe de dizer na campanha [presidencial americana]”. Seu escritório na Torre Trump fica em uma galeria longa e circular junto a comércios de sucos, supermercados, outras imobiliárias, um bar, um spa e um serviço de correio que anuncia envio de cartas para a Venezuela.

Na etapa inicial, colombianos e venezuelanos encabeçaram a lista dos compradores de apartamentos. Por cada frase de Hugo Chávez – diziam os corretores –, se levantava um condomínio no Panamá. O boom imobiliário da cidade, em sua aspiração de se converter em uma pequena Dubai, acabou sendo passageiro, mas a deixou em uma situação supostamente vitoriosa: entre os dez edifícios mais altos da América Latina de 2016, sete se encontram ali.

O cassino custou US$ 105 milhões. Inaugurado en setembro de 2014, ocupa dois pisos no nível do mar e uma parte do piso 65. Sánchez, o corretor que vende residencias Trump, apela à tese da grande família: “O cassino ajuda a vender as propiedades porque traz um fluxo ao edifício e alguns jogadores compram propiedades”.

A experiência da Torre Trump é de alturas. No 65o andar, uma pequena piscina com um bar de coquetéis fica suspensa sobre o abismo. Na primeira sexta de julho de 2016, um DJ não comovia os seis clientes que pagavam US$ 7 dólares por uma garrafa pequena de Balboa, a cerveja local. Depois de duas noites consecutivas escutando conversas sobre vidas pessoais no andar 65o, a repórteagem perguntou a um rapaz que estava no bar sobre Trump. Ele respondeu sobre o tamanho do edifício.

Nas cinco piscinas do quinto andar, duas pretendem ser como balcões para o Pacífico, como se o oceano continuasse. Entre as garçonetes de uniformes azuis – desenhados por Ivanka Trump – com toalhas da mesma cor, se pode conseguir uma das leituras providas pelo Trump Ocean Club: o Digest, uma seleção de notas do The New York Times. Em 30 de junho, na segunda página havia uma nota negativa sobre o candidato republicano: “No Instituto Trump, esquemas de como se tornar rico com ideias de outros”.

A terceira experiência em altura da torre panamenha é o elevador envidraçado que sobe do lobby do 13º andar até o apartamento do hóspede. O elevador mais original do edifício não tem vista: se resume a transportar animais domésticos que não podem pesar mais de 100 quilos.

O hotel dá produtos gratuitos, como como fio dental e água Trump. O merchandising de Trump no Panamá é uma repetição, em escala menor, da múltipla oferta de produtos nos hotéis do republicano nos Estados Unidos. No Doral Miami, se pode provar uma taça de Trump Chardonnay a US$ 25, ou o perfume Empire by Trump por US$ 62. Em Las Vegas, os cofres de porquinhos de Trump custam US$ 10. Seu hotel panamenho oferece produtos sem custo, como linha e agulha Trump, por US$ 10.

Os preços dos quartos variam. Em Nova York, a noite custa US$ 563; em Chicago, US$ 420; e em Las Vegas se pode conseguir por US$ 165, preço similar ao da cidade do Panamá. Em um dos canais de televisão, Trump propagandeia seu hotel em Washington, DC, que promete inaugurar antes da eleição presidencial. Na tela, o candidato diz:

– A coisa que faço melhor é construir. Melhor que o [programa de TV] O Aprendiz. Melhor que política.

No Uruguai

Enquanto 145 operários levantam a torre Trump de Punta del Este, no showroom construido na sua entrada, a 100 metros do Atlântico, os potenciales compradores escutam à possibilidade de uma entrada “mágica” ao solo uruguaio. No heliponto do edificio, um oficial da Algândega e outro da Imigração darão boas-vindas ao país se o propietário vier de helicóptero desde Buenos Aires, prometem. Os funcionários do governo estarão a 70 metros de altura sobre os três andares de coberturas que vão coroar o edifício de 157 apartamentos.

Como boa parte dos empreendedores que constroem em Punta del Este, os desenvolvedores da Torre Trump pediram várias isenções fiscais à prefeitura de Maldonado, segundo profissionais imobiliários e sócios que participaram do empreendimento. A prefeitura autorizou apenas limites maiores de altura e tamanho para a cobertura, onde será construído o heliponto. O chamado “retorno de obra” que devem pagar por essa isenção – equivalente ao Certificado do Potencial Adicional de Construção no Brasil – é de US$ 3 milhões, revelou Soledad Laguarda, diretora-geral de Urbanismo da prefeitura de Maldonado.

Em uma entrevista ao jornal uruguaio La Nación em dezembro de 2012, Donald Trump falou sobre o projeto. “Vou ao Uruguai ou a qualquer outro lugar para comprar terrenos, preciso da aprovação do governo e me concedem, porque me conhecem, sabem que faço um grande trabalho e lindos edifícios”.

Como nos casos do Rio de Janeiro e do Panamá, os Trump buscam fazer contato com o poder político local. Em janeiro deste ano, os empreendedores organizaram uma reunião de Eric Trump, o filho responsável pelos negócios da família na América Latina, com o prefeito de Maldonado, Enrique Antía.

Em uma das suas visitas, Eric deu um discurso motivacional aos corretores imobiliários que venderiam os apartamentos nos jardins do hotel L’Auberge. Um dos presentes, Andrés Jafif, dono de uma imobiliária familiar com 60 anos de mercado, guarda em seu iPhone as fotos com Eric e Ivanka, tiradas em 3 de janeiro de 2014 e em 14 de janeiro de 2013. De manhã, Jafif é o prefeito de Punta del Este e, de tarde, empresário do mercado de imóveis. Não vê conflito de interesses: o salário público não é suficiente para o seu sustento, defende.

“Eles vieram para nos motivar, mas nós, os corretores imobiliários, não precisamos dessa motivação: é impossível explicar a você a vontade que temos de vender”. Vendeu ao menos um Trump.

A Torre Trump é uma obra importante para Punta del Este. Em 2015, a prefeitura permitiu a construção de 380 mil metros quadrados, e a torre contará com 52 mil metros quadrados.

Os desenvolvedores no Uruguai são um grupo de 30 investidores argentinos representados por Felipe Yaryura, advogado de formação e dedicado à parte financeira do projeto, e o arquiteto Moisés Yellati. Chegaram à Organização Trump por meio de um intermediário. O primeiro passo foi uma carta de intenção; o segundo, um pagamento inicial de cerca de US$ 1 milhão. Em seguida, foi fixado o percentual que receberá a organização: neste caso, 5% ou 6% do total de vendas, segundo diferentes fontes.

A Organização Trump não investe nada no empreendimento. Mas enviou manuais com todos os requerimentos para que se possa utilizar a marca: desde as medidas dos apartamentos até as exigências feitas aos empregados – devem saber de memória, por exemplo, os nomes dos 157 proprietários. Se não se respeitam essas condições, os empreendedores perdem a licença.

Donald Trump fez ainda sugestões sobre as áreas comuns, conta Yaryura. Além do heliponto, haverá uma piscina de 800 metros quadrados, uma adega individual para cada proprietário, um supermercado apenas paras os moradores, um setor indoor para a prática do golfe, uma quadra de tênis coberta, desenhada pelo ex-tenista argentino Martín Jaite, um salão para fumar charutos e churrasqueiras.

Os clientes – na sua grande maioria argentinos – perguntam sobre o candidato republicano: se é verdade que um dos apartamentos será para ele e se algum dia ele irá para o litoral do Uruguai, conta Verónica Collazo, responsável pelo showroom. A venda é lenta: em janeiro, foram vendidas três unidades; em março, 4; em abril, maio e julho, uma por mês. Em julho não se vendeu nenhuma. A empresa diz que já vendeu 50% do total.

Em Punta del Este se pode ver a figura de Donald Trump em dois lugares estratégicos: no aeroporto e no edifício localizado na parada 9 e meia. Ali, os cartazes têm fotos do candidato à presidência norte-americana vestindo gravata laranja. E uma legenda: “ultra exclusive residences”. As letras de três metros de altura que formam a palavra Trump – cuja medida também foi negociada com a sede do império Trump em Nova York – foram instaladas no sexto andar da torre em construção.

Próxima parada: a Argentina de Macri

Os sócios argentinos esperam autorização da prefeitura de Buenos Aires para começar a construção de uma torre ali, a partir de 2017. Os investidores, representados por Felipe Yaryura e Moisés Yellati, têm a exclusividade do uso da marca Trump no Rio da Prata. Otimistas, eles esperam que a torre seja uma contribuição para uma mudança de época: escritórios para investidores que chegarão à Argentina.

O atual presidente, Mauricio Macri, conheceu Donald Trump qando tinha 24 anos, quando seu pai Franco, um dos empresários mais poderosos da Argentina, tentava entrar no negócio inmobiliário em Manhattan. Não funcionou, mas o presidente argentino e Trump inventaram uma amizade em que alternam projetos comerciais e a prática de golf. Diz Macri que deixava o amigo ganhar.

Depois do famoso sequestro de Macri, que aconteceu em agosto de 1991, Trump visitou várias vezes Mauricio Macri em Buenos Aires. Em uma entrevista ao jornal La Nación em 2012, aproveitou para mandar uma saudação ao então chefe de governo de Buenos Aires. Seu filho, Eric Trump, celebrou publicamente a vitória eleitoral do argentino. “Donald tem muito carinho por Maurício”, conta Yaryura, um, dos argentinos com quem o candidato republicano mais convive.

Chequeado é uma organização dedicada à verificação do discurso que busca melhorar a qualidade do debate público na Argentina. Essa reportagem faz parte do projeto “Investigação e dados: Chequeado sem amarras”, que inclui mais de 12 reportagens a serem publicadas até o final de 2016 no site especial “Chequeado Investigación”, e que tiveram o apoio da Open Society Foundations (OSF). Essa reportagem transnacional teve a participação de Martin Svak, do Panamá, Ariel Riera, de Buenos Aires, Thiago Domenici, do Rio de Janeiro e Sandra Crucianelli com os Panama Papers.

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