Buscar
Nota

Base do governo na CPMI do Golpe evita convocar Alto Comando do Exército sob Bolsonaro

21 de agosto de 2023
17:55

Até o momento, a ala governista da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de Janeiro evitou convocar os generais do Alto Comando do Exército durante a crise golpista e a invasão aos Três Poderes para prestarem depoimento. A Agência Pública apurou que o único pedido de convocação do Alto Comando à época dos fatos veio da base bolsonarista, pelo deputado federal Filipe Barros (PL-PR) – mas que tem se declarado como “independente” na CPMI. O pedido de Barros acabou invalidado pela presidência da comissão porque convocava toda a cúpula militar, enquanto as normas da CPMI definem que, “como regra, não serão aceitos requerimentos com múltiplos convocados”.

A possível convocação de ex-membros do Alto Comando voltou à pauta após o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto à comissão na última quinta (17). O hacker jogou dois ex-comandantes do Exército no coração da trama golpista: o ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira e o então comandante militar durante a crise, general Marco Antônio Freire Gomes. Ambos teriam lidado com Delgatti sobre tentativas de desacreditar as urnas eletrônicas. Freire Gomes também foi associado a supostos planos golpistas encontrados no celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.

Após o depoimento do hacker, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pediu a quebra do “sigilo telefônico e telemático de Marco Antônio Freire Gomes no período de 2022 até o presente”, sem convocá-lo. A Pública perguntou ao gabinete da senadora se ela pretende convocar generais do Alto Comando para depor, mas sua equipe restringiu-se a divulgar requerimentos de informações e convocações de outros militares. Mais uma vez, coube a um membro de fora da base governista o pedido de depoimento – no caso do general Freire Gomes, feito pela senadora Soraya Thronicke (União-MS). Ambos os requerimentos ainda não foram analisados pelos membros da CPMI.

Em tempo: no mesmo dia do depoimento de Delgatti, o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), foi convidado para tomar um café da manhã com a atual cúpula militar na próxima quarta (23), no Quartel-General do Exército em Brasília. Revelado pelo SBT News e confirmado pela Pública, o convite teria sido feito por assessores militares designados para fazer a interlocução com o Congresso.

Edição:

Não é todo mundo que chega até aqui não! Você faz parte do grupo mais fiel da Pública, que costuma vir com a gente até a última palavra do texto. Mas sabia que menos de 1% de nossos leitores apoiam nosso trabalho financeiramente? Estes são Aliados da Pública, que são muito bem recompensados pela ajuda que eles dão. São descontos em livros, streaming de graça, participação nas nossas newsletters e contato direto com a redação em troca de um apoio que custa menos de R$ 1 por dia.

Clica aqui pra saber mais!

Quer entender melhor? A Pública te ajuda.

Notas mais recentes

8/1: Bolsonaristas debatem dia do preso político e abrem espaço para suspeitos de crimes


Quilombolas marcham até o Congresso e cobram rapidez na titulação de terras


Médico antiaborto vai representar CFM em audiência sobre violência contra mulheres


Delegado que investigou ex-assessor de Arthur Lira vira alvo da PF


Rio Grande do Sul: De culpados a cheia intencional, inundação é tema de 4,3 mi de mentiras


Faça parte

Saiba de tudo que investigamos

Fique por dentro

Receba conteúdos exclusivos da Pública de graça no seu email.

Artigos mais recentes