Buscar
Agência de jornalismo investigativo
Checagem

Haddad exagera período em que governos do PT geraram superávit fiscal

Partido conseguiu resultado positivo durante 11 anos, mas depois foi responsável por dois anos de déficits

Checagem
27 de setembro de 2018
12:33
Este artigo tem mais de 6 ano
Fernando Haddad (PT) participa de evento da Unecs, em agosto: anos finais do governo Dilma registraram déficit
Fernando Haddad (PT) participa de evento da Unecs, em agosto: anos finais do governo Dilma registraram déficit

“Nunca tivemos essa regra [teto de gastos] e passamos 12 anos gerando superávit.” – Fernando Haddad (PT), em entrevista à revista Carta Capital.

Ao criticar a lei do teto de gastos, aprovada durante o governo de Michel Temer (MDB), o candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) disse que as gestões do seu partido passaram 12 anos gerando superávit. O Truco – projeto de checagem de fatos da Agência Pública – analisou a veracidade da afirmação e concluiu que é exagerada.

O PT governou o país de 1º de janeiro de 2003 até 12 de maio de 2016, quando Dilma Rousseff foi afastada da Presidência por conta do processo de impeachment, finalizado apenas em 31 de agosto de 2016. Desconsiderado o ano de 2016, o partido ocupou a Presidência ao longo de 13 anos. O resultado fiscal do país, no entanto, não foi positivo em todo esse período. Em 2014 e 2015, últimos anos do governo Dilma, o Brasil não teve superávit, mas déficit.

O resultado primário do Governo Central, medido pelo Tesouro Nacional, reúne os resultados do Tesouro Nacional, da Previdência Social e do Banco Central. A série histórica tem início em 1997. Quando o resultado é positivo, ou seja, quando as despesas do governo são inferiores à arrecadação, há superávit. Quando o resultado é negativo, há déficit.

De 1998 a 2013 o Brasil registrou superávits primários que corresponderam a pelo menos 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Essa tendência se inverteu a partir de 2014. Desde aquele ano, o país registra déficits de, em média, 1,65% do PIB.

Limite de gastos

A fixação de um teto para os gastos públicos, que foi defendida pelo governo Temer com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 na Câmara e, mais tarde, sob o número 55 no Senado, tem sido adotada ao redor do mundo desde meados dos anos 1990. De acordo com a regra brasileira, aprovada em dezembro de 2016, despesas e investimentos públicos ficam limitados aos mesmos valores gastos no ano anterior, corrigidos pela inflação.

Antes da aprovação desse teto de gastos o Brasil já teve outras leis que limitavam os gastos governamentais em áreas como a Previdência Social pelo menos desde o primeiro mandato do governo Lula. No entanto, nenhum dos projetos anteriores abarcava todos os setores da economia como determina a lei aprovada no governo Temer. Propostas mais abrangentes de controle de gastos públicos, como a feita por Antônio Palocci em 2005, quando era Ministro da Fazenda, ou por Nelson Barbosa, no início de 2016, não tiveram apoio durante os governos do PT e acabaram engavetadas.

A assessoria de imprensa de Haddad foi comunicada sobre o selo, mas não respondeu no prazo estabelecido.

Divulgação/Portal Abras

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Se você chegou até aqui é porque realmente valoriza nosso jornalismo. Conheça e apoie o Programa dos Aliados, onde se reúnem os leitores mais fiéis da Pública, fundamentais para a gente continuar existindo e fazendo o jornalismo valente que você conhece. Se preferir, envie um pix de qualquer valor para contato@apublica.org.

Quer entender melhor? A Pública te ajuda.

Truco

Este texto foi produzido pelo Truco, o projeto de fact-checking da Agência Pública. Entenda a nossa metodologia de checagem e conheça os selos de classificação adotados em https://apublica.org/truco. Sugestões, críticas e observações sobre esta checagem podem ser enviadas para o e-mail truco@apublica.org e por WhatsApp ou Telegram: (11) 99816-3949. Acompanhe também no Twitter e no Facebook. Desde o dia 30 de julho de 2018, os selos “Distorcido” e “Contraditório” deixaram de ser usados no Truco. Além disso, adotamos um novo selo, “Subestimado”. Saiba mais sobre a mudança.

Leia também

Álvaro Dias, do Podemos, em entrevista à EBC: vigilância da fronteira foi um dos temas abordados pelo candidato

Sistema do Exército monitora só 3,89% da fronteira seca

Por

Álvaro Dias, do Podemos, criticou a cobertura do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras, mas área é ainda menor do que a citada pelo candidato

Policiais militares do Distrito Federal: todas as unidades da Federação tiveram aumento de efetivo nos últimos 10 anos

Meirelles erra ao dizer que estados não contratam policiais há mais de 10 anos

Por

Dados do Ministério da Segurança Pública mostram que todas as unidades da Federação tiveram aumento no efetivo policial entre 2011 e 2016

Notas mais recentes

Do G20 à COP29: Líderes admitem trilhões para clima, mas silenciam sobre fósseis


COP29: Reta final tem impasse de US$ 1 trilhão, espera pelo G20 e Brasil como facilitador


Semana tem depoimento de ex-ajudante de Bolsonaro, caso Marielle e novas regras de emendas


Queda no desmatamento da Amazônia evitou internações por doenças respiratórias, diz estudo


Dirigente da Caixa Asset deixa sociedade com ex-assessor de Lira após reportagem


Leia também

Sistema do Exército monitora só 3,89% da fronteira seca


Meirelles erra ao dizer que estados não contratam policiais há mais de 10 anos


Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes